As arboviroses e a chegada do verão
Autor: Rodrigo Berté e André Maciel Pelanda (*)Com a chegada do verão, existe uma maior incidência de chuvas em muitas regiões do Brasil, sendo que o aumento nas temperaturas, combinado com uma maior pluviosidade, cria um ambiente ideal para a proliferação de mosquitos que podem gerar casos de doenças conhecidas como arboviroses, entre elas a dengue, Zika, Chikungunya e febre amarela.
O acúmulo de água nas residências favorece a proliferação de algumas espécies, como o Aedes aegypti, que é o causador da dengue. O vírus da dengue (DENV) é transmitido pela picada da fêmea do mosquito, e, de acordo com o Ministério da Saúde, é a arbovirose com maior prevalência nas Américas, especialmente no cenário brasileiro, onde indivíduos acometidos pela doença têm a possibilidade de evoluir para casos graves, principalmente as pessoas que possuem doenças crônicas, como diabetes e hipertensão, pois ainda não existe uma vacina para a doença.
A febre Chikungunya pode ser transmitida pela picada do Aedes aegypti e Aedes albopictus, sendo que essa doença foi introduzida no continente americano no ano de 2013 e foi detectada pela primeira vez no Brasil em 2014. Nos ambientes urbanos, a Chikungunya é transmitida especialmente pelo Aedes Aegypti e, em ambientes rurais, o principal vetor é o Aedes albopictus. Vale lembrar que ainda não existe uma vacina para a doença, portanto a melhor forma de prevenção é evitar a visitação de áreas selvagens onde os mosquitos que transmitem a doença são encontrados e evitar a proliferação do Aedes aegypti em ambientes urbanos.
A Zika é uma doença transmitida somente pelo Aedes aegypti, em que cerca de 80% das pessoas infectadas pelo vírus não desenvolvem sintomas. No entanto, algumas pessoas podem apresentar dor de cabeça, febre, vermelhidão nos olhos e dores articulares que podem persistir por cerca de um mês. As formas graves da doença são raras, porém podem eventualmente ocorrer e evoluir para o óbito do indivíduo infectado. Assim como a dengue e Chikungunya, também não existe uma vacina contra o vírus causador da Zika, por isso a melhor forma de prevenção é evitar a proliferação do vetor da doença.
A febre amarela é uma arbovirose de ocorrência sazonal na região extra-amazônica, especialmente em algumas regiões do Sudeste, com um maior registro de casos entre os meses de dezembro e maio. Nos ambientes silvestres, os mosquitos que são os vetores da doença pertencem ao gênero Haemagogus e Sabethes. No ciclo urbano, a doença pode ser transmitida pelo Aedes aegypti. No entanto, o último caso de febre amarela urbana foi registrado no Brasil no ano de 1942 e todos os casos posteriores são decorrentes do ciclo silvestre de transmissão. Atualmente, existe uma vacina para a febre amarela, e os casos registrados no Brasil são decorrentes de pessoas não vacinadas que frequentam ambientes silvestres onde a doença ocorre.
Algumas pessoas podem evoluir para casos graves de febre amarela, podendo apresentar febre alta, hemorragia e insuficiência múltipla dos órgãos. A doença também pode acometer animais, como os primatas. Em casos de registros de macacos doentes ou mortos, a secretaria de saúde do município ou do estado deve ser notificada. É importante salientar que os macacos não transmitem a doença, sendo vítimas, assim como os seres humanos, do vírus transmitido por mosquitos infectados.
Com a aproximação do verão, é fundamental que as pessoas tomem os devidos cuidados e evitem o acúmulo de água que pode servir de criadouro de mosquitos em suas residências, pois, além de se protegerem, também estão protegendo os seus próximos, visto que os mosquitos podem voar em um raio de mais de 100 metros e as arboviroses podem gerar casos graves, além de que uma alta incidência de casos pode gerar uma sobrecarga do sistema de saúde.
*Rodrigo Berté é doutor e pró-reitor de graduação da Uninter.
*André Maciel Pelanda é mestre e professor da área de Gestão Ambiental da Uninter.
Autor: Rodrigo Berté e André Maciel Pelanda (*)