“Comfort food” a sensação de bem-estar ao se alimentar
Autor: *Ana Paula Garcia Fernandes dos SantosO termo “Comfort food” surgiu nos anos 90 para descrever alimentos que vão além de sua função nutricional básica, despertando emoções através de seus aromas, formatos, sabores, cores e texturas. Esses alimentos são conhecidos por proporcionar uma sensação de conforto e bem-estar emocional, muitas vezes, associados a lembranças afetivas e momentos especiais da vida.
Embora relativamente recente no Brasil, o termo “Comfort food” tem ganhado destaque em pesquisas e nas tendências de mercado. A indústria de alimentos e bebidas tem se esforçado para incorporar elementos de comida caseira e reconfortante em seus produtos, reconhecendo o valor simbólico que esses alimentos têm para os consumidores.
É importante ressaltar que a comida reconfortante varia de pessoa para pessoa, de acordo com suas preferências individuais. Em uma pesquisa realizada por Brian Wansink e Cynthia Sangerman em 2017, uma amostra de 1.000 norte-americanos foi solicitada a escolher sua comida caseira favorita. Em geral, as principais escolhas incluíram batatas fritas, sorvetes, biscoitos, pizzas, massas e hambúrgueres.
Esses resultados corroboram outros estudos na área, que indicam que em momentos de estresse, tristeza, solidão ou nostalgia, tendemos a buscar esses alimentos reconfortantes como uma forma de obter acolhimento e alívio emocional. Isso ocorre porque esses alimentos geralmente são ricos em ingredientes como açúcar, gordura e carboidratos. Há uma explicação neuropsicofarmacológica para o conforto proporcionado por estes grupos alimentares, uma vez que eles podem estimular a liberação de substâncias no cérebro que melhoram o humor.
Assim, podemos concluir que o bem-estar é, sem dúvida, um dos principais benefícios que as comidas afetivas podem proporcionar. Isso ocorre, porque a composição dos alimentos afeta o funcionamento do corpo, especialmente a produção de neurotransmissores, que podem modificar o humor e contribuir para a redução do estresse e da ansiedade. Além disso, esses alimentos podem fortalecer os vínculos afetivos, estimular boas memórias e proporcionar sentimentos prazerosos.
Entretanto, é importante ter equilíbrio ao consumir os alimentos considerados Comfort food, dado que o consumo frequente pode acarretar malefícios para a saúde física e mental. Portanto, é essencial desfrutar desses prazeres culinários de forma moderada, cultivando uma relação saudável com a comida de forma equilibrada.
*Ana Paula Garcia Fernandes dos Santos é nutricionista, mestre em Alimentação e Nutrição. Professora da Escola Superior de Saúde – UNINTER
Autor: *Ana Paula Garcia Fernandes dos Santos