Cinco passos para a modernização da logística no Brasil

Autor: Alessandra de Paula*

A globalização trouxe mudança para vários segmentos da sociedade, como também para vários setores da economia e mercado, entre os quais o setor de logística, no qual observou-se maior facilidade de acesso a bens e serviços, o que exigiu aumento na escala de produção de alguns bens, para atendimento à demanda, assim como a redução de custos, pois a competitividade também se tornou mais acirrada.

Sabe-se que qualquer mudança precisa ser bem planejada e organizada, com profissionais experientes, pois desses cuidados dependem o êxito nas mudanças.

Muitas mudanças já foram implementadas, principalmente com a descentralização dos postos de distribuição, posicionando-os de maneira a facilitar o fluxo de entregas, ações que geraram maior rapidez e agilidade, que podem ser definidas pela expressão just-in-time. Tudo isso, contribui para a fidelização dos clientes.

No entanto, no Brasil, devido a uma série de fatores, a logística está passando por um período em que suas práticas estão sendo colocadas em xeque, principalmente quanto à eficiência e qualidade. Em resumo, a logística brasileira precisa modernizar-se, seja por meio da adoção de novas ferramentas tecnológicas, seja pela reivindicação de melhoria nos aspectos da infraestrutura das vias de transporte.

Podemos apontar cinco passos que, se adotados, mesmo que a médio e a longo prazo, poderiam conferir maior agilidade e eficiência ao transporte de mercadorias em território nacional e até, inclusive, no setor de exportações.

O primeiro passo seria a modernização dos modais de transporte, uma vez que o sistema ferroviário, menos poluente, com maior autonomia de fluxo e menor risco de acidentes, além de possuir maior capacidade de transporte, é subutilizado no país – existe uma boa malha ferroviária, mas grande parte necessita de revitalização e conservação para aumentar a eficiência desse modal.

Já o sistema rodoviário, embora seja o mais utilizado, apresenta-se como um modal bastante precário em relação à conservação das rodovias, aumento constante no número de veículos que trafegam por essas vias. Muitas delas passam por dentro de cidades de médio e grande porte, o que sujeita a frota a uma redução de velocidade e, nas rodovias, o elevado índice de acidentes por causas das mais diversas. Esses são fatores que acabam contribuindo para o surgimento de problemas logísticos que afetam a credibilidade das empresas.

O sistema aeroportuário, assim como os anteriores, necessita de modernização. Há, principalmente, necessidade de ampliação da capacidade de portos para que possam receber navios de grande porte, ou nos aeroportos, com a instalação de modernos terminais, além de uma revisão nos procedimentos burocráticos para ambos os modais, que demandam muito tempo de espera, o que acaba por encarecer o produto.

O segundo passo seria a implantação de sistemas totalmente automatizados, para que o controle e rastreamento de cargas, em qualquer modal e, mesmo, a partir da empresa, possa ser feito em tempo real, otimizando os processos de remessa e entrega, com maior economia de tempo, minimizando as perdas e reduzindo custos. Ter acesso rápido a esse tipo de informação pode contribuir para a minimização e até para a solução de problemas no momento em que eles surgem.

O terceiro passo seria a diminuição do tempo entre a compra e a entrega do produto, principalmente quando ambos se encontram em regiões distantes entre si. A implantação de estratégias como o Same Day (mesmo dia) ou o Next Day (dia seguinte), garantindo a entrega do produto ao cliente no mesmo dia ou, no máximo, no dia seguinte, por diminuírem o tempo de espera, consequentemente a ansiedade e o estresse pela expectativa da chegada do produto, podem garantir a satisfação do cliente.

Esse é um grande desafio a ser vencido, que se encontra atrelado aos dois anteriores – com um sistema modal integrado e eficiente e com a automatização dos sistemas de controle, a entrega pode ser processada com maior agilidade e rapidez, principalmente se houver implementação, também, do quarto passo que sugerimos.

A otimização do Same Day ou do After Day só pode acontecer verdadeiramente se a empresa, dotada de uma boa visão estratégica, tiver ampliado sua rede de distribuição, criando locais de armazenamento em posicionamento geográfico que possibilite deslocamento rápido e eficiente pelos modais existentes em redor, ou ainda, que permita deslocamentos com veículos de duas rodas, como motocicletas, bicicletas elétricas e até mesmo as bicicletas comuns, dependendo da localização da empresa em relação ao local da entrega – esse seria o quarto passo.

E, por último, o quinto passo, que seria a instalação de lockers, armários colocados em pontos estratégicos, informados ao cliente, o qual pode buscar seu pedido neste local, a exemplo do que é feito pelos Correios, em algumas localidades, que recebem e “armazenam” produtos enviados, os quais são liberados ao cliente mediante o uso de uma senha (o código de rastreamento). Essa prática contribui para a diminuição ou eliminação da taxa de entrega para o cliente, bem como para a redução dos custos de logística para o vendedor.

* Alessandra de Paula é coordenadora dos cursos de Logística e Gestão do E-Commerce e Sistemas Logísticos da Uninter.

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Autor: Alessandra de Paula*
Créditos do Fotógrafo: L. Fellipe/Wikimedia Commons


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