Carnaval com alegria e menos lixo

Autor: Sandra Maria Lopes de Souza

Carnaval é uma festa de paixão nacional, capaz de parar o país, unir desafetos, iniciar e encerrar amores. Movimenta o comércio, a economia e gera empregos. Tudo em nome da diversão, fantasias e da quebra do cotidiano. No Brasil, o carnaval iniciou no século XI, trazido pelos colonizadores portugueses e espanhóis. No século XIX, o carnaval lançou o baile de máscaras, nos moldes do carnaval veneziano, e assim foi evoluindo para essa enorme festa, resultando em grande consumo e movimento para a indústria criativa. 

São quatro dias de festa, quase sempre realizada nos espaços públicos das cidades, atraindo grandes multidões. As pessoas brincam ao som de marchinhas carnavalescas ou hits de sucesso, gerando toneladas de lixo. Esses resíduos demandam um serviço especial de varrição, limpeza de vias públicas, manejo e destinação final.  

Para se ter uma ideia, as cidades do Rio de Janeiro e Salvador geraram no carnaval do ano passado mais de mil toneladas de resíduos cada uma, deixados pelos foliões nos blocos e sambódromo da Marques de Sapucaí (no Rio) e nos circuitos   Barra-Ondina, Campo Grande e Pelourinho (trechos tradicionais do carnaval de rua na capital baiana). Em Florianópolis, foram 200 toneladas de lixo, 30% a mais do que o carnaval de 2020. 

Desses resíduos gerados, alguns podem ser chamados de “os vilões do carnaval” como o plástico, vidro, o coco verde, chicletes, e até mesmo as latinhas e papelões, que mesmo sendo coletados pelos recicladores, sempre sobram toneladas em locais indevidos. Embora haja uma campanha enorme por todo o país para coleta seletiva e reciclagem de latas e vidros, em festas populares, como o carnaval, é impossível dar destinação correta a todas as toneladas de resíduos gerados. 

Resíduos sempre são danosos ao meio ambiente e à saúde em geral. O plástico, que é utilizado em quase tudo como embalagens, fantasias, adereços, persistem no meio ambiente por 400 anos. O vidro, encontrado em garrafas, copos, protetores de alimentos e geral, adereços e até nos bordados das fantasias, levam mais de 1000 anos para se decompor. O papel, metal e nylon, que são usados na confecção das fantasias, bandeiras, faixas e propagandas demoram, juntos, mais de 200 anos. Até mesmo o coco verde, muito consumido para saciar a sede se torna um problema, mesmo sendo biodegradável. Pelo volume gerado nessa época, nas regiões no Brasil onde é muito consumido, num curto período ele se torna “bio desagradável”, pois demora 12 anos para se decompor.  

Sabemos que carnaval é alegria, mas em tempos de mudanças drásticas do clima, com eventos extremos que afetam o dia a dia do planeta, a sustentabilidade deve prevalecer. Algumas cidades já implantaram iniciativas para incentivar o descarte correto de resíduos e até mesmo campanhas de coletas de recicláveis, para o período da folia. Pense nisso enquanto estiver desfilando ou sambando nas ruas da sua cidade. Faça parte do Bloco da Sustentabilidade para o bem do Planeta. 

Sandra Maria Lopes de Souza é Mestre em Gestão Ambiental e coordenadora dos cursos de Pós-Graduação em Meio Ambiente do Centro Universitário Internacional – Uninter 

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Autor: Sandra Maria Lopes de Souza
Créditos do Fotógrafo: Pixabay


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