As incríveis 100 medalhas de Bruna
Autor: Ariadne Körber - Estagiária de JornalismoO xadrez é um jogo milenar, nascido na Índia no século 6, mas que se tornou conhecido na Europa por meio dos árabes e hoje é praticado em todo o mundo. No começo, contava apenas com as peças de posições militares, como peões, reis e cavaleiro. Com o tempo o jogo foi evoluindo, e durante a idade média foram trocados os elefantes por bispos e as carroças por torres.
Como outros jogos de tabuleiro, o xadrez demanda disciplina, estratégia e concentração, qualidades muito úteis para qualquer estudante, e também para uma advogada. É o que pensa Bruna Garcia de Souza, de 22 anos, jogadora de xadrez e estudante de Direito da Uninter.
Bruna joga xadrez há 11 anos, desde quando era criança e ainda morava em Joaçaba (SC). Tudo começou despretensiosamente com partidas entre ela e seu professor de educação física. O interesse da estudante foi crescendo, e logo ela começou a participar de torneios. O primeiro foi em 2009, na cidade onde morava, no qual ficou em segundo lugar.
A partir de então, Bruna começou a se dedicar ao esporte, e treinava com sua irmã, Kim Garcia de Souza, que também passou a se interessar pelo jogo. Por sua dedicação e pelo destaque que conseguiam nas competições, as irmãs começaram a receber auxílio do governo para competir.
Entre 2010 e 2011, Bruna se mudou com a família para Curitiba (PR) e foi convidada para participar do time da capital paranaense. Ao longo da carreira, a jovem enxadrista representou também Franca (SP), São José dos Pinhais (PR) e Maringá (PR), sendo esta cidade a que a ela representa atualmente.
Bruna já conta com mais de 100 medalhas, tendo ficado em primeiro lugar por 17 vezes. Seu último título foi o de campeã no Campeonato Paranaense Universitário de Xadrez Online, que ocorreu no dia 16.mai.2020, no qual representou a Uninter pela primeira vez.
Antes de ingressar na Uninter, Bruna estudava pedagogia e trabalhava com crianças na primeira infância. Foi durante suas práticas nesse curso que a jogadora decidiu cursar Direito. “A princípio foi porque eu queria conhecer os direitos das crianças e adolescentes e protegê-los, mas também foi por considerar esse curso de extrema importância para qualquer cidadão”, afirma.
Em 2017, além de combinar o trabalho e o xadrez, Bruna fazia cursinho e estudava para o vestibular. Com a sua nota no Enem, a estudante conseguiu uma bolsa parcial para cursar Direito na Uninter, curso que começou no segundo semestre de 2018.
O esporte teve impacto decisivo na vida de Bruna. Além do auxílio financeiro que recebe como jogadora, lhe ajudou na vida acadêmica e profissional. “O xadrez me ajudava em matemática na época da escola, em lógica, ajudou a me concentrar mais, me ensinou a ser persistente, a trabalhar em equipe. E o auxílio que eu ganho com o xadrez ajudou a pagar meus estudos”, conta a estudante.
Apesar de ser um destaque no xadrez e competir com outras jogadoras que classifica como fortes competidoras, Bruna sente falta de mais mulheres no esporte. “De um modo geral, o xadrez feminino no Brasil tem uma defasagem muito grande quando comparado com o masculino. As jogadoras que permanecem competindo são minhas colegas de torneios há anos”, lamenta Bruna.
Além da rotina de treinos, Bruna mantém uma rotina de estudos de no mínimo uma hora diária, além dos finais de semana. Tamanha dedicação fez com que Bruna tivesse apenas três notas abaixo de 80 em todas as matérias cursadas até o momento, e alimenta o seu sonho de fazer um mestrado na área e depois lecionar.
Autor: Ariadne Körber - Estagiária de JornalismoEdição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Arquivo pessoal Bruna Garcia de Souza