Alarmismo x oportunismo climático: a urgência de uma ação consciente

Autor: Larissa Warnavin (*)

Além do negacionismo climático, a tragédia no Rio Grande do Sul parece ter despertado o alarmismo em alguns que, de repente, perceberam que a emergência climática é real. Também expôs o oportunismo de outros que, mesmo possuindo uma “pegada” ecológica gigantesca, falam sobre mudanças climáticas com pouca propriedade e um conteúdo superficial, enquanto seus milhões de seguidores não são informados de como podem auxiliar a mitigar os efeitos do aquecimento global em suas comunidades.

Os alarmistas climáticos, quando pautados na ciência, são bem-vindos por trazerem informações sobre a crise climática, seus desdobramentos e ações efetivas para o combate às mudanças globais do clima. Eles podem ser considerados alinhados aos ativistas ambientais e demonstram um senso de responsabilidade em relação à sustentabilidade cotidiana. Além de dados científicos, possuem credibilidade por se alinhar às práticas ambientais, como reciclagem, compostagem, economia de água e energia, consumo de produtos nacionais, economia circular e escolha por veículos elétricos, limpos ou transporte coletivo.

Por outro lado, os oportunistas climáticos são aqueles que tentam beneficiar suas imagens com a pauta da sustentabilidade, mas que, em suas vidas, não se responsabilizam pelas questões ambientais e continuam mantendo seus estilos de vida neoliberais. Eles viajam em aeronaves particulares, trocam de carros a cada seis meses, consomem apenas roupas e produtos importados, usam joias de ouro vindas de garimpo, constroem casas de material sustentável, mas apenas para promover marcas Carbono Zero, muitas das quais não são verdadeiramente neutras em carbono, ou seja, produzem da mesma forma poluente, mas plantam árvores para compensar. Infelizmente, esses são os comunicadores com maior popularidade e audiência nas mídias sociais e veículos de comunicação, cuja hipocrisia de valores os impede de se responsabilizarem em fazer a sua parte.

Novos grupos climáticos provavelmente surgirão nos tempos vindouros, pois são muitas as facetas dessa pauta vital para permanência da vida no planeta. Porém, ao ser tratada de maneira fútil e superficial, essa questão pode escancarar uma triste realidade: falta humanidade no ser humano para admitir suas falhas e viver de uma forma mais harmônica com o ambiente. Falta bom senso para não falar sobre o que não se conhece. Falta respeito para não ser leviano com a vida planetária e aqueles que verdadeiramente lutam por dias melhores ao lado da ciência e da humanidade. E o que sobra é a incerteza se conseguiremos, como civilização, encontrar um denominador comum entre nossa necessidade de consumo e a preservação ambiental.

(*) Larissa Warnavin é geógrafa, mestre e doutora em Geografia. Docente da Área de Geociências do Centro Universitário Internacional Uninter.

Incorporar HTML não disponível.
Autor: Larissa Warnavin (*)


Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *