A transformação digital é mais que tecnológica, é cultural

Autor: Fillipe Fernandes - estagiário de jornalismo

O mundo está em constante reformulação e seguir esse ritmo de mudança é essencial para empreender nos dias de hoje. A Semana de Comunicação 2020 teve como tema a Transformação Digital. A primeira noite do evento contou com a presença de Ney Queiroz, especialista em Marketing Digital, Rogério Galindo, proprietário do jornal digital Plural, e Cris Alessi, representante da Agência Curitiba. A mediação do debate ficou a cargo dos professores da Uninter, Shirlei Camargo e Guilherme Carvalho. A transmissão aconteceu pelo Youtube e Facebook (você pode conferir a íntegra clicando aqui).

A coordenadora do curso de Administração e organizadora da Semana de Gestão 2020, Vanessa Rolon, abriu o evento: “Essa será a primeira semana inteiramente online. O objetivo é promover a união dos cursos da Escola de Gestão, Comunicação e Negócios. A transformação digital já existia e só foi acelerada pela pandemia”.

O diretor da Escola de Gestão, Comunicação e Negócios, Elton Schneider, explicou que a tecnologia propicia mudanças na forma de trabalhar em diversas carreiras. “As profissões não irão morrer, vão se transformar. Profissões se recriam, realinham. O empreendedor tem papel essencial na economia. Quase 50% dos empregos gerados ao redor do mundo são de pequenas e microempresas”, comentou Elton.

A mediadora da mesa, Shirlei Camargo, tutora do curso de Gestão Comercial, relembrou a ostensiva presença dos brasileiros nas mídias sociais. “Nós somos o terceiro país que mais fica nas redes sociais. Três horas e meia por dia, em média”. Graças a essa mudança de comportamento, nunca foi tão importante investir na presença digital.

Para Ney Queiroz, o cenário atual gera desafios e oportunidades. Ele relembra que há dez anos os empreendedores tinham resistência em entrar nas mídias sociais. “Quem saiu na frente está numa posição melhor. Nós temos um país conectado. Há muito caminho pela frente, uma linha de crescimento muito grande. Marketing Digital e Gestão de Negócios Digitais são mercados que ainda precisam de profissionais qualificados”.

A profusão de conteúdos não deve ser desconsiderada pelas empresas na hora de empreender digitalmente. “Cada pessoa recebe 34GB de informação por dia, boa parte dela, publicidade. Como faço para falar com um público bombardeado com informação? Buscando relacionamento com ele. Estar presente em vários canais, mas mais do que isso, não é só a ferramenta. Tem que trazer conteúdo relevante para o seu público”, explicou Ney.

Rogério Galindo já trabalhou na mídia tradicional e hoje comanda o Plural, um jornal digital que tem foco nas notícias locais. Com todas essas mudanças, o desafio é como gerar receita para manter o trabalho. “Essa é a grande discussão do nosso meio. Todo mundo está tentando descobrir um jeito de ser sustentável. O mecanismo tradicional de financiamento de um jornal era o anúncio. Venda de banca, pequenos anúncios, também eram parte, mas o que sustentava mesmo os jornais era a publicidade. Ela deixou de ser paga ao jornalismo com a ascensão do Google e Facebook, que entraram nesse mercado nadando de braçada”, comenta.

Galindo demonstrou preocupação com o fato de termos apenas duas empresas dominando uma grande fatia do mercado de comunicação. “Eu tenho pé atrás com a tecnologia. Acredito que ela trouxe coisas importantes para a profissão. Mas ela trouxe problemas com que temos que lidar: o fato da gente ter um duopólio na comunicação dominada por Google e Facebook. Se você não se dobra aos padrões de exigência dessas duas empresas, você está com problemas. Essas empresas prestam um serviço relevante, é perigoso todo esse poder na mão de apenas duas empresas”.

Cris Alessi começou a trabalhar com publicidade digital em 2005 e acompanhou o nascimento e desenvolvimento do cenário em que vivemos atualmente. “Ponto fundamental: a gente fala muito sobre digital, mas isso é o meio. O comportamento humano ainda é o que vai determinar as necessidades, os desejos, que são as bases do marketing e consumo. Por outro lado, a transformação digital nos faz chegar naquele dilema de Tostines: será que a tecnologia muda as pessoas ou as pessoas mudam a tecnologia? Quanto mais acesso e produtos, mais necessidades diferenciadas a gente adquire”, comentou.

É difícil imaginar um cenário sem imersão no universo digital, Cris propôs perguntas que devem ser respondidas por qualquer pessoa que deseja empreender digitalmente. “O que o cliente espera de mim? Que dados posso extrair dos clientes nas mídias sociais? Tem que entender a necessidade do cliente. Quem é o seu cliente? E os novos comportamentos adquiridos recentemente no contexto da pandemia, eles voltam atrás?”

O professor Guilherme Carvalho, coordenador do curso de Jornalismo, entende que a capacitação é o primeiro passo para empreender. “Qualificação é fundamental no processo. Não dá para contar com a sorte ou apenas empirismo. É preciso entender as transformações do mundo e se adaptar a elas”, finalizou o mediador.

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Autor: Fillipe Fernandes - estagiário de jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro


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