A Semana Mundial do Espaço 

Autor: Maria Eneida Fantin (*) 

Você sabia que existe uma Semana Mundial do Espaço que celebra a contribuição da ciência e da tecnologia espacial para a melhoria da condição de vida humana? Conhece alguma coisa sobre essa Semana? Quando foi criada? Por quem? O que acontece nessa Semana? Se sua resposta foi “não, não conheço nada sobre esse evento, nunca ouvi falar”, vamos a algumas informações iniciais. 

A Semana Mundial do Espaço acontece entre 04 e 10 de outubro e é comemorada desde 1999. As datas referem-se aos dias em que foi lançado o Sputnik I (04/10/1957), o primeiro satélite artificial construído pela humanidade, e que foi assinado o Tratado de Exploração Pacífica do Espaço Exterior (10/10/1967) pelos membros da Organização das Nações Unidas (ONU). As mobilizações envolvem agências estatais, empresas, escolas, museus, planetários e clubes de astronomia, entre outros. 

No Tratado de Exploração Pacífica do Espaço Exterior consta o compromisso de explorar o espaço exterior apenas em benefício de toda a humanidade, bem como a proibição de uso de armas nucleares a partir do espaço exterior à Terra. A cada ano, o tema da Semana Mundial do Espaço é definido de acordo com as urgências do momento. Neste ano, o tema é “Espaço e Mudanças Climáticas”.  

Mas, se essa Semana Mundial do Espaço existe há vinte e cinco anos e envolve tantas instituições, por que pouco se sabe sobre o evento? Por que a repercussão é tão pequena sobre o que se debate, o que é decidido, o que se propõe fazer? 

Sem a pretensão desrespeitosa de invalidar esse tipo de evento, acredita-se que falta vontade política real de colocar em pauta os temas referentes à vida digna no planeta Terra e à busca de soluções para problemas graves que afetam toda a humanidade. Tal qual o Dia Mundial da Terra ou o Dia da Amazônia, para citar apenas dois eventos de interesse de todos os habitantes do planeta, as comemorações e mobilizações relativas à Semana Mundial do Espaço ficam restritas a um pequeno grupo de organizadores e suas redes de alcance, porém sem a necessária repercussão para envolver a todos e propor reflexões profundas. 

Enfrentar os grandes desafios que afetam o planeta, como a devastação de seus principais biomas, as alterações climáticas e a continuidade da vida humana implica enfrentar o modo de produção capitalista, suas contradições, seus conflitos, desigualdades e voracidade sobre a natureza, compreendida, até hoje, apenas como recurso para produção. 

 A fé cega na ciência e na tecnologia como as grandes redentoras dos problemas sociais e ambientais que se vive atualmente, sem voltar e reconhecer os conhecimentos dos povos ancestrais e suas práticas de manejo da natureza, produção e consumo, parecem pouco eficazes e nada engajadoras. 

A arrogância da racionalidade ocidental, etnocêntrica e colonialista não permite autocrítica, nem discussão efetiva, profunda, que leve as mudanças de modo de vida, de relações humanas mais humanas, com vistas a uma vida longa e saudável para o planeta Terra.  

Assim, seguimos, em comemorações estéreis, meramente simbólicas, pouco conhecidas, que nada mudam, mas preenchem calendários inúteis às pautas graves, sérias e relacionadas à vida.

 

*Maria Eneida Fantin é Mestre em Tecnologia. Docente dos cursos de Bacharelado e Licenciatura em Geografia da Área de Geociências do Centro Universitário Internacional Uninter. 

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Autor: Maria Eneida Fantin (*) 
Créditos do Fotógrafo: Pexels


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