Autoridades de saúde monitoram ameaças virais ao redor do mundo
Autor: Leonardo Tulio Rodrigues – Estagiário de JornalismoCientistas divulgaram, no último mês, a existência de um novo vírus animal que vem se espalhando entre humanos nos últimos anos. A descoberta da Langya henipavirus foi noticiada após a primeira pesquisa científica sobre o vírus, publicada no periódico New England Journal of Medicine na segunda semana de agosto.
De 2018 a 2021, a langya causou infecções em ao menos 35 pessoas, ainda sem registros de mortes. A divulgação da descoberta reforça ainda mais a preocupação quanto à onda de doenças zoonóticas que se espalha com frequência em muitos lugares do mundo.
O coordenador do curso de Biomedicina da Uninter, Benisio Ferreira, comenta que outras dezenas de vírus já são monitorados por autoridades de saúde atualmente, mas ainda não chegaram ao conhecimento da mídia e do público.
Nesse processo de monitoramento de patógenos emergentes, especialistas realizam Investigações para constatar o grau de transmissibilidade de determinados vírus. Em muitas ocorrências, tais patógenos são oriundos de espécies animais, sendo o homem o infectado final.
O coordenador explica que existe um trabalho de monitoramento para atestar o surgimento de variantes que possam ser mais agressivas e gerar cenários endêmicos ou pandêmicos.
Entre os patógenos monitorados ao longo do tempo, Benisio ressalta o exemplo da covid-19, que segundo ele vai se tornar mais uma das viroses endêmicas, como a H1N1.
“Nós vamos conviver com a covid daqui para a frente, mas o mais importante já aconteceu, que foi o desenvolvimento de medidas preventivas de novos casos graves, no caso a vacina”, comenta.
No entanto, não há motivos para baixar a guarda. Ele reitera a importância de continuar com a prevenção, por meio da vacinação e do uso de máscaras para quem se sentir mais seguro dessa forma.
A Monkeypox, popularmente conhecida varíola dos macacos, também se encaixa na categoria de patógenos monitorados por autoridades de saúde de todo o mundo.
O vírus foi detectado pela primeira vez em uma transmissão de macacos para humanos em 1950. No entanto, o vírus não tem no macaco o seu principal hospedeiro, mas foi transmitida inicialmente através dele.
Diferente da varíola convencional, que causou problemas décadas atrás e era específica de humanos, a Monkeypox causa menos danos à saúde, tendo uma transmissibilidade menor e sendo mais fácil de ser controlada.
De acordo com os pesquisadores, a Langya possui aspectos semelhantes aos constatados na varíola dos macacos. Seu diferencial é que ainda não há sinais de transmissão do vírus Langya no contato de pessoa para pessoa.
O relatório divulgado aponta que a provável origem da infecção é animal. Há indícios de que o musaranho – mamífero habitante da América do Norte, Europa, África e Ásia – seja um reservatório natural do vírus, informação que ainda precisa ser confirmado com mais estudos.
Apesar da grande repercussão, especialistas asseguram que a detecção do novo vírus está longe de significar uma nova pandemia. Mesmo assim, a descoberta preocupa, pois outros patógenos desse grupo já causaram surtos graves na Ásia e na Oceania.
“É apenas mais um vírus que está sendo monitorado por ter infectado humanos. Esse tipo de vírus é característico dos animais e circula entre eles”, diz Benisio.
De acordo com ele, precisamos estar alertas e saber quando um desses vírus se apresenta com variações que possam aumentar sua transmissibilidade.
Identificar o quanto antes o patógeno nos permite saber se existem medicamentos a serem utilizados de forma direta ou se será necessário desenvolver novas alternativas.
“Esperamos que eles sejam identificados de forma rápida e possamos ter plataformas de produção de vacina e medicamento para responder a possíveis novas pandemias”, conclui.
Os problemas emergentes na saúde mundial foram o tema do programa Saúde em Foco, exibido pela Rádio Uninter em 16 de agosto. A jornalista Bárbara Carvalho recebeu o coordenador do curso de Biomedicina da Uninter, Benisio Ferreira, para esclarecer dúvidas sobre os vírus que vem preocupando o mundo.
Assista ao programa Saúde em Foco dessa semana pelo canal de Youtube da Rádio Uninter.
Autor: Leonardo Tulio Rodrigues – Estagiário de JornalismoEdição: Larissa Drabeski
Créditos do Fotógrafo: Pixabay