Apoio psicológico é essencial à recuperação de pacientes internados

Autor: Matheus Pferl - Estagiário de Jornalismo

As incertezas de quem enfrenta uma doença ou um tratamento de risco, como um transplante, são capazes de abalar qualquer pessoa. Idosos, adultos, jovens ou crianças, não estamos preparados para esses momentos de dificuldade, e o auxílio psicológico, tanto para o paciente como para a família, é fundamental nestes casos. Ainda subestimado, o apoio psicológico pode ser o diferencial em um tratamento médico complexo.

No artigo intitulado Pessoas hospitalizadas em diferentes momentos da vida, de Aquicélio Antonio de Oliveira Junior, publicado no Caderno de Saúde e Desenvolvimento da Uninter,  debate-se a importância da atuação dos psicólogos em momentos de dificuldades e incertezas que enfrentamos durante o tratamento de uma doença. O autor avaliou casos de pacientes com diferentes idades, analisando o impacto que o tratamento psicológico pode ter sobre eles, além das questões éticas envolvidas.

O transplante de órgãos é um procedimento que consiste na reposição de um órgão ou tecido, provenientes de um doador vivo ou morto. Os principais órgãos transplantados são: coração, pulmão, rim, pâncreas, fígado ou tecidos, medula óssea, ossos e córneas. O tempo de espera para o transplante pode variar. A adaptação psicológica é mais difícil quando o transplante ocorre de forma muito rápida; e quando o tempo de espera é maior, pode ser aproveitado para validar o tratamento e expor ao paciente que após o transplante é possível ter uma nova vida.

O autor explica que a psicologia da saúde tem como objetivo entender como os fatores sociais, biológicos e comportamentais influenciam na doença e na saúde. Os psicólogos da saúde atuam no ambiente hospitalar, na comunidade, no atendimento domiciliar, entre outros. O psicólogo pode, também, ajudar na prevenção de doenças e tratamentos, além de promover a saúde no sistema público, formulando políticas públicas.

O atendimento do psicólogo hospitalar na área de transplantes para adultos e crianças não é focado unicamente no paciente, mas também nos seus familiares. Esse apoio é ainda mais fundamental em casos de doenças graves, pois os pacientes podem reagir de distintas formas.

Segundo Oliveira Junior, diferente do adulto, a criança, por conta de uma maior sensibilidade, tende a confiar prontamente na equipe médica. Entretanto, essa criança se depara com um ambiente cercado de pessoas desconhecidas, além do afastamento de suas atividades cotidianas, como os estudos e a interação com outras crianças. Por ter sua vida alterada, deve-se considerar os sentimentos e desejos dessa criança, que devem ser registrados antes do processo de hospitalização.

Brinquedos e atividades que estimulem a imaginação influenciam positivamente no tratamento das crianças. Quando internadas em UTIs (Unidade de Terapia Intensiva), isso pode ser um pouco mais complicado, visto que não se permite brinquedos neste ambiente, porém existem outras formas de estimulação.

Em relação a pacientes idosos com necessidade de transplante, mesmo com consciência das enfermidades existentes e do seu envelhecimento, o paciente nunca está preparado para receber este diagnóstico, conforme aponta o autor. Existe uma dualidade de sentimentos, diante da esperança de uma vida saudável ou do seu fim, por conta das complicações que podem ocorrer antes, durante ou após a cirurgia.

Nos casos de idosos com doença crônica terminal, é um processo ainda mais complicado. A necessidade de hemodiálise, as alterações no seu cotidiano e o risco de óbito, além do tempo de espera por um transplante e as complicações do pós-operatório, são fatores que geram a incerteza e insegurança no paciente.

Citando Lustosa (2007), Oliveira Junior argumenta que os idosos precisam de um atendimento diferenciado, independentemente de seu estado de saúde. Esse paciente merece uma atenção especial para que a sua autoestima, que foi abalada pela enfermidade, seja recuperada. Além da responsabilidade com o ser humano, há questões éticas evolvidas com o procedimento de transplante, com visões filosóficas, religiosas e políticas.

Assim, o profissional da psicologia hospitalar precisa saber o máximo possível sobre o paciente. É importante também levar em conta aspectos ligados à subjetividade da pessoa, criança, adulto ou idoso. No caso das crianças, a família pode ter mais influência no tratamento, e quando o profissional consegue fazer essas interpretações, sua atuação sobre esses pacientes se torna mais assertiva e, consequentemente, com chances de êxito maiores, conclui o artigo.

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Autor: Matheus Pferl - Estagiário de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Pixabay


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