Alvino Moser, decano da Uninter, lenda viva da educação brasileira
A educação teve papel de destaque desde os primórdios da colonização brasileira, ainda que fosse através de um ensino focado na catequização dos indígenas que aqui viviam. Em meados de 1549, com a chegada dos jesuítas, os ensinamentos eram totalmente ligados à Igreja Católica, e assim foi por muitos anos, até a primeira “reforma” da educação, no final do século 18, implantando um modelo de ensino laico.
Ainda assim, o ensino religioso foi mantido nas escolas, e surgiram muitas instituições que continuaram a preservar um modelo atrelado ao catolicismo. Um deles, o Instituto dos Irmãos Maristas das Escolas, hoje conhecido como Grupo Marista, foi por muitos anos o lar do decano da Uninter, professor Alvino Moser. Ele conta que chegou lá como aluno e continuou, anos mais tarde, como professor. Assista clicando aqui a uma entrevista com Alvino Moser.
A história de Moser
Nascido em 1933, no pequeno município de Rodeio (SC), até 1939 Moser não falava português, e foi obrigado a aprender para frequentar a escola. Veio para Curitiba estudar em 1946. Na época, durante o início da segunda guerra mundial, existia uma revista chamada En Guardian, que era entregue para as pessoas, e o ajudou a se alfabetizar também em espanhol. “Eu queria ler durante as férias, então eu e meu sobrinho, um pouco mais velho, invadimos a biblioteca, e eu peguei os livros emprestados. Nós não roubamos, mas depois fomos castigados por isso”, conta aos risos.
“Eu entrei no Marista com 12 anos, e todos eram obrigados a falar francês. O pessoal que estudava lá aprendia a falar desde pequeno, mas eu nunca tinha aprendido. Só que, quem fosse pego falando português ou francês errado, ficava sem sobremesa e de castigo. Como eu nunca quis ficar sem sobremesa, aprendi a falar francês”, lembra o professor.
Ele recorda que, até esse momento, não existiam livros didáticos, e as aulas eram feitas através de ditado, mas Moser amava a leitura e estudar. Em 1954, começou a lecionar no Rio de Janeiro. De lá foi para vários outros lugares do Brasil. Entre 1960 e 1963, voltou a Curitiba para se graduar em Química e, após isso, foi para Brasília. Em 1967 viajou para a Université Catholique de Louvain, na Bélgica, onde se especializou ainda mais em outras áreas, durante três anos.
Mesmo após voltar ao Brasil, continuou retornando para a Europa até 1974, para terminar seu doutorado em ética. Entre idas e vindas, chegou a conhecer mais de 23 países só no continente europeu. Entre 1975 e 1976, deu aula em Santa Maria no Mestrado de Filosofia, retornando após isso para a capital.
Moser estudou e lecionou durante muitos anos no Marista, e além das aulas era encarregado dos esportes. Atuou também como técnico de futebol por bastante tempo em Brasília, Santos, Espírito Santo, Franca e Curitiba. Após o mestrado em Filosofia, o esporte passou a ser atividade extraclasse, durante os intervalos de aulas e pequenos campeonatos em que atuava como árbitro.
Ensinou português, latim, francês, geografia, matemática, física e diversas outras matérias enquanto docente na faculdade, pois substituía todos os professores que faltavam.
A graduação em Química veio por entender que havia uma necessidade de profissionais bem preparados onde lecionava. Moser conta que, eventualmente, acabava por ministrar aulas e cursos para os próprios professores durante as férias. Mas sempre gostou de filosofia, e optou por buscar a área mais tarde.
O mais antigo da Uninter
Em 1992, começou a lecionar nas Faculdades Espírita, onde conheceu o fundador do Grupo Uninter, Wilson Picler, que, em 1996, criou o Instituto Brasileiro de Pós Graduação e Extensão (IBPEX), o que mais tarde viria a se tornar o Centro Universitário Internacional Uninter.
Moser começou no IBPEX dando aulas de Pedagogia e Correntes Filosóficas, e indicou para Picler os 40 primeiros professores. Ele também criou o plano do primeiro curso, o Metodologias da Pesquisa, que começou já na Espírita e se expandiu para todo Brasil. Em 2003 foi contratado para a instituição, que na época ainda era dividida entre Facinter e Fatec. Hoje é o professor mais antigo da Uninter, o que concedeu a ele o título de decano.
Aos 85 anos, cheio de força e muita vontade de ensinar, continua dando palestras e atuando como professor no Mestrado em Educação e Novas Tecnologias da Uninter. É uma das figuras de maior influência e respeito da instituição, pois foi essencial no processo de expansão dos cursos por todo o Brasil e, até hoje, ajuda a promover e fortalecer o nome da Uninter internacionalmente.
A orientanda de Moser no mestrado, Claire Stele destaca a paciência, humildade e sabedoria do professor. “É um exemplo pra mim, de perseverança, ajudando as pessoas a construir seu caminho”, diz.
O professor, que é muito admirado por todos, diz que nunca se interessou muito por outras atividades dentro da área de educação e, apesar de também escrever livros, a paixão são as aulas. “Dar aulas, pra mim, sempre foi um prazer. Eu pretendo continuar até os 90 anos, se Deus me der a vida até lá”.
Autor: Jaqueline Deina - Estagiária de JornalismoEdição: Mauri König
Créditos do Fotógrafo: Jaqueline Deina - Estagiária de Jornalismo
Nossa !, que surpresa !, que saudades !. Foi meu professor de filosofia no curso de direito na UNIPAR em Toledo/PR em 1999, há 21 anos.
Fui orientando do Professor Alvino no mestrado da UFPR turma 1990.
Uma honra.
Tornei-me amigo.
Trabalhamos juntos na Universidade do Vale do Itajaí, UNIVALI.
Muitas palestras e defesas de mestrado… UFPR e Católica de CURITIBA.
Um irmão e um amigo…