A vez e a voz da engenheira: os desafios profissionais das mulheres

Autor: Matheus Pferl - Estagiário de Jornalismo

Os preconceitos em relação às mulheres e a luta por igualdade estão presentes em todo o desenvolvimento da humanidade. Hoje, vivemos em um mundo mais igual, mas, ainda assim, longe do ideal. Alguns ambientes ainda são predominantemente machistas e as mulheres são constantemente oprimidas.

Mesmo com um predomínio populacional em favor das mulheres, há uma luta cultural. Elas são tidas como mais frágeis, menos inteligentes e menos capazes de adquirir determinadas competências. Na engenharia não é diferente. Aluna de Engenharia da Computação da Uninter, Amanda Carneiro afirma que essa é uma questão muito cultural, desde o início da infância.

“Os brinquedos que são trazidos para os meninos e meninas têm focos diferentes. Os meninos recebem muito incentivo com relação a brinquedos que estimulem a lógica, a criatividade e a inteligência, enquanto as meninas são incentivadas muito no cuidado com o outro, através das bonecas e brincadeiras que são muito mais focadas para a casa”, afirma.

Na hora de decidir qual profissão seguir, esses preconceitos estão presentes. Escolher uma profissão que é muito mais focada para homens é uma decisão nem sempre fácil, uma vez que os estereótipos socioculturais são construídos desde a infância. Esses padrões também estão presentes na indústria.

“Dentro da fábrica, a forma de atuação da mulher é entendida como mais interessante em cargos operacionais, como na parte de recursos humanos, pois não teria a capacidade, já que desde pequena gosta de cuidar das bonecas”, compara a professora Dayse Mendes, que é técnica em eletrônica, administradora e engenheira mecânica.

Ao se tratar de crianças, desenvolvimento e educação, o que se espera é o incentivo tanto meninos quanto meninas para que se desenvolvam como seres humanos melhores, não só em questões profissionais. “A partir do momento que você coloca uma pessoa dentro de uma caixinha, ela tenta se adequar a esse universo que é desenhado para ela dentro dessa caixinha”, ressalta Amanda.

Amanda conta que enfrentou dificuldades ao longo do caminho, pois trabalha em um meio predominantemente masculino. Principalmente na questão do conhecimento técnico. “Uma mulher, quando entra para uma empresa nova ou um time novo, tem seus conhecimentos questionados. Nós sofremos muito para poder demonstrar que temos capacidade e conhecimento para estar nessa posição”, explica.

“O importante é você seguir em frente. Em alguns momentos vão achar que você é mandona, que você não cabe naquele papel ou naquela situação, mas você tem que seguir em frente e acreditar em você. Saber que você se preparou e tem tudo aquilo que é necessário. Independente de ser menino ou menina, cada um pode fazer o que quiser. Existirão momentos doloridos, mas isso faz parte”, conta Dayse.

Não raro, as mulheres são interrompidas no meio de uma fala sobre assuntos mais técnicos, como se precisasse ser ensinada. Amanda diz que ao longo do tempo foi aprendendo a lidar com isso. “É uma coisa que você não tem controle, você tem o seu conhecimento e vem um cara e começa a te explicar algo que você já sabe, que você não pediu para ele explicar”, comenta.

Amanda ainda destaca que a mulher tem seu espaço invadido com frequência, essa é uma cultura muito forte no Brasil. “Temos várias maneiras de lidar com isso. Eu tento educar. Quando vejo essa situação, chamo para uma conversa e explico o quão errado é essa atitude”, pontua.

Dayse define a seu modo o que é ser mulher. “Ser mulher é poder mostrar para a sociedade que ela tem que ser mais justa, mais igual, mostrando para meninos e meninas que todos têm os mesmos direitos e deveres. Ser mulher é poder fazer essa transformação acontecer, mesmo que seja aos poucos”, descreve.

“Ser mulher é uma luta diária. É poder ser qualquer coisa, ser mulher é ser incrível, é uma dor e também uma delícia. Ser mulher é uma infinidade de coisas tão grandes que não consigo dizer em uma resposta só. Quero me tornar uma referência para outras mulheres” conclui Amanda.

“A vez e a voz da engenheira” foi tema da conversa do programa Nas Ondas da Politécnica, transmitido pela Rádio Uninter, com participação da professora Dayse Mendes e da aluna de Engenharia da Computação Amanda Carneiro. Você pode acompanhar a gravação completa clicando aqui.

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Autor: Matheus Pferl - Estagiário de Jornalismo
Edição: Mauri König
Créditos do Fotógrafo: Pixabay


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