Como a teleassistência contribui para o sistema de saúde

Autor: Valéria Alves – Assistente Multimídia

Com as recomendações para que todos evitem sair de casa para conter a pandemia do coronavírus, muitas atividades passaram a ser realizadas online. Assim, impulsionada por esse momento, a teleassistência têm sido bastante utilizada como meio de oferecer assistência de saúde à distância, quando os pacientes podem ser atendidos por profissionais de forma remota. Essa forma de atendimento tem sido muito eficaz, como apontou a professora Ivana Busato durante a 2ª Maratona de Saúde da Uninter, com o tema “Pandemia: Tendências e Aprendizado”, no dia 30 de abril.

Quando se fala de tecnologia e saúde, a teleassistência soa como algo muito recente, mas há muito tempo ela já era imaginada. Prova disso, por exemplo, foi uma imagem da série The Jetsons (1962-1963) apresentada por Ivana na palestra, na qual uma criança consulta um médico através de uma videoconferência, e há também uma imagem semelhante em um jornal chamada Rádio News, de 1924.

Como aponta a professora, a teleassistência avançou conforme o tempo, passando por quatro gerações. A primeira delas é a reativa, onde as pessoas possuíam aparelhos que possibilitavam controlar dados da saúde e os armazenavam, mas não era possível transmitir os mesmos. A segunda geração já permitiu o compartilhamento, e a terceira – chamada de proativa – possuí a questão do ao vivo, onde você recebe assistência médica naquele momento. Enquanto isso, a quarta é a que estamos vivendo agora, e nos apresenta inúmeras possibilidades.

Através do PubMed, Ivana realizou uma pesquisa e encontrou diversos artigos sobre o assunto, aparecendo resultados de países como Estados Unidos, Alemanha, Itália, China, Ucrânia, Reino Unido e África, e compartilhou um pouco sobre cada um deles. Na China, por exemplo, o país realizou a teletriagem como alternativa para a pandemia, por meio da qual a pessoa entra em contato para saber se precisa ir até o local ou pode realizar o tratamento em casa de acordo com as condições que ela apresenta.

Além disso, também foi realizada a teleconsulta, onde as pessoas que estavam com Covid-19 faziam tratamento em casa e eram acompanhadas e monitoradas por meio da teleassistência. O telediagnóstico também foi utilizado, e a população que se dirigia até o centro de referência para fazer o teste recebia o diagnóstico de forma online. Segundo a professora, essas ações melhoraram muito a questão da mortalidade do país e ajudaram a evitar o contágio do vírus.

Falando ainda sobre a China, uma parceria com os Estados Unidos mostrou resultados positivos na realização da teleinterconsulta, quando dois profissionais atendem o mesmo paciente, porém um à distância e outro fazendo assistência de forma presencial.

“Nós podemos juntar profissionais superespecializados que estão do outro lado do planeta para atender aquele seu paciente naquele momento, então são oportunidades que surgem com a teleassistência que vão muito além de você só ter uma assistência a distância. Ela possibilita a integração e o intercâmbio de conhecimento, e essa possibilidade vai melhorar e dar novas condições aos pacientes. Isso ajuda bastante a melhoria da condição de saúde das pessoas”, diz Ivana.

Dentro outras possibilidades, há ainda o telemonitoramento, a telecirurgia, teleconsultoria, teleorientação, entre outras apresentadas pela professora durante a palestra. Apesar de ser algo positivo para a área da saúde – ainda mais no período que estamos vivendo com a pandemia – e também para os pacientes, é preciso ainda aprimorar tecnologias e sua sensibilidade em alguns casos, além de também as democratizar.

“Se não tivermos uma democratização do acesso à tecnologia, nós estaremos abrindo um abismo de diferença entre países ricos e pobres, e nós também estaríamos dificultando o acesso de pessoas que não conseguem ter tecnologia, internet. A teleassistência é muito boa, mas nós temos que ter investimentos em tecnologia, na democratização da internet. As pessoas também precisam ter direito a comunicação e as interfaces da internet”, opina.

Apesar da pesquisa de Ivana trazer informações internacionais, o Brasil também tem realizado muitas atividades referente à teleassistência, apresentando bastante resultados. Uma resolução do Conselho Federal de Medicina reconhece que a telemedicina pode ser exercida de três formas: teleorientação, telemonitoramente e teleinterconsulta. De acordo com Ivana, vários profissionais promoveram ações possibilitando que a teleassistência evolua no Brasil não somente durante a pandemia, e sim como algo futuro, pois pode ser algo benéfico em todos os momentos.

“Para conseguir uma consulta com um especialista você leva três, quatro meses na fila de espera, por exemplo. Você tem alguma dúvida, o medicamento não está fazendo tão bem e você tem que esperar mais três meses para retornar, então isso abre possibilidades de uma equipe multidisciplinar fazer essa teleassistência. Acho que é algo que vai se manter após a pandemia, é um aprendizado que ficará”, conclui Ivana. Mas, apesar disso, ela não deve substituir atendimentos presenciais, e sim trabalhar de forma conjunta.

“Nunca podemos deixar de lado o exame presencial. A teleassistência virá para o monitoramento depois de você ter um plano de cuidado já definido pela equipe multidisciplinar. Tendo o plano de cuidado, o monitoramente da pessoa poderá ser feito por teleassistência, mas jamais em momento algum nós deveremos deixar de fazer o exame físico, de realmente olhar o paciente presencialmente. A teleassistência não vai substituir o nosso cuidado à saúde de forma normal, eles deverão trabalhar de forma paralela pra um auxiliar o outro”.

Para saber mais informações e assistir a palestra na íntegra, clique aqui. A apresentação e introdução da aula foi realizada pelo professor Andrew Silva Alfaro, sendo transmitida pela página Maratonas para Desenvolvimento Sustentável Uninter.

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Autor: Valéria Alves – Assistente Multimídia
Edição: Mauri König
Créditos do Fotógrafo: Tumisu/Pixabay e reprodução Facebook


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