BET e a aposta perigosa: quanto isso custa para o país?

Autor: *Marcos José Valle

A ignorância e a ganância são primas cruéis e, quando caminham juntas, a maldade impera sobre suas vítimas. Atualmente, milhões de brasileiros fogem do tédio da vida cotidiana, divertindo-se com apostas esportivas em sites especializados, os famosos BETs. Enquanto isso, o Governo Federal busca resolver, de forma drástica, o problema de mais de 600 sites irregulares operando no país, com impactos negativos para a saúde econômica e mental dos cidadãos. 

Após a regulamentação das apostas esportivas no país pela Lei nº 13.756 de 2018, que visava controlar e monitorar essa atividade, o mercado foi invadido por iniciativas irregulares, prejudicando a economia. Ao apostar em canais não regulamentados, os brasileiros enviam dinheiro para o exterior, geralmente para paraísos fiscais, as chamadas offshores. Além disso, os impostos devidos por essas operações não são pagos, o que agrava a evasão fiscal. 

Embora possa haver discussão sobre a alta carga tributária, o governo tem a função de arrecadar e gerir recursos oriundos de atividades econômicas, quaisquer que sejam, para beneficiar a sociedade como um todo. Nesse contexto, estima-se um prejuízo de R$ 24 bilhões em impostos não pagos ao país. As medidas drásticas, portanto, visam impedir a saída de divisas e privilegiar atividades devidamente regulamentadas, que contribuem para o crescimento econômico. 

Outro aspecto alarmante da questão é que muitas pessoas aderiram espontaneamente a essa atividade, que ultrapassa o simples entretenimento, transformando-se em vício e levando ao endividamento e prejuízos na vida pessoal e familiar. Esse quadro foi agravado pela disseminação de informações por pessoas famosas e influenciadores digitais, confiáveis para muitos de seus seguidores, conferiram credibilidade aos sites irregulares, incentivando ainda mais o vínculo com essas plataformas. 

Os problemas econômicos associados a essas atividades, como lavagem de dinheiro e publicidade enganosa, também trouxeram consequências para a saúde pública, especialmente em termos de saúde mental. Mais uma vez, os custos da recuperação desse tipo de problema saem dos cofres públicos. Ao mesmo tempo, o setor de apostas esportivas, que se beneficia dos rendimentos gerados pelo mercado, não contribui com os tributos correspondentes, o que prejudica ainda mais os custos para a nação. 

Promessas de ganhos fáceis sempre são vistas com desconfiança pelos economistas, e no caso de apostas e jogos de azar, a certeza é de que os resultados satisfatórios se concentram apenas na casa que organiza as apostas. A longo prazo, todo apostador acaba perdendo o dinheiro investido e os seus ganhos, ficando endividado, sempre na esperança de reverter as perdas. E o que dizer dos brasileiros que apostaram em sites irregulares? O Governo Federal já disponibilizou orientações para que recuperem o dinheiro depositado, então é bom agir rápido para evitar frustrações. 

*Marcos José Valle, economista Professor do curso de Ciências Econômicas da Uninter. Graduado em Ciências Econômicas pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (2001). Mestre em Sociologia (UFPR) e doutor em educação (UTP). 

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