Acessibilidade para idosos em visitas virtuais a museus
Autor: Matheus Pferl - Estagiário de JornalismoO campo da museologia faz cada vez mais uso de recursos tecnológicos para se aproximar do público. O acesso virtual a espaços físicos, como nas exposições disponibilizadas online, tornou-se uma alternativa em tempos de pandemia.
As pesquisadoras Elaine Araújo Souza e Danielly Dias Sandy, no artigo Visitas virtuais para idosos: uma possibilidade de conhecer museus a distância, publicado no Caderno Intersaberes da Uninter, discutem a relação dos idosos com as visitas virtuais proporcionadas pelos museus. Para isso, foi realizada uma pesquisa exploratória em livros, artigos, reportagens e webinars da área. Além disso, foram feitos tours virtuais a exposições disponibilizadas em sites de museus.
As autoras destacam que um dos desafios existentes é atender o público idoso de maneira que as pessoas se sintam confortáveis nas visitas virtuais aos museus. É necessário fazer um acolhimento e desenvolver uma interface bastante acessível, para que o visitante virtual possa contemplar a arte, de forma virtual, com entusiasmo.
Além de bancos de imagens dos itens de seus acervos, vários museus também proporcionam visitas por meio de tours virtuais. As plataformas mais utilizadas são o Google Arts e o Culture4, onde é possível escolher o país e o museu com visitas virtuais disponíveis, conforme a localidade. Em alguns casos, a visitação ocorre em 360º, e o visitante decide para onde ir. É possível percorrer todo o espaço com a câmera, usando o mouse, além da possibilidade de aproximação para visualizar detalhes das obras.
Apesar de não substituir a visitação física, em que as experiências sensoriais são mais aguçadas, uma experiência online tem seu valor e pode ser prazerosa. As autoras identificam que recentemente tem havido um grande esforço dos museus para melhorar a estrutura de acesso virtual, especialmente para o público com necessidades especiais.
Há um aumento no número de idosos acessando conteúdos na internet, porém o medo de um “clic” errado é um dos fatores que mais gera medo na hora de acessar sites e plataformas novas. Uma das alternativas é a utilização do YouTube, que acaba sendo uma opção mais direta. Em sua maioria, os vídeos produzidos por museus são narrados, mas a desvantagem é que o usuário não escolhe o que ver, precisando pausar o vídeo se quiser focar em algum detalhe.
Durante a pesquisa, foi possível identificar que existem duas maneiras de realizar a busca por exposições: através da localidade ou pela barra de pesquisa. Pela localidade, temos dois exemplos: o Muma (Museu Municipal de Arte) e o MON (Museu Oscar Niemeyer), ambos em Curitiba (PR).
O Muma não possui site específico, estando alojado no site da Fundação Cultural de Curitiba, que apresenta apenas uma breve história do local e dados para contato. Já o MON possui visita virtual, na qual é possível conhecer as obras através de fotografias, porém este acesso ocorre apenas pelo Street View.
As autoras concluem que, apesar do investimento na melhoria dos sites dos museus, essas ações não são direcionadas especificamente ao público idoso. O acesso dos idosos a conteúdos digitais vem crescendo, mas a insegurança em entrar em sites desconhecidos faz com que haja uma preferência pelo conhecido, como Whatsapp e Facebook.
Da mesma forma que existem exercícios físicos para a terceira idade, é necessário criar “exercícios culturais”, pois é possível ir a qualquer lugar que se deseja com um clic. Portanto, é preciso um maior incentivo para o idoso realizar essas visitações, melhorando a interface para navegar por esses ambientes. A criação de políticas públicas incentivando o acesso aos conteúdos artísticos disponíveis no mundo virtual pode contribuir para o desenvolvimento intelectual do idoso. Os programas de incentivo também são importantes, e para que sejam criados, os museus devem intensificar a divulgação do que está disponível para visitação virtual.
Autor: Matheus Pferl - Estagiário de JornalismoEdição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro