A nova rotina dos professores: adaptações em home office
Autor: Marina Aggio*Fomos pegos de surpresa. Sem aviso prévio, as rotinas foram alteradas significativamente por conta da pandemia e o professor não fugiu à regra. Antes atuava presencialmente em ambiente escolar, com estrutura adequada e mesmo que em situação precária, estava adaptado a ensinar utilizando os respectivos recursos. Hoje, o professor atua em sua casa adaptando um escritório e um estúdio e mesmo os mais tradicionais, se depararam aos desafios de utilizar as ferramentas da educação à distância.
As residências foram transformadas em salas de aulas improvisadas, adaptando-se ao novo formato de docência. Os nossos pequenos e grandes alunos também foram impactados pelo isolamento social, que se alastrou pelo mundo desde meados de fevereiro. É possível recordar claramente das primeiras notícias sobre as mortes causadas pela covid-19 na China, mas o que ninguém imaginava é que o vírus chegaria em nosso país, na nossa cidade, no nosso bairro e até em nossos lares.
Por conta disso, medidas de urgência foram tomadas pelos governantes e a educação e demais setores sofreram mudanças. Os professores tinham em sua rotina, o planejamento e aplicação de conteúdo em formato presencial, além de corrigir provas, participar de reuniões pedagógicas e cursos de formação continuada, hoje acumulam atribuições que são heranças da pandemia.
Há relatos que essas demandas aumentaram significativamente nos últimos meses, isso porque a didática e a metodologia aplicada no ensino à distância diferem da educação presencial. Um dos fatores que preocupam os professores é a estrutura física que essa modalidade de ensino exige. O professor precisou realizar investimentos para adequar o seu espaço familiar em espaço também de trabalho, possibilitando a gravação de vídeos e transmissão de orientações e aulas online.
A internet, ou melhor, uma mega internet, é item indispensável nesse processo, seguido do computador com câmera e microfone, do celular para receber as inúmeras mensagens enviadas pela coordenação da escola, dos pais, dos alunos, da secretaria de educação e de todos os envolvidos no processo educacional. Isso tudo, aliado a necessidade de passar todo o conteúdo da disciplina, da preocupação com a evolução e compreensão dos alunos da nova apresentação dos conteúdos, necessidade de preencher as listas de chamadas, dos relatórios pedagógicos exigidos pela coordenação, da pressão psicológica e com a qualidade do ensino. Precisou-se de alguns meses para perceber o resultado desse fenômeno: profissionais estressados e assoberbados de tarefas, dividindo as rotinas profissionais, no mesmo espaço domiciliar.
No entanto, é possível afirmar que não existe culpado por essas transformações profissionais e o que temos é uma pergunta: o que fazemos diante de todos esses desafios? A resposta mais sábia é que precisamos nos reinventar enquanto professores. O professor tem a oportunidade de colocar em prática, as inúmeras formações continuadas realizadas nos anos de formação e docência e que não foram aplicadas em sala de aula por medo ou insegurança de se aventurar nas novas tecnologias.
O “novo” formato de docência ressignificou os professores para uma nova realidade. Ansiosos, esperamos que essa pandemia não perdure por muito tempo e que essa lição a “duras penas” mostre que na educação existe espaço para todas as modalidades de ensino e que a melhor saída é a adaptação aos novos e velhos desafios do ensino à distância.
* Marina Aggio é mestre na Área de Linguagem Cultural e Corporal nos cursos de Bacharelado e Licenciatura em Educação Física da Uninter.