Conflito Israel-Irã: o impacto potencial no agronegócio brasileiro
Autor: Paula Cristiane Oliveira Braz (*)
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O Brasil, que é uma potência agrícola, tem visto seu agronegócio prosperar nas últimas décadas. Com vastas extensões de terra fértil e uma produção diversificada, que inclui soja, milho, algodão e outros produtos agrícolas, o país se tornou um dos principais atores no mercado global de commodities. No entanto, a estabilidade desse setor fundamental pode ser ameaçada por eventos geopolíticos fora de suas fronteiras.
O mundo está familiarizado com as tensões persistentes entre Israel e Irã, duas potências do Oriente Médio com diferenças ideológicas e interesses geopolíticos que frequentemente colidem. Enquanto os líderes mundiais acompanham de perto os desenvolvimentos nessa região volátil, os impactos potenciais desses conflitos distantes podem ser sentidos em locais inesperados, como o coração agrícola do Brasil.
Uma das maneiras pelas quais o conflito pode afetar o agronegócio brasileiro é através dos preços das commodities agrícolas. Se a tensão resultar em interrupções no fornecimento global desses produtos essenciais e os preços poderiam disparar. Embora isso possa beneficiar os produtores brasileiros, aumentando a demanda por seus produtos, também pode elevar os custos de produção, impactando a rentabilidade do setor.
Além disso, o Brasil depende do transporte marítimo para exportar seus produtos agrícolas. Qualquer perturbação na rota do transporte marítimo, especialmente no estratégico Golfo Pérsico, poderia resultar em atrasos nas entregas e aumentar os custos de transporte. Isso poderia prejudicar a competitividade do agronegócio brasileiro no mercado global.
Outro aspecto a considerar é o mercado de grãos e oleaginosas. O Brasil é um dos principais produtores e exportadores mundiais de produtos como soja, milho e algodão. A safra nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas deve ser de 298,3 milhões de toneladas em 2024, segundo a estimativa de março do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA). Qualquer instabilidade nos mercados internacionais de commodities agrícolas poderia afetar, significativamente, os preços desses produtos, repercutindo na economia agrícola brasileira e na renda dos produtores.
Além dos impactos econômicos diretos, a instabilidade geopolítica também pode afetar os investimentos estrangeiros no agronegócio brasileiro. O país atraiu investimentos significativos, devido ao seu potencial agrícola e às políticas favoráveis ao setor. No entanto, se a incerteza política se intensificar, isso pode minar a confiança dos investidores estrangeiros, impactando os fluxos de investimento e, por sua vez, o crescimento e desenvolvimento do agronegócio brasileiro.
Enquanto observamos os avanços no conflito Israel-Irã com preocupação, é crucial reconhecer os potenciais riscos e oportunidades que esses eventos representam para o agronegócio brasileiro. O Brasil, com sua agricultura robusta e seu papel vital no fornecimento global de alimentos, precisa se preparar para lidar com os desafios que podem surgir dessas crises geopolíticas.
Em última análise, devemos adotar uma abordagem proativa para mitigar os riscos e aproveitar as oportunidades que surgem do conflito Israel-Irã. Isso envolve fortalecer a resiliência do setor agrícola, diversificando mercados de exportação, investindo em infraestrutura de transporte e mantendo políticas agrícolas sólidas. Ao fazer isso, o Brasil pode continuar a prosperar como um líder global no agronegócio, mesmo em meio às turbulências geopolíticas que cercam o mundo.
*Paula Cristiane Oliveira Braz, Administradora, especialista em Agronegócios, tutora dos cursos de pós-graduação na área de Agronegócios do Centro Universitário Internacional UNINTER.
Autor: Paula Cristiane Oliveira Braz (*)Créditos do Fotógrafo: Larsz/Lars Plougmann