Brasil é o sexto no ranking de descarte incorreto de medicamentos
Autor: Poliana Almeida – Estagiária de JornalismoAté 2024, o Brasil pode atingir a marca de sexto país com maior consumo de remédios do mundo. A projeção estima também que as vendas poderão ultrapassar os US$ 38 bilhões. Quando visto por essa ótica, o cenário parece positivo, mas a questão se afunila quando o assunto é o descarte ambientalmente correto desses fármacos.
De acordo com a professora do curso de Farmácia da Uninter, Patricia Rondon, antes de saber como será feito o descarte adequado é preciso ter em mente a prática do uso consciente dos fármacos. “Uso racional do medicamento caracteriza-se como o uso do medicamento quando os pacientes precisam da sua utilização, e a gente vai fazer o uso em condições adequadas, ou seja, com a correta dosagem”, descreve a docente.
A também professora do curso, Karolina Marques, relembra que o maior problema do descarte de medicamentos não está relacionado aos hospitais ou indústrias do ramo, mas ao uso doméstico. “A maioria não dispensa os medicamentos de maneira incorreta porque querem contaminar, é porque a maioria não sabe o que fazer com aquelas sobras”, diz.
O caminho para um remédio atingir o meio ambiente é relativamente curto. O próprio corpo elimina drogas e isso já faz com que seu destino sejam os rios. Um exemplo: ao passar uma pomada e na sequência ir para o banho, o produto irá desaguar no meio ambiente, por meio dos encanamentos.
Para se ter uma ideia, Patricia apresentou um estudo que descreve quais foram os medicamentos encontrados nos rios de alguns países. Veja abaixo:
- Alemanha: antiinflamatório, analgésico, antipirético, anti-hipertensivos.
- Reino Unido: anti-hipertensivos.
- Itália: furosemida, atenolol, antibióticos, ibuprofeno, entre outros.
Além dessa eliminação de forma natural, temos ainda a criação das “farmacinhas” dentro de casa, que foram impulsionadas pelo fácil acesso à medicamentos com baixo custo ou gratuitos, sem falar no elevado número de farmácias – cerca de uma para cada 3.300 habitantes, segundo dados do Conselho Federal de Farmácia.
Ou seja, suponhamos que temos um paciente que necessite de um antibiótico durante 10 dias, mas só é possível comprar ou pegar no posto de saúde o medicamento com a caixa de 30 comprimidos. O que fazer com esse excedente? A maioria das pessoas armazena para quando precisarem novamente, mas Patricia alerta que “guardar um remédio em casa não é uma atitude correta. E muitas pessoas podem até querer utilizá-los sem necessidade para não perder o medicamento”.
Então, como descartar um medicamento?
Segundo a Agência Brasil, em 2019 apenas nas redes da Abrafarma, que representam 43,7% do mercado total de medicamentos, foram recolhidos 130 toneladas de resíduos de medicamentos e embalagens. Por outro lado, pesquisas estimam que cerca de 20% de todos os remédios utilizados ainda são descartados de forma irregular.
Pensando nisso, as professoras indicam quais são as formas mais adequadas de realizar esse descarte. A primeira delas é levar medicamentos que sobraram ou que já venceram aos postos de coleta, que podem ser farmácias, postos de saúde e até supermercados. “Esses locais não fazem uma nova distribuição. Se eles receberem uma caixinha de medicamento lacrado, eles não podem doar esse medicamento porque não sabem como foi o armazenamento do mesmo”, complementa Patricia.
Outra alternativa são os caminhões especiais que existem em algumas regiões. Em Curitiba (PR), por exemplo, há a coleta do lixo especial que engloba pilhas, baterias e, claro, medicamentos.
Em busca de maximizar o conhecimento sobre esse tema e, consequentemente, promover o descarte ambientalmente correto de medicamentos, os alunos do curso de Farmácia da Uninter preparam um material informativo sobre o assunto. Afinal, segundo a professora Karolina, “é preciso partir da educação para, aí sim, conscientizar as pessoas”. O folder pode ser acessado através do perfil do Instagram do curso de Farmácia ou clicando aqui.
O tema Descarte de medicamentos e seu impacto no meio ambiente foi debatido na 2ª Maratona Ecos do Brasil, organizada pela Escola Superior de Saúde, Biociência, Meio Ambiente e Humanidades da Uninter. As professoras Patricia Rondon e Karolina Marques abordaram o assunto em live transmitida pelo Facebook e YouTube do evento, que contou com tradução em Libras pelos profissionais do Serviço de Inclusão e Atendimento aos Alunos com Necessidades Educacionais Especiais (Sianee).
Autor: Poliana Almeida – Estagiária de JornalismoEdição: Mauri König
Créditos do Fotógrafo: Divulgação