Apita o juiz! Comunicação em campo no mundial
Autor: Daniela Mascarenhos - estagiária de jornalismoMuito mais que apenas futebol, a Copa foi um dos eventos mais aguardados de 2022 e impacta diretamente em diversas áreas. Seja na economia, meio ambiente ou como aspecto sociocultural de um país. Com a comunicação não seria diferente.
E engana-se quem pensa que a comunicação está presente apenas nas transmissões dos jogos. Quando se trata de futebol, ela faz parte de absolutamente tudo. Desde a comercialização dos álbuns de figurinhas e as trocas entre amigos, até a influência dos jogadores ao ditar tendências de chuteiras e cortes de cabelo.
Um exemplo foi a febre entre as crianças com o corte lançado pelo jogador fenômeno Ronaldo durante a Copa de 2002, ano em que o Brasil conquistou o pentacampeonato. Foi uma marca na história do futebol, até hoje todos se lembram. Ato que se repetiu quando o jogador Neymar adotou o penteado moicano para a disputa do mundial em 2014.
A professora e tutora dos cursos de pós-graduação na área de Comunicação, Edna Chimenes, diz que considera os jogadores de futebol como parte do grupo de influenciadores digitais. “Nós temos visto esses atletas virarem celebridades na mídia. Essa relação entre comunicação e esporte tem sido pensada na formação de atletas, técnicos, para que eles não falem nada que possa gerar polemicas”, explica.
Os clubes também se preocupam com a formação dos seus jogadores. Afinal, os garotos passam a representar esses times com 13 anos de idade e mesmo sendo das categorias de base já dão entrevistas e aparecem na mídia.
“Toda essa orientação, tanto pela assessoria esportiva, quanto pelos agentes que gerenciam a carreira do atleta, trabalham a forma como ele deve se portar em uma entrevista. Também as redes sociais”, explica o educador físico e doutorando em Educação Física, Emerson Micaliski. Ele complementa que os atletas estão sujeitos a errar, mas que isso pode gerar muitos comentários negativos, principalmente por parte da torcida.
Além da imagem do próprio jogador, também é preciso observar a resposta dos patrocinadores. Afinal, as grandes marcas pagam – literalmente, para não ter seus nomes envolvidos em polêmicas. Dessa forma fica ainda mais evidente a necessidade desse treinamento.
A comunicação faz o jogador
Hoje a mídia recai, principalmente, sobre o futebol europeu. A nata do futebol se encontra na Europa. Mas o que influenciou esse cenário, foi justamente a imagem (e resultados) das equipes Sul-Americanas durante as disputas do mundial.
A comercialização dos jogadores brasileiros para atuar em clubes europeus se tornou muito comum. E embora muitos pensem que isso talvez pudesse atrapalhar o sentimento de identificação do brasileiro com os jogadores, o cenário foi oposto. A ponto de que as principais disputas de campeonatos da Europa estejam inclusas na programação televisiva aqui no Brasil.
“A televisão encurtou essa questão geográfica. É comum que crianças usem camisetas de times europeus. É natural. Lá estão os principais jogadores. E mesmo a questão da identidade [brasileira] não se perde”, explica o professor Emerson.
Ele utiliza como exemplo o atual time da seleção brasileira, “o goleiro Alisson foi revelado e jogou pelo Internacional, então os torcedores vão querer continuar torcendo por ele. Assim como outros jogadores que tiveram a revelação aqui no Brasil, a torcida guarda isso com carinho”.
A comunicação é feminina
Não somente o destino dos jogadores mudou com o passar dos anos, mas quem faz a partida acontecer também. “A gente já vê esse crescimento do público feminino. Não só como jogadoras, mas bandeirinhas, a arbitragem. E agora incluindo as comunicadoras que também estão participando mais. Como as comentaristas e narradoras”, complementa a professora Edna.
Ainda que recentemente, as mulheres foram conquistando seu espaço. Os exemplos vêm desde as jornalistas do ramo esportivo, repórteres internas de um clube em específico, até chegarmos nas primeiras narradoras em veículos de comunicação.
Um fato interessante é que a edição de 2022 da Copa foi palco de um marco histórico: pela primeira vez no mundial tivemos uma mulher narrando os jogos. A personagem deste marco é Renata Silveira. Além disso, também estão presentes as ex-atletas Formiga e Cristiane Rozeira como comentaristas.
“A Formiga jogou até depois dos 40, é uma referência para as mulheres e para o futebol feminino. Na verdade, Formiga, Cristiane e Marta são o nosso tripé do futebol feminino. Então, ter duas dessas jogadoras dando continuidade ao legado, representa algo grande”, explica o professor Emerson.
Ele complementa que, “são excelentes profissionais que ainda sofrem preconceito apenas por serem mulheres. Mas quem entende realmente de futebol, sabe que a análise delas é muito boa. Então vale esse registro. A análise que elas fazem é imparcial e muito boa, melhor que a de muito homem que comenta sobre futebol”, diz.
O professor conclui: “isso com certeza é um ganho para a comunicação”.
A edição do Hipermídia de novembro falou sobre Comunicação e a Copa. O programa foi transmitido pela Rádio Uninter, e para o bate-papo, Edna Chimenes e Clóvis Teixeira Filho receberam o coordenador da área de pós-graduação em Educação Física da Uninter, Emerson Micaliski.
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Autor: Daniela Mascarenhos - estagiária de jornalismoEdição: Larissa Drabeski
Créditos do Fotógrafo: Brasil com S e reprodução Youtube