Agosto tem semana dedicada ao controle e combate à leishmaniose
Autor: Willian Barbosa SalesDo dia 10 a 17 de agosto, ocorre a Semana Nacional de Controle e Combate à Leishmaniose. Essa data foi oficializada e inserida no calendário oficial brasileiro com o objetivo de estimular ações educativas e preventivas, promover debates e outros eventos sobre as políticas públicas de vigilância e controle da doença, apoiar as atividades de prevenção e combate desenvolvidas pela sociedade civil e ainda para difundir os avanços técnico-científicos relacionados a sua prevenção.
As leishmanioses são classificadas como um conjunto de doenças causadas por protozoários do gênero Leishmania. São divididas em leishmaniose tegumentar, com manifestação em pele e mucosas, e a leishmaniose visceral, popularmente conhecida como calazar, que acomete os órgãos internos, sendo a forma mais grave da doença. Quando não tratada, 90% dos casos da leishmaniose visceral podem levar à morte, devido ao envolvimento sistêmico causado pela presença de parasitas em órgãos como medula óssea, baço e fígado. Ambas estão incluídas na lista nacional do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), de acordo com a Portaria de Consolidação n.º 4 de 2017.
Os sinais e sintomas mais comum da leishmaniose visceral são febre, emagrecimento, palidez e hepatoesplenomegalia. E o período de incubação no homem é de 10 dias a 24 meses, com média entre 2 e 6 meses, e no cão varia de 3 meses a vários anos, com média de 3 a 7 meses. Já para leishmaniose tegumentar, os sinais são lesões na pele ou mucosas, que podem ser únicas, múltiplas, disseminada ou difusa. Essas lesões apresentam aspecto de úlcera, com bordas elevadas e fundo granuloso, sendo geralmente indolor. Nas mucosas, as lesões podem aparecer na boca, nariz e garganta.
A transmissão da leishmaniose ocorre por insetos vetores ou transmissores denominados de flebotomíneos, quando uma fêmea infectada de flebotomíneo passa o protozoário a uma vítima sem a infecção, enquanto ocorre o repasto sanguíneo. As vítimas podem ser humanos, mamíferos silvestres, como preguiça, gambá, roedores, canídeos, e os mamíferos domésticos, como o cão. Os insetos flebotomíneos são insetos pequenos de cor amarelada e, no Brasil, são conhecidos por diferentes nomes de acordo com a região, sendo chamado de mosquito-palha, birigui, tatuquira, asa-dura, asa-branca, entre outros.
Nos últimos 20 anos, foram notificados à Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) 1.067.759 casos de leishmaniose cutânea, com uma média de 53.387 casos por ano. Em 2020, os países que notificaram o maior número de casos foram o Brasil, com 16.432, seguidos da Colômbia, com 6.161, e Peru, com 4.178 casos. A leishmaniose visceral é endêmica em 13 países das Américas em que foram registrados 67.922 novos casos de 2001 a 2020. O Brasil, em 2020, notificou 97% (1.933) do total de casos, seguido pela Argentina e Bolívia. As cidades brasileiras com maior número de casos notificados são Fortaleza (Ceará), São Luís (Maranhão), Belo Horizonte (Minas Gerais), Teresina (Piauí), Paraupebas (Pará), Campo Grande (Mato Grosso do Sul), Araguaína e Marabá (Tocantins).
Não existe vacina contra as leishmanioses humanas, sendo as principais medidas de prevenção o controle de vetores e dos reservatórios, proteção individual, diagnóstico precoce, tratamento dos doentes, manejo ambiental e educação em saúde. O cão doméstico é considerado o reservatório epidemiologicamente mais importante para a leishmaniose visceral, contudo o Ministério da Saúde não adota a vacinação canina como medida de controle à leishmaniose visceral humana. A mitigação das zoonoses só é possível por ações ligadas diretamente à saúde única, ou seja, pensando nas relações intrínsecas existentes entre a saúde humana, saúde animal e saúde ambiental e todos os seus processos de equilíbrio em nível local, regional, nacional e global.
*Willian Barbosa Sales é biólogo, doutor em Saúde e Meio Ambiente (UNIVILLE), coordenador dos cursos de pós-graduação na área da saúde do Centro Universitário Internacional Uninter.
Autor: Willian Barbosa SalesCréditos do Fotógrafo: Centers for Disease Control and Prevention's Public Health Image Library