Aspectos para revisar, repensar e planejar o ensino híbrido na educação infantil

Autor: Vanessa Queirós Alves e Karlla Tathyanne Coelho*

Olhando para as especificidades da educação infantil, diante dos anos atípicos de 2020 e agora em 2021, se faz necessário discutir alguns tópicos, entre eles, como se assume e se entende o ensino híbrido na educação infantil, ou seja, quais características esse ensino possui ao estar voltado às crianças pequenas, no contexto atual. Tendo em vista que a proposta de ensino híbrido foi concebida como uma integração de tecnologias digitais no ensino, na perspectiva de que existem múltiplas maneiras de ensinar e de aprender.

O ensino híbrido é muito mais do que uma tecnologia, uma sequência de atividades, é uma proposta que combina técnicas do ensino presencial com técnicas do ensino on-line. Trata-se de algo amplo, que perpassa por uma mudança coletiva na sociedade, a qual identifica o local em que a escola está situada como o centro do ensino e aprendizado, ou seja, não é um local de transmissão de conhecimento de forma passiva entre professores e alunos, mas um espaço de referência para se ensinar e se aprender de forma dinâmica, inovadora e colaborativa.

Pensar em ensino híbrido é entender que o estudante é o sujeito ativo, o centro da aprendizagem e o professor é o mediador do conhecimento. Portanto, é fundamental compreender que os estudantes aprendem de formas diferentes. Pode-se dizer que a modalidade híbrida é uma personalização do ensino, é a criação de ambientes personalizados de ensino e aprendizagem.

O ensino híbrido na educação infantil, contudo, tem suas especificidades que diferem de outras etapas de ensino. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), crianças menores de 1 ano de idade não devem ser expostas a nenhum tipo de tela. E, de acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), as crianças de 2 a 5 anos devem fazer uso de telas por no máximo uma hora por dia.

Considerando o exposto, significa que para as turmas de crianças até 2 anos o ensino híbrido com uso de tecnologias digitais é inviável, sendo que as atividades propostas devem ser realizadas tanto na escola quanto em casa, em uma perspectiva de exploração dos espaços em que a criança tem contato e dos seus sentidos por meio de diversos materiais, como proposto nos campos de experiência da BNCC (Base Nacional Comum Curricular), sendo eles:

  • O eu, o outro e o nós;
  • Corpo, gestos e movimento;
  • Traços, sons, cores e formas;
  • Escuta, fala, pensamento e imaginação;
  • Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações.

Além disso, no tempo de distanciamento dessas crianças da escola, é fundamental uma aproximação ainda maior das famílias com a instituição de ensino para saber que tipo de atividades são apropriadas e o que é possível realizar em casa para o melhor desenvolvimento das crianças. Também se faz necessário pensar que as atividades direcionadas às crianças de 3 a 5 anos, sejam planejadas com vídeos curtos e fracionados propondo atividades combinadas, mesclando tecnologia digital com outros tipos de recursos, com tempo de realização adequado à capacidade de atenção e concentração das crianças.

De acordo, com o Conselho Nacional de Educação (CNE) que elaborou no ano passado algumas diretrizes de orientação para as escolas da educação básica e instituições de ensino superior durante a pandemia do coronavírus, há uma indicação de que na educação infantil sejam criadas ferramentas de interação virtual com as famílias para estreitar os vínculos, e que as soluções pedagógicas devem considerar que as crianças dessa etapa de ensino aprendem brincando, de forma prioritária.

Dessa forma, para que a educação infantil aconteça em um contexto híbrido de aprendizagem é imprescindível uma aproximação das famílias para entender seus recursos, facilidades e dificuldades no que concerne ao acompanhamento das atividades. Além disso, é preciso realizar um diagnóstico de cada estudante para entender seu processo de desenvolvimento a fim de que haja maior personalização no ensino. E que em ambas as instituições, escola e família, se tenha empatia, pesquisa e diálogo para que a criança, centro do processo educativo, aprenda e se desenvolva da melhor maneira possível.

* Vanessa Queirós Alves é graduada em Pedagogia e História, doutoranda em Educação e professora da Área de Educação da Uninter. Karlla Tathyanne Coelho é graduada em Pedagogia, especialista em tutoria em EAD e professora da Área de Educação da Uninter.

Incorporar HTML não disponível.
Autor: Vanessa Queirós Alves e Karlla Tathyanne Coelho*
Créditos do Fotógrafo: Katerina Holmes/Pexels


Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *