Colaboradores da Uninter se unem em voluntariado no Recanto do Tarumã
Autor: Nayara Rosolen - JornalistaMais uma vez, o time de colaboradores da Uninter se uniu em prol da solidariedade e somou força voluntária para uma ação no Lar dos Idosos Recanto do Tarumã. A campanha promovida pelo IBGPEX, instituto de responsabilidade socioambiental do centro universitário, engajou cerca de 40 pessoas no voluntariado corporativo.
A tarde de 26 de julho de 2023, que data o Dia dos Avós, foi marcada por muita música, dança e histórias compartilhadas. Além da arrecadação de valores realizada entre os meses de junho e julho, o grupo educacional liberou os colaboradores do expediente para que pudessem participar e doar um pouco do próprio tempo com os 98 moradores do lar.
Durante a ação, os voluntários conheceram o espaço do Recanto do Tarumã, foram apresentados e puderam conhecer os moradores, além de servirem um café da tarde especial e auxiliar os idosos em um bingo. Os ganhadores foram presenteados com rádios, chapéus, coçadores de costas e todos receberam um kit com materiais personalizados da Uninter.
O evento foi aberto com uma apresentação instrumental dos coordenadores de pós-graduação da Uninter Valentina Daldegan e Willian Sales. Ambos estão à frente da Orquestra Uninter, mantida pela Fundação Wilson Picler. O cantor Murilo também fez uma apresentação musical, de forma voluntária.
A gerente de projetos sociais do IBGPEX, Rosemary Suzuki, e o presidente do Lar dos Idosos Recanto do Tarumã, Rui Alexandre Gutierrez, proferiram algumas palavras para todas as pessoas presentes.
Gutierrez fez um resgate histórico do lar, que nasceu em setembro de 1921. A entidade mais antiga do Paraná foi criada por iniciativa da família dele e outras famílias que possuíam recursos em uma época que as pessoas mais carentes não tinham auxílio. O presidente afirma que é necessário “não deixar morrer esse espírito”.
“Nós somos a família deles, e eles passaram a fazer parte da nossa família. Vocês são parte disso, e eu quero agradecer muito, de coração, a vinda de vocês. Muito obrigado”, finalizou o presidente da instituição.
Rosemary agradeceu ao Grupo Uninter e aos gestores da instituição pela liberação dos colaboradores e agradeceu a cada um pela oportunidade de participar e disponibilizar um pouco do tempo para o voluntariado.
“Cada um que está aqui doando seu tempo certamente sairá muito melhor do que entrou. Esperamos que vocês, moradores desse lar, sintam o amor e o afeto que queremos transmitir para essa tarde que vem sendo planejada há mais de três meses com muito carinho”, salientou a gerente de projetos sociais.
O bem e o aprendizado compartilhados
A coordenadora de voluntariado do Recanto do Tarumã, Lídia Hanke Santos, reafirma a importância de eventos como o realizado pelo IBGPEX. “Além da alegria e da diversão que traz, o canto dos nossos moradores com os profissionais da Uninter é uma troca de experiência tanto para um lado quanto para o outro, e eles podem contar as histórias, o que gostam de fazer. É uma interação muito boa, gostosa, a gente vê os olhinhos deles brilhando”, complementa.
Norma Leal, bibliotecária da Uninter, tem 53 anos e já participa de ações de voluntariado dentro e fora da instituição há quase 30 anos. A profissional também doou o tempo na ação realizada pelo IBGPEX. Para ela, oportunidades como essa fazem com que as pessoas conheçam outras realidades que agregam e criam referenciais que formam caráter, perfil profissional e estrutura para crescer e amadurecer.
“São pessoas com diferentes graus de carência, de situação socioeconômica, com receios, medos, histórias de vida. É um cenário enriquecedor e, para mim, uma escola que nunca vai acabar. Acredito que, em mim, ainda há muito que lapidar. Em um momento desse é dada a condição de extravasar e doar o que se tem de bom, a alegria que pode fazer o outro se sentir bem”, declara Norma.
A voluntária também elogia toda a organização e planejamento do IBGPEX e acredita que ações de voluntariado corporativo, como o que é desenvolvido no programa Uninter.com Amor, é capaz de proporcionar aprendizado mútuo e a multiplicação do conhecimento e de mais ações como essa para mais pessoas, para além da instituição.
Outro ponto marcado por Norma é poder conhecer de perto todo o trabalho desenvolvido em entidades como a Recanto do Tarumã. De acordo com o presidente Gutierrez, ainda que os profissionais envolvidos falem, as pessoas só têm ideia e só vão entender o contexto quando visitam, conversam e veem a qualidade com a qual os moradores são tratados, que não se limita a alimentação e medicamentos.
Inclusão sociocultural
O trabalho multidisciplinar realizado pela casa envolve, além do atendimento médico, a enfermagem, a nutrição, o serviço social, a psicologia, a fisioterapia, a musicoterapia, a farmácia, a terapia ocupacional, o vestuário e o lazer.
A terapeuta ocupacional Amanda Brissi conta que começou o trabalho no lar há mais de três anos, ainda como estagiária, e hoje é responsável pelo setor. O intuito da terapia ocupacional é inserir os moradores na comunidade e desenvolver a participação sociocultural, de modo a ressignificar o papel ocupacional e evitar o isolamento social e favorecer o cotidiano.
Alguns moradores criam artesanatos, outros preferem plantar, cuidar do jardim. As peças que são confeccionadas são levadas para exposição ou vendas. Uma das formas de isso acontecer é a presença em feiras como a da Rede de Saúde Mental e Economia Solidária (Libersol), da Universidade Federal do Paraná (UFPR), um dos primeiros espaços que proporcionou a convivência com a comunidade externa e de apresentação dos trabalhos realizados pelos moradores do Recanto do Tarumã.
“Eles têm uma baita de uma potência, muito engajamento ocupacional. Tem gente que eu não preciso ajudar a fazer obras, que é diferente de alguns que não vieram com os talentos natos e que vamos ensinando desde o começo. Eles aprendem se quiserem, se for significativo para eles. Se não, tudo bem, o não também precisa ser respeitado”, afirma Amanda.
Crezoz Rodrigues, de 66 anos, faz entalhamento em madeira, trabalho que desenvolve desde a década de 1970. Já Orlando de Sousa, de 78 anos, pinta panos de prato e começou a desenvolver a prática dentro do lar. Ambos acreditam que a atividade faz bem não só para passar o tempo, mas também para se manterem ativos e com saúde mental.
No caso de eventos de exposição, a terapeuta explica que o intuito é mostrar para as pessoas de fora a quebra do paradigma de quem são as pessoas idosas em situação de vulnerabilidade que o lar recebe. De acordo com a profissional, ainda há uma visão “muito antiga” do que é um lar de acolhimento.
Juciele de Lima é a primeira pedagoga social da organização centenária, e atua como voluntária há cerca de cinco meses. Para ela, a educação com pessoas idosas não é formal e vai para além da alfabetização.
“Vai muito além do ensinar a ler, a escrever, porque eles têm uma vontade, mas é algo muito rápido, momentâneo, então tem que ser algo prazeroso. Para eles não desestimularem, acabamos fazendo com que as atividades sejam mais espontâneas. Direcionamos para o lado da fisioterapia, da terapia ocupacional, atividades em grupo. Tudo acontece primeiro com o acolhimento. Aí pegamos todo esse contexto histórico deles e trazemos para a realidade na sala de aula”, explica.
A pedagoga salienta o quanto esse trabalho pode dar um norte diferenciado na vida dos moradores, com ajuda na qualidade de vida, e mostrar que “velhice não é sinônimo de fim, muito pelo contrário, que eles ainda podem ser úteis fazendo artesanato, resolvendo um cálculo”, afirma Jueciele. “Algo que parece sem sentido, mas que para eles é o máximo”, conclui.
Juciele destaca a importância do trabalho voluntário e de como a casa precisa de profissionais, principalmente voltado para a enfermagem, auxílio, organização, estrutura e reforma.
Além da doação de tempo voluntário e em dinheiro, que pode ser realizada pelo site, Amanda destaca que as doações de materiais para que possam continuar produzindo na terapia ocupacional são muito bem-vindas. Podem ser doados itens de bijuteria, corda de sisal crua, trança de couro sintético, feixes, arame alpaca, madeira, verniz acrílico, graxa de sapato incolor e marrom, bamboo taboca, lápis aquarelável, canetinhas, tinta de tecido, pano de prato tracejado, pincel médio, palitos de madeira e cola de madeira.
Autor: Nayara Rosolen - JornalistaEdição: Arthur Salles - Assistente de Comunicação Acadêmica
Créditos do Fotógrafo: Nayara Rosolen - Jornalista