A tecnologia facilita, mas também exclui
A era digital trouxe uma série de mudanças que facilitaram a vida de muita gente. Redes sociais que aproximam pessoas do mundo todo, smartphones com mil e uma funções, aplicativos de celular para facilitar a conversa, além da automatização dos serviços mais variados, como pagamentos e agendamentos de consultas médicas. Mas essa facilidade toda não alcança uma parcela frágil da população.
Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua 2016), apenas 24,7% dos entrevistados com 60 anos ou mais declararam acessar a internet. Esse número preocupa quando pensamos que muitos serviços importantes, como a declaração do imposto de renda ou a solicitação de passaporte, são hoje realizados online.
Essa preocupação norteou o trabalho das alunas do curso de Serviço Social da Uninter Ana Letícia Maciel e Joziane Ferreira, e da professora orientadora Adriane Bührer: “INSS Digital – Desafios para o Serviço Social na ampliação dos direitos sociais aos/às usuários/as”, apresentado no ENFOC 2018, o Encontro de Iniciação Científica realizado em novembro passado em Curitiba (PR).
O tema partiu do projeto de pesquisa do qual as alunas participam, que estuda o trabalho dos assistentes sociais do INSS (PR). A partir de discussões do grupo, elas decidiram falar sobre a nova ferramenta INSS Digital, que muda a forma de atendimento e acesso a esse serviço.
A estudante Ana Letícia explica a mudança, que consiste em três pilares: “Canais remotos de comunicação (e-mail, central telefônica ou aplicativo); acordo de cooperação técnica (parcerias com entidades privadas ou prefeituras); requerimento eletrônico (deixa de ser físico e passa a ser digital)”.
Ela conta que o trabalho mostra o impacto dessas mudanças e questiona o fato de terem sido implementadas de forma muito rápida, dificultando assim a adaptação dos usuários ao novo sistema. Quando se leva em consideração que uma parte grande da população não tem acesso ou tem dificuldades de acessar a internet, a pesquisa avalia que os idosos são os que mais sofrem nesse processo.
“O trabalho faz uma comparação da implantação do INSS Digital com o contexto neoliberal e os retrocessos de direitos, e como isso vem impactando na restrição de direitos para a população”, declara a estudante. Ela ainda fala que o trabalho foca na questão dos profissionais de Serviço Social, sobre quais as estratégias de atuação frente a esse novo formato de atendimento.
“É um trabalho que foi construído ao longo da implantação desse novo sistema, mas ainda não está concluído. Apresenta as dificuldades desse cenário e o que o Serviço Social pode propor dentro dessa nova realidade”, diz.
Sobre o ENFOC, ela ressalta a importância de participar de um evento que estimula a pesquisa. “Como estudante, é uma oportunidade para estender o conhecimento e possibilita que aluno inicie as publicações de trabalhos científicos. Isso contribui para a academia, para o curso de Serviço Social e para o aprendizado do aluno”, completa Ana.
Autor: Jaqueline Deina - Estagiária de JornalismoEdição: Mauri König / Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Pixabay