Covid-19 seria apenas um ensaio para a grande pandemia que ainda está por vir?
Autor: Nayara Rosolen - Estagiária de JornalismoA pandemia causada pelo novo coronavírus afeta não só os setores econômico e de saúde, mas também impacta em todos os aspectos o espaço geográfico, mudando a dinâmica das relações, consequentemente diminuindo o fluxo de circulação que a globalização vem possibilitando nas últimas décadas. Este foi um dos debates da Semana de Geografia, que em razão da pandemia foi realizada via internet entre 25 e 29.jun.2020.
O professor Alceli Ribeiro Alves, doutor em Geografia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e que atua nos cursos de pós-graduação da Uninter, traz análises e faz algumas reflexões a partir deste olhar científico, em como a dimensão espacial está presente nesse fenômeno e como pode ser discutido. Ele apresenta vários conceitos que não eram muito debatidos e que vieram à tona, como o surto, a epidemia, a pandemia e a endemia.
Alves demonstra em gráficos os dados sobre a concentração e dispersão espacial do vírus, divulgados pelo Centro de Ciência e Engenharia de Sistemas (CSSE) da Johns Hopkins University (JHU). Referenciando o ecólogo David Lapola, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), ele apresenta uma teoria de que o Brasil seria a origem da próxima pandemia, em consequência da relação da sociedade com a natureza, devido a forma com que a Amazônia vem sendo tratada nos últimos anos, com as queimadas e derrubadas.
“Dependendo da maneira com que nós nos relacionamos com a natureza, essa natureza vai responder de certa maneira e obviamente a sociedade vai obter respostas dessas manifestações”, explica.
O professor cita o médico matemático Eduardo Massad, da Universidade de São Paulo (USP), que diz que o coronavírus seria apenas um ensaio para a grande pandemia que ainda estaria por vir. Além de abordar a perspectiva do geógrafo Milton Santos sobre a globalização como fábrica de perversidades, possibilitando a disseminação por causa da facilidade de circulação espacial das pessoas. Causando assim o desemprego crônico, o aumento da pobreza e a queda de qualidade de vida das classes médias.
Alves pontua questões territoriais e geopolíticas, como o uso da tecnologia e as novas formas de guerra, reduzindo a violência e partindo mais para conflitos políticos, econômicos e tecnológicos.
“A ideia do poder da informação. Quanto mais informação você tem, mais você consegue ter condições de pensar a guerra. As tecnologias de informação da comunicação se tornam cada vez mais relevantes. Hoje no mercado de trabalho, um professor que precisa dar aula em tempos de pandemia, se ele não conseguir utilizar a tecnologia, começa a ficar um pouco limitado para se ocupar no mercado de trabalho. Isso é uma visão bem simples, mas mostra o quanto que a tecnologia cada vez mais faz parte de tudo na sociedade”, salienta.
O bate-papo foi mediado pelas professoras Larissa Warnavin, da área de Geografia, e Renata Garbossa, coordenadora das áreas de Geociências.
Autor: Nayara Rosolen - Estagiária de JornalismoEdição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Anna Shvets/Pexels