Concentrado plaquetário acelera regeneração e cicatrização com o sangue do próprio paciente

Autor: Valéria Alves - Assistente multimídia

O médico Joseph Choukroun desenvolveu em 2001 na França a Fibrina Rica em Plaquetas (PRF), que faz com que o processo de cicatrização e regeneração de tecidos em diferentes procedimentos cirúrgicos seja mais rápido. O PRF é utilizado para a realização de enxertos, onde uma região danificada precisa ser preenchida. Nesse caso, o sangue do paciente é coletado e minimamente manipulado, sendo colocado em tubos que não possuem qualquer tipo de aditivos.

Essa característica faz com que ele seja considerado fácil de ser obtido, trazendo ainda outros benefícios. Com ele, o enxerto é reconstituído com células da própria pessoa, e além do aceleramento, ele também minimiza o risco de contaminação/rejeição, a dor pós-operatória e ser combinado (ou não) com enxertos ósseos.

Por esse motivo, o PRF vem sendo utilizado por diferentes profissionais, principalmente na área da odontologia. Jacqueline Consone, que é habilitada em biomedicina estética, compartilhou um pouco de seu conhecimento e experiência sobre o assunto em uma live dividida em duas partes e transmitida pelo Instagram do curso de Biomedicina da Uninter (@uninterbiomedicina). A conversa foi mediada por Benisio Filho, doutor em Biotecnologia e coordenador do curso.

Jacqueline realiza a preparação do PRF em enxertos de cirurgias odontológicas com a finalidade de reparar e regenerar o tecido e, segundo ela, a cicatrização e recuperação mais rápida do paciente são visíveis de acordo com o relato dos mesmos. “Quando você faz uma cirurgia, é provável que no primeiro dia ou segundo ainda sangre um pouco, mas os pacientes relatam que não há mais esse sangramento. Quanto o paciente retorna em uma semana para retirar os pontos, você vê que já está bem cicatrizado e que não houve rejeição”, explica.

Para que seja mais fácil entender como o processo funciona, ela trouxe alguns exemplos aplicados à sua área. Um deles é de um paciente que não possui estrutura óssea e irá fazer uma cirurgia para um implante que será realizado depois. Nesse caso, o dentista irá enxertar o PRF, pedir para que ele volte para casa e retorne dentro de seis meses para que seja possível analisar se ele teve o ganho de ossos e já está apto para realizar o implante.

“A gente vê pelo exame de imagem o ganho pelo PRF. O paciente se submete muito menos, porque antigamente ele precisaria fazer ainda mais uma cirurgia para retirada de um tecido conjuntivo na gengiva, por exemplo, e era muito mais invasivo, pois em uma cirurgia ele tinha que fazer duas. Com o PRF, ficou melhor para o profissional e para o paciente também”, diz.

Na área odontológica, o enxerto com PRF é utilizado quando é preciso de mais altura ou volume. Outra situação que pode ilustrar melhor essa condição, é quando é necessário um tamanho adequado de osso para que um implante em uma cirurgia possa ser realizado. Então, o PRF é utilizado nesse caso.

Ainda de acordo com a biomédica, há casos de cirurgias mais simples de retirada do dente do siso, por exemplo, mas em que o siso é muito grande. Então, para que o osso não fique estreito ou desnivelado, você também realiza o procedimento. “O PRF é utilizado em cirurgia que é necessário enxerto, seja ela qual for. Para o ganho de osso, você o associa a um osso particulado industrial, formando um bloco. Os dentistas são os que mais usam”, explica.

Jacqueline também respondeu à algumas dúvidas durante a live, e uma entre elas é se esse concentrado funciona quando a perda óssea é antiga. Segundo sua explicação, se uma lesão é muito grande, somente o PRF não irá dar o volume esperado. Então, ossos industrializados são usados associados com ele, para que assim não aja rejeição.

Cuidados na produção e custo benefício

Há algumas coisas que podem prejudicar a produção do PRF, como a má alimentação do paciente que se submeterá a cirurgia, medicamentos ligados ao sangue, problemas de rápida coagulação ou trombose, e até interferências causadas pela má coleta ou demora de realizar a mesma, deixar um tubo cair, entre outros.

Portanto, é importante que o paciente esteja saudável, e que o profissional que irá realizar o processo esteja bem preparado, pois o mesmo exige muito cuidado e atenção. Após a coleta, o sangue é colocado em uma centrífuga para ser separado, e a camada que contém o PRF é utilizada e aplicada ao paciente, enquanto as outras duas (que possuem plasma e glóbulos vermelhos) são descartadas.

Sendo assim, é fundamental que a centrifugação seja feita imediatamente e que a coleta seja rápida, pois como o trabalho é todo realizado com o sangue do paciente sem aditivos, uma velocidade maior de preparo e produção é exigida. “Se a pessoa perder tempo, os primeiros tubos que ela coletou vão ser coagulados, e você já não vai mais ter a formação das membranas que serão utilizadas. Depois de pronto, ele tem quatro horas”, explica Jacqueline.

Quanto ao custo-benefício, ela menciona ser muito bom para o profissional. Porém, como é uma técnica muito especializada e inovadora, é possível agregar muito valor para o cliente. Além de falar sobre esse tema, Jacqueline também falou sobre sua experiência na área, como e quando começou a atuar, e curiosidades sobre a sua rotina como biomédica. Não deixe de conferir e aprender mais sobre o tema clicando nesses dois links: (parte 1 e parte 2).

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Autor: Valéria Alves - Assistente multimídia
Edição: Mauri König


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