Achataram a Pirâmide de Maslow com a pandemia do coronavírus

Autor: Elton Schneider*

O psicólogo americano Abraham Harold Maslow foi o criador da famosa Hierarquia das Necessidades Humanas, que utiliza uma pirâmide para demonstrar como o ser humano busca satisfazer suas necessidades (fisiológicas, segurança, afeto, estima e autorrealização). Para ele, primeiro precisamos realizar nossas necessidades fisiológicas (comida, moradia, saúde, emprego) para depois buscarmos a satisfação em autoconfiança, reconhecimento social, autocontrole, criatividade, entre outras coisas.

O que isto tem a ver com a pandemia de coronavírus?

Para Maslow, o ser humano cresce, se desenvolve, consome e busca a felicidade quando tem planos para a realização de seus sonhos. Em pesquisa recente realizada pelo time de Insights & Analytics Integrated Brasil do Google, os pesquisadores estão sugerindo que por conta da pandemia, os seres humanos e, portanto, consumidores, estão voltando ao mais básico, criando uma nova estrutura em termos de necessidades.

  1. Necessidades Funcionais: que envolvem finanças, segurança, informação e necessidade de uma redução na burocracia das organizações, uma maior exigência de rapidez e eficiência na resposta do atendimento aos clientes.
  2. Necessidades Emocionais: que envolvem saúde, nosso estado mental e emocional, nossa diversão, passado, pensamentos, relações e desejos.
  3. Necessidades Aspiracionais: que envolvem nossas demandas mais sofisticadas, como ser humano, conquistas, sonhos, pertencimento, identidade.
  4. Necessidades Sociais: que envolvem o consumidor enquanto indivíduo social, envolve a expansão de limites pessoais, incluindo, potencialmente, a experiência de ideias espirituais, como considerar-se parte integrante do universo.

Além desta nova classificação, o estudo analisa o seu funcionamento durante a crise e a divide em duas etapas, chamadas de primeira e segunda onda. Na primeira onda os indivíduos estão diretamente impactos pela crise pandêmica. Pessoas, empresas, organizações, governos, política e sociedade estão envolvidos e impactados, suas ações se baseiam em um cenário incerto e sem alternativas testadas.

Já na segunda onda, vivemos os impactos de uma pandemia em andamento, mas com uma clara visão de que seu impacto será profundo, duradouro e muito além das expectativas de um curto período de tempo de reclusão e isolamento social.

A primeira onda gerou um cenário de insegurança e medo, onde a busca por informações sobre o que é o coronavírus, suas formas de contágio, os impactos nos empregos, na renda e nos negócios dominaram os sites de busca na internet. Necessidades emocionais, aspiracionais e sociais não figuravam como algo importante a ser analisado, ou algo para se preocupar.

Na segunda onda, que aliás ainda não tem prazo para acabar, tomamos consciência do impacto da crise pandêmica, não sabemos quanto tempo irá durar, mas sabemos que além das necessidades funcionais, precisamos urgentemente de apoio emocional. O isolamento tem afetado claramente nossa capacidade de planejar o futuro, pensar em novas aspirações e sonhos para nossas vidas pessoais e profissionais.

Mesmo com o achatamento da pirâmide, nas duas ondas mencionadas no estudo, as necessidades sociais não aparecem no horizonte de futuros das pessoas, indicando que suas aspirações e emoções ainda estão abaladas, gerando preocupações para com o futuro.

Mas você deve estar se perguntando o que fazer em relação ao seu futuro, do seu negócio e clientes. Para o time de Insights & Analytics de Integrated Brasil do Google, existem caminhos a serem trilhados:

  • As empresas, governos, políticos e órgãos de classe devem mostrar que o futuro ainda pode ser bom, gerando nas pessoas a necessidade de planejar o futuro, a realização de sonhos, em suma mexer com suas aspirações;
  • Precisamos estimular o novo, o uso das novas tecnologias, a possibilidade de encontros online com amigos, parentes, pais e avós, mostrar que o distanciamento é apenas físico, mas que podemos estar juntos virtual e emocionalmente;
  • Que é possível encontrar apoio online, shows, música, filmes, missas e atendimento médico virtual, estudar e aprender com vídeos, textos, livros digitais, nos mantendo integrados em lives e transmissões nas redes sociais;
  • Precisamos diminuir a sensação de medo, de que o risco existe, mas que o isolamento social, a reclusão e o uso de máscaras são essenciais para nos mantermos seguros, e que a maior parte das pessoas sobrevive ao Coronavírus;
  • Que fazemos parte de uma empresa, escola, igreja, associação de classe, grupo de amigos que joga futebol, que pesquisam juntos, que pertencemos a algo maior que nos completa. O Coronavírus pode ter mudado a forma como vivemos nossa vida, mas não nos distanciou dos grupos a que pertencemos;
  • Crie grupos de discussão com amigos, clientes, pesquisadores, seja ajudado e ofereça ajuda a aqueles que estão sós, que estão se sentindo deixados de lado, que estão tendo dificuldades de gerir seus sentimentos devido a ansiedade e ao isolamento.

O que sabemos é que a crise gerada por esta pandemia será diferente para cada um de nós, para cada empresa, município, estado ou região, que afetará empregos e renda, o que precisamos fazer é recuperar nossa capacidade de sonhar, de realizar planos, de aspirar coisas novas em nossas vidas e para a nossa sociedade. Afinal de contas estamos todos na mesma tempestade, mas em barcos e distâncias diferentes do continente.

* Elton Schneider é diretor da Escola Superior de Gestão e Negócios da Uninter.

Incorporar HTML não disponível.
Autor: Elton Schneider*
Créditos do Fotógrafo: Pixabay


Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *