Angola ganha um novo sonhador
Alice Gonçalves – Estagiária de Jornalismo
A saudade e a dor da lembrança de ter deixado a família para trás, em um país em guerra, em algumas horas, serão sentimentos convertidos em lágrimas de alegria. Wilson Madeira, angolano refugiado no Brasil há 15 anos, volta hoje para sua cidade natal, no sul da Angola, para realizar um sonho: montar um instituto de capacitação de pessoas com deficiência visual.
“Sempre que leio alguma notícia sobre a situação de dependência e analfabetismo das pessoas com deficiência visual do meu país, me dá uma tristeza imensa e aumenta a vontade de ir ajudá-los. Hoje, estou indo em busca da realização um sonho que já planejo há muitos anos”, diz emocionado.
O angolano, também conhecido como Will Bantu, aproveitou o tempo de permanência no Brasil para se dedicar a diversos projetos, principalmente, aos estudos acadêmicos e à música. Formou-se em Psicologia, fez cursos de informática e braile, além de ter apostado no talento como músico, compositor e instrumentista.
Bantu trabalhava no Instituto IBGPEX, braço de responsabilidade socioambiental do Grupo UNINTER, como coordenador do projeto Ser Capaz, ajudando na capacitação de outras pessoas com deficiência visual. Ele destaca a sua gratidão por ter passado pela instituição. “Todas as pessoas da UNINTER, as quais tive oportunidade de conhecer e trabalhar, sempre me trataram muito bem, com muito respeito e consideração”, relembra.
E ao comentar sobre a sua partida emociona-se: “sentirei saudades do país, de Curitiba e da UNINTER. O Brasil já é minha segunda terra e os brasileiros, minha segunda família”.
Instituto Francisco Benguela
O instituto já tem nome: Francisco Benguela. Bantu conta que essa é uma homenagem a um amigo também com deficiencia visual, que veio da Angola junto com ele, mas que faleceu em 2013. “Meu herói”, é assim que ele se refere ao amigo e ainda relembra “nós sonhávamos juntos em um dia voltarmos para Angola e criarmos um instituto para ajudarmos nossos conterrâneos cegos”.
Edição: Marjorie Gomes