Como a domesticação do fogo ajudou a humanidade

Autor: Hugo Henrique Amorim Batista*

Em tempos modernos, falar sobre a domesticação do fogo é algo obsoleto, mas por que temos esse posicionamento? Determinados feitos nos são ensinados desde a infância e, por já estarmos habituados com eles, são definidos como comuns. Porém, nem sempre foi assim e o fogo é um desses exemplos.

Ao regressarmos no tempo em que não existia a escrita, observamos que a humanidade era dividida em pequenos grupos nômades, deslocando-se em busca de alimentos e recursos. Porém, esse deslocamento era perigoso, pois diversos animais e outros grupos poderiam entrar em conflitos, podendo ocasionar baixas em determinadas etnias. Com o passar do tempo, dominou-se a agricultura, sendo a base para os primeiros povoados. Dependendo da sua localização, as noites eram muito frias e, para se manter aquecido, a proteção era dada pelas peles dos animais abatidos anteriormente.

Ao friccionar pequenos galhos, esse aquecimento gera uma faísca e essa faísca cria a chama e, com isso, vem o domínio do fogo, ocasionando diversos benefícios, como uma alimentação melhor (preparada com o cozimento), além do manuseio do metal. Assim, a expectativa de vida aumentou e avançamos da Era Paleolítica/Neolítica para a Idade dos Metais.

Civilizações antigas foram aprendendo a utilizar o fogo de diversas maneiras. Na Grécia, em homenagem ao deus olimpiano Hefesto, diversas ferramentas foram criadas para a produção de alimento no campo, além da sua cultura, apresentando-nos trabalhos detalhados em cerâmicas  e louças, que são tesouros da humanidade. Em Roma, tem-se um dos primeiros registros de ligas metálicas.

Com elevada temperatura, o homem fundiu o cobre e o estanho para criar o bronze. A pavimentação romana deu-se em virtude de suas ferramentas (enxadas, picaretas), criando suas estradas, desde o sul europeu até o sul britânico (até hoje existente em algumas localidades). No Egito, a máscara funerária de Tutancâmon apresenta um trabalho em ouro, evidenciando um cuidado em detalhes e vinculando o Egito a uma civilização que dominava também o fogo, pois para manter o ouro liso é necessário um cinzel atuando em alta temperatura e grande precisão.

Por intermédio do fogo também podemos elaborar artefatos explosivos e, assim, temos a pólvora. Tais componentes explosivos foram necessários para fazer o deslocamento de rochas, facilitando a conexão entre localidades de difícil acesso. Um exemplo é a Ferrovia Curitiba-Paranaguá. As ferramentas utilizadas se desgastavam rapidamente e o avanço era singelo. Porém, com explosões, o trabalho foi acelerado, trazendo as locomotivas a vapor, fazendo o uso do fogo em suas caldeiras, convertendo a água para vapor e realizando deslocamentos mais velozes.

Quando falamos em locomotivas, não temos como não lembrar da Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra em 1789 e nos trazendo desenvolvimento tecnológico até os dias atuais. O fogo não é mais utilizado para aquecer as caldeiras das marias-fumaça, mas é utilizado nas torres de destilação para separar o petróleo em seus derivados, como o diesel, gasolina e o querosene, combustíveis das antigas lamparinas que fizeram com que os lares tivessem iluminação noturna.

Agora, quando você observar o seu fogão, uma fogueira criada por um grupo de escoteiros ou ao pegar o seu alimento como a feijoada, perceberá o quão quente está esse alimento, lembrará o quanto uma atividade tem profundas heranças na construção da humanidade. Aproveite essa façanha, deixada para você por nossos antepassados.

* Hugo Henrique Amorim Batista é licenciado em Física e Matemática, mestre em Educação e professor da área de Exatas da Uninter.

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Autor: Hugo Henrique Amorim Batista*
Créditos do Fotógrafo: Pixabay


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