Casos de “viroses de praia” aumentam nas praias brasileiras no início de 2025
Autor: (*)Trajano Felipe Barrabas Xavier da SilvaAs praias do Brasil são conhecidas internacionalmente por suas belezas naturais e por atrair turistas do mundo todo. Infelizmente, desde o início de 2025 as notícias não são relacionadas a estes atrativos, mas sim a uma preocupante questão de saúde pública, que preocupa tanto as autoridades quanto a própria população. Estes estão preocupados com os surtos de doenças virais, sendo as mais comuns neste momento as gastroenterites, viroses respiratórias e conjuntivites.
Todos os anos, devido ao aumento das populações nas praias do país, muitas vezes em capacidade acima do que as cidades podem suportar, este tipo de situação acontece. Porém, no início do ano de 2025, a situação se mostra mais preocupante, pois de acordo com levantamentos realizados pelo Ministério da Saúde, somente nas 3 primeiras semanas do ano já foram registrados mais de 15.000 casos de viroses em todo o país, um aumento de aproximadamente 40% em relação ao mesmo período do ano anterior.
E por que este aumento tão significativo? Vários fatores estão contribuindo para que isso aconteça. Como já comentado, o aumento da população nas praias é um dos fatores, adicionado à falta de estrutura das cidades para comportar toda esta população. Muitas das cidades não possuem uma rede de esgotos suficiente para comportar este aumento repentino de utilização. Muitas vezes, temos esgotos clandestinos sendo despejados diretamente em rios ou nas galerias de captação da água da chuva. Além destes fatores, que são recorrentes todos os anos, soma-se o excesso de chuvas e o calor, que favorecem a proliferação de microrganismos, criando condições ideais para a disseminação de vírus e bactérias. Reforça-se, ainda, que as ações humanas, como o descarte inadequado de lixo nas praias, também agravam a contaminação ambiental, aumentando os riscos para os banhistas.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, houve um aumento significativo de viroses neste ano, especialmente nas regiões Nordeste e Sudeste. Cidades como Salvador (BA), Recife (PE) e Santos (SP) estão entre as mais afetadas, com relatos de surtos em praias populares. Além disso, registros de conjuntivites virais cresceram 20% em áreas litorâneas do Rio de Janeiro e Florianópolis (SC), segundo levantamentos das vigilâncias epidemiológicas locais.
O Estado da Bahia, um dos destinos mais populares entre os turistas, concentra cerca de 30% dos casos, com mais de 5.500 infecções confirmadas, somente nas 3 primeiras semanas do ano. Em resposta à crise, a prefeitura de Salvador anunciou a instalação de pontos de hidratação e distribuição de orientações sobre saúde pública nas praias. A expectativa é que essas ações ajudem a diminuir consideravelmente o impacto da virose e garantir a segurança dos frequentadores.
No Estado de São Paulo, a situação também é preocupante. Com mais de 3.200 casos notificados nas três primeiras semanas do ano, a capital paulista implementou medidas de prevenção, como campanhas de conscientização sobre a importância da higiene e do consumo seguro de alimentos e bebidas. O secretário de Saúde do Estado destacou que “é fundamental que os banhistas estejam atentos às condições de saúde e evitem locais com aglomerações excessivas”. A capital do Estado já reflete um aumento de consultas e internamentos, provavelmente de casos “importados” do litoral.
No Estado do Rio de Janeiro, famoso por suas praias mundialmente apreciadas, já foram registrados mais de 2.800 casos, no mesmo período já anteriormente citado. As autoridades de saúde estão monitorando de perto as áreas mais afetadas e recomendam que os turistas evitem nadar em locais onde há suspeita de contaminação.
Nos 20 primeiros dias de janeiro de 2025, as praias do Paraná continuam enfrentando um aumento significativo nos casos de infecções virais, com diversos focos por toda a extensão do litoral, sendo que, no período citado, já foram atendidas mais de 5.000 pessoas com sintomas da chamada virose de praia.
Os dados do Ministério da Saúde mostram que as crianças são as mais afetadas, representando 60% dos casos. Profissionais da Saúde afirmam que a desidratação é uma das principais complicações relacionadas a essas viroses, e os hospitais infantis estão em alerta máximo para atender a demanda crescente.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) também se manifestou, recomendando que o Brasil intensifique as medidas de controle e prevenção e enfatizou a importância da vigilância epidemiológica e da rápida resposta a surtos.
Os impactos na saúde da população afetada são variados e preocupantes. As gastroenterites virais, por exemplo, causam diarreia, vômitos e desidratação, afetando principalmente crianças e idosos, que são mais vulneráveis a complicações graves. As viroses respiratórias, que geralmente se espalham rapidamente em ambientes fechados e com muitas pessoas presentes, geram sintomas como febre, tosse e dificuldades respiratórias, podendo levar a internações em casos severos. Já as conjuntivites, frequentemente associadas ao contato com água contaminada, provocam irritação ocular, dor e intolerância à luz, afetando a qualidade de vida dos pacientes.
O tratamento dessas viroses geralmente é voltado ao combate aos sintomas, com foco no alívio destes e na prevenção de complicações. Em casos de gastroenterite, a hidratação oral ou intravenosa é essencial para repor os líquidos perdidos. Para viroses respiratórias, repouso, hidratação e medicamentos para febre e dor são recomendados. As conjuntivites são tratadas com compressas frias e colírios apropriados. Contudo, o combate eficaz a essas viroses vai além do tratamento individual e requer medidas de saúde pública.
A população é orientada a buscar atendimento especializado quando surgir sintomas mais graves ou persistentes. A prevenção é a melhor forma de evitar a propagação desses vírus, e a conscientização é fundamental para proteger a saúde de todos.
Com o aumento do turismo nas próximas semanas, com pico no carnaval, as autoridades de saúde reforçam a necessidade de cuidados redobrados. A situação é um lembrete de que, mesmo em momentos de lazer, a saúde deve ser prioridade.
(*)Trajano Felipe Barrabas Xavier da Silva é farmacêutico Bioquímico e Industrial, Coordenador do Bacharelado Interdisciplinar em Saúde no Centro Universitário Internacional Uninter.
Autor: (*)Trajano Felipe Barrabas Xavier da SilvaCréditos do Fotógrafo: Governo do Estado de São Paulo/Flickr