Agricultura Urbana: prática promete uso sustentável de espaços nas grandes cidades
Autor: Adriane Vasconcelos de Souza - Assistente de Comunicação AcadêmicaA agricultura urbana vem ganhando espaço como uma alternativa de promover práticas educativas e sustentáveis de consumo. A ideia já é adotada em vários lugares do mundo, com tendência de crescimento.
De acordo com a mestra em Gestão Urbana e professora da Uninter Luiza Chiarelli de Almeida Barbosa, é comum pensar em “agricultura” como sinônimo de cultivo em áreas rurais, mas que na verdade, ela também pode acontecer em ambientes urbanos, impulsionada também pela distribuição geográfica da população. Segundo dados da ONU, até 2050, 68% da população deve estar em área urbana. “A agricultura, que a gente tinha uma referência de um ambiente rural, vai precisar começar a acontecer no meio urbano, porque vai ser a nossa realidade muito em breve”, destacou Luiza.
E é interessante pensar que essa aproximação entre a produção agrícola e as cidades não é recente, como destaca a coordenadora dos cursos de pós-graduação de Arquitetura da Uninter, Andressa Muñoz: “Quando o ser humano parou de ser nômade, começaram os assentamentos, começou o desenvolvimento da agricultura, então aí que surgiram as cidades”, recorda.
Os benefícios de incluir plantações nos grandes centros urbanos são múltiplos, começando pela saúde mental. Apesar de oferecerem facilidades, as grandes cidades também são potencializadoras de problemas psicológicos e quadros de estresse na população. Por outro lado, a integração com a natureza se mostra uma alternativa interessante para contornar esses malefícios.
Um estudo feito no Reino Unido mostrou que residentes de grandes centros urbanos, quando em contato com a natureza em seu cotidiano, tiveram mudanças significativas no emocional e psicológico. A descoberta levou alguns médicos a indicarem, além de medicações, a exposição em espaços verdes como parte do tratamento para seus pacientes com comorbidades. O estudo também demonstrou benefícios para as crianças, produzindo estímulo cognitivo, melhora do humor, dentre outros.
E além de melhorar a saúde mental, a agricultura também pode ser um instrumento educativo de cooperativismo e com forte potencial de empreendedorismo. Hoje, em várias escolas e instituições brasileiras, já se adota a prática de cultivo de hortas, com intuito de incentivar a educação ambiental, responsabilidade e a cooperação entre os alunos.
Outro projeto que se assemelha são as hortas comunitárias, adotadas em várias cidades do Brasil. A iniciativa visa oferecer segurança alimentar entre pessoas de determinado bairro, em grandes metrópoles. O cultivo dessas hortaliças facilita o acesso a alimentos orgânicos de qualidade, o que melhora a saúde dos indivíduos, bem como ajuda aqueles financeiramente mais vulneráveis.
A agricultura urbana também abre espaço para empreender. E as ideias vão desde a produção de alimentos orgânicos até a venda desses produtos, passando por serviços de planejamento para a criação e manutenção desses espaços de cultivo.
Para a professora, a agricultura urbana também pode ser uma aliada para combater problemas recorrentes das cidades, como: enchentes e áreas de risco para habitação, podendo utilizar alguns desses espaços para o turismo. A cidade de Curitiba já vem fazendo uso desse recurso, com programas para horas comunitárias urbanas, escolares e institucionais.
A ideia também impacta diretamente no uso mais sustentável e consciente do meio urbano. A professora da Uninter Scharlise dos Santos destacou também que a adoção de hortas ou fazendas verticais não precisa estar restrita a espaços com alto investimento em tecnologias inovadoras. “E se a gente pensar em introduzir esse tipo de tecnologia em edifícios que hoje em dia estão sem uso, estão abandonados. Seria algo interessante para a urbanização”, avaliou.
A reutilização de prédios e terrenos abandonados, além de aumentar o acesso aos produtos de primeira necessidade, pode impactar na melhoria climática e uso mais responsável dos espaços nas cidades.
Pensando sobre os potenciais da prática da agricultura urbana, o tema foi debatido durante a V Maratona de pós-graduação da Uninter, que trouxe como tema Conexões interdisciplinares: o agro em tudo. Com 12 horas de duração, o evento contou com palestras sobre temáticas diversas. A palestra completa, com a participação das professoras Andressa Muñoz, Luiza Barbosa e Scharlise dos Santos, está disponível no canal do Grupo Uninter no Youtube.
Autor: Adriane Vasconcelos de Souza - Assistente de Comunicação AcadêmicaEdição: Larissa Drabeski
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