Adriana não podia faltar

 

Heloisa Alves Ribas – Estagiária de Jornalismo

Erasmo Carlos desbancou muito sabiamente em uma de suas mais célebres composições uma mentira absurda, a de que a mulher é o sexo frágil. E o roqueiro, que faz parte da rotina de uma delas, bem soube admitir que a força está com elas. Erasmo é uma entre tantas pessoas a se dar conta que há muito essa mulher que era vista como fragilizada deixou de existir, e em seu lugar descobriram a força.

Como numa composição da vida real, mais dura do que na poesia cantada, foi essa força que motivou a professora Adriana Zadrozny a vencer o câncer de mama. Mãe de dois filhos, um deles recém-nascido na ocasião, ela descobriu que enfrentaria o maior dos seus desafios. À época, ela já era professora de pós-graduação na modalidade presencial da Escola de Saúde, Biociência, Meio Ambiente e Humanidades do Centro Universitário Internacional Uninter.

Adriana descobriu o câncer de mama em 2010. Tinha acabado de ter uma bebê e isso camuflou o nódulo, que ao ser identificado estava com 10 centímetros. “Fiquei sem chão, como é de se esperar numa situação dessas. Fiquei com muito medo de deixar um filho tão pequeno e um adolescente sem mãe”, recorda. Seu maior medo era que o pequeno sequer se lembrasse da mãe no caso de ela partir antes da hora. Adriana não poderia faltar, não sem antes dar aos filhos uma prova do seu amor.

“Minha maior força veio justamente dos meus filhos. Eu sabia que teria de lutar e fazer a minha parte para ficar aqui, porque sempre tive certeza que era parte da minha missão como mãe”, diz. Adriana superou o câncer, apesar de todas as dores e privações típicas da doença. Essa luta pela vida resultou em um livro, “Sobre Viver”, lançado em 2015, contando o passo a passo de todo o seu caminho desde a descoberta da doença até a cura. Adriana não podia faltar também para inspirar outras mulheres a vencer o câncer.

“O livro conta minha história em tempo real, porque quando eu estava passando pela doença, eu tinha muita insônia e deixava relatos do que estava acontecendo comigo enquanto todos dormiam. Eu queria deixar para as crianças [os filhos], para que entendessem como foi eu ter passado por aquilo”, descreve Adriana. Então, ela começou a mandar os textos por e-mail para algumas pessoas mais próximas, e elas compartilhavam os textos com outras pessoas. Os relatos foram se multiplicando de mão em mão.

Quando o tratamento chegou ao fim, Adriana estava enviando textos para cerca de 300 pessoas. “Então surgiu um apelo para que eu tornasse aquilo tudo em livro. Depois de cinco anos, decidi que tudo aquilo poderia ajudar muitas pessoas”, explica. Os relatos foram sendo compilados até dar forma ao livro (clique aqui para mais informações).

Hoje, a mulher que enfrentou o maior medo de sua vida sente-se plenamente feliz e diz que encara tudo o que aconteceu como o maior divisor de águas de sua vida. “Essa guinada que a vida deu, depois da doença, trouxe coisas tão boas que eu sequer me sinto à vontade para reclamar do período ruim que passei. Houve uma compensação, uma primavera depois daquele inverno todo”, conclui.

Edição: Mauri König

Incorporar HTML não disponível.


Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *