Como conciliar viagens e trabalho: conheça o nomadismo digital

Autor: Matheus Pferl - Estagiário de Jornalismo

O nomadismo digital é uma tendência para os próximos anos. Essa nova modalidade de trabalho atende a uma necessidade das pessoas de ter autonomia, podendo trabalhar de maneira digital e viajar, conciliando as duas coisas. Pela possibilidade de conhecer o mundo, vem ganhando cada vez mais adeptos, mas não é algo tão simples. Existem algumas etapas de planejamento fundamentais para uma boa experiência, e desafios que podem surgir durante o caminho.

Diferente de estar trabalhando remotamente de casa, um nômade aproveita o fato de estar trabalhando remotamente, viajando e conhecendo lugares. Essa é a diferença, você ganha em qualidade de vida e não precisa gastar muito, pois o deslocamento permite estar associado ao seu emprego.

O aluno do curso de Marketing Digital da Uninter Arthur Freire é um nômade digital. Atualmente, viaja o Brasil como voluntário pela Worldpackers. É professor, consultor, social media, aprendiz de fotógrafo e escritor. Segundo ele, essa tem sido uma ótima experiência, e durante suas viagens foi perceptível que várias pessoas também estão aderindo a esse modelo de trabalho.

“Sempre estive dentro da área da educação, minha primeira graduação foi pedagogia. Gosto muito de viajar e muitas vezes eu não tinha essa possibilidade por conta do meu emprego. Então, em 2019 acabei largando a docência e procurei uma profissão que me permitisse viajar e trabalhar. Já faz um ano que estou como nômade digital”, afirma Arthur.

Mas, para conseguir ter sucesso e conciliar de uma maneira produtiva o trabalho e as viagens, é necessário ter uma rotina. “Você precisa se adaptar a cada local para poder ter rendimento e entregar seu trabalho, e poder conhecer e passear também. A vantagem é que eu consigo conciliar melhor os horários. Posso adequar de uma maneira que eu consiga render mais”, ressalta o nômade digital.

Agora em visita a Curitiba, Arthur afirma que trabalhar como criador de conteúdo exige que haja um estudo sobre cada cidade visitada, para poder produzir um trabalho de qualidade, e isso contribui para conhecer ainda mais a cultura das cidades visitadas.

A bagagem cultural adquirida ao longo das viagens é algo que fascina Arthur. “Aqui em Curitiba, eu não só passeio e conheço os lugares, mas estudo e descubro coisas fascinantes da história de cada lugar. São experiências ótimas, diferente de fazer um pacote de viagem e conhecer superficialmente os pontos turísticos. Fazendo esses estudos eu vivencio a história”, conta.

Dicas

Para quem tem uma empresa e precisa de um endereço fixo, Arthur dá uma dica: “Eu não tenho endereço fixo a um bom tempo. Então uma solução é pedir um endereço para algum familiar ou através de algum coworking, onde é cobrado uma taxa e dessa forma é possível ter um endereço fiscal”, descreve.

Mas não são apenas maravilhas, tudo na vida tem suas vantagens e desvantagens. Segundo o nômade digital, é preciso ter uma vida bastante regrada, diferente de um emprego fixo, onde há um horário estabelecido de trabalho. Para atender sua demanda, as horas de trabalho podem ser maiores do que em um emprego fixo. Se não existe uma rotina regrada, você pode não conseguir entregar seu trabalho e dessa forma não terá êxito como nômade digital.

Outro ponto destacado por Arthur é saber lidar com chegadas e partidas. Em cada lugar é possível conhecer pessoas novas, mas devemos entender que os ciclos se encerram. Não devemos nos apegar de uma forma que possa atrapalhar.

Além disso, o planejamento é muito importante, talvez o principal. Não apenas planejar roteiros de viagem, é importante estudar a área do marketing, do produto online, é preciso estar sempre estudando.

Existem várias maneiras de ser um nômade digital. Arthur, antes mesmo de viajar, se cadastrou na plataforma Worldpackers, onde é possível fazer permutas com os anfitriões. Você troca o seu serviço, um trabalho de 4 a 6 horas, por hospedagem e alimentação. Arthur fez a anuidade desta plataforma e atualmente trabalha como criador de conteúdo, fazendo assim a permuta com os locais onde se hospeda. Trabalha divulgando o Instagram, as redes sociais e os eventos que acontecem dentro do hostel onde está.

Em suas viagens, Arthur se hospeda em hosteis. Ele afirma que viver em um hostel é uma questão de adaptação, por ser um local onde você divide o espaço com outras pessoas. “É um grande aprendizado. Você encontra pessoas de vários estados e países. Para mim, no começo não foi fácil, pois eu estava acostumado a morar sozinho e tenho minhas manias. Mas com o tempo fui aprendendo a respeitar o momento de cada um”, salienta.

Gastos

Mas será que os gastos compensam? De acordo com Arthur, é possível ter uma boa economia. “Por incrível que pareça, você tem uma economia muito grande vivendo dessa maneira. Dependendo da permuta que você consegue fazer, podem existir vários benefícios, e assim reduzir os gastos. Você não tem a despesa do aluguel, de água e luz, de algumas refeições [depende da permuta o número de refeições]”, explica.

Quanto ao material, um bom celular já ajuda muito a criar conteúdo sobre a cidade, não é preciso um grande investimento em equipamentos. O nômade digital afirma que consegue fazer tudo pelo celular, da filmagem à edição. E a família, como fica? “A relação com a família é muito difícil, para que aceitem a mudança de estilo de vida. Mas é importante estar sempre ligado e conectado para manter os laços”, diz Arthur.

Arthur agora tem um site para divulgação do seu trabalho, que conseguiu através de uma permuta. O planejamento é criar dentro do site um blog para divulgação de conteúdo, além das postagens de vídeos e exposição do seu trabalho e dos serviços que presta.

Um nômade pode trabalhar em quê?

Dentro do nomadismo digital, você pode exercer algumas profissões, dentre elas estão fotografia, criação de conteúdo (onde há um leque muito grande), criação de posts, textos, videomaker, programação, entre outras possibilidades. “O segredo é se qualificar, e aí eu sempre falo da Uninter, que é uma instituição de muita qualidade, que está me proporcionando muitos benefícios”, relata Arthur.

Por fim, Arthur deixa alguns conselhos para quem deseja seguir esse caminho. “Seja estratégico, pense o que você pode fazer, como fazer e onde você quer chegar. Se você deseja conhecer o Nordeste, pense em como você vai chegar lá e planeje bem. Não adianta ir sem rumo. E mesmo se organizando bem, ocorrem imprevistos, isso faz parte. Mas quanto melhor e mais preparado você estiver, menos percalços você terá no caminho”, conclui.

Os professores Aline Pires e Raphael Moroz conversam com o profissional de marketing e nômade digital Arthur Freire sobre essa modalidade de trabalho. Você pode conferir a íntegra da conversa clicando aqui.

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Autor: Matheus Pferl - Estagiário de Jornalismo
Edição: Mauri König
Créditos do Fotógrafo: Marco Lachmann-Anke/Pixabay


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