A melhor forma de doar para o Rio Grande do Sul

Autor: Relly Amaral Ribeiro*

Infelizmente, o Rio Grande do Sul passa pela maior catástrofe humanitária de sua história. Como consequência de um desastre climático e falhas na gestão de desastres, temos visto, desde o início de maio, imagens na tv e redes sociais que se assemelham a uma guerra: morte, crianças separadas dos pais, idosos desesperados, pessoas que perderam tudo – literalmente tudo – saindo de suas casas inundadas, apenas com a roupa do corpo e um vazio no coração. Questionando-se: o que será do futuro? 

Neste cenário desolador e que deveria comover a todos, muitas dúvidas têm surgido no sentido do que doar e como doar. Visando trazer este esclarecimento e combater as falsas informações que têm circulado pelas redes sociais e grupos de WhatsApp, eu, como assistente social e cidadã, preparei algumas dicas para auxiliar neste sentido. 

O que doar?

Neste primeiro momento, de pura emergência,  doar aquilo que é essencial para se viver em 24h: 

  • roupas – de todos os tamanhos e estações; 
  • mantas, edredons , cobertores e toalhas de banho
  • colchões e travesseiros (de preferência infláveis por serem de fácil transporte, leves e impermeáveis); 
  • água mineral (galão e garrafa pet); 
  • alimento não-perecível: as cestas básicas são necessárias e bem-vindas, porém agora são muito importantes os alimentos de consumo imediato e que não necessitam de refrigeração por que em muitos locais está faltando gás, energia e água, inviabilizando a preparação. A minha sugestão são alimentos como: enlatados prontos (feijoada, almondegas, salsichas), charque, carne de sol e embutidos, macarrão instantâneo, bolachas salgadas e doces; barras de cereais; 
  • ração para cães e gatos;
  • itens de higiene pessoal e limpeza pesada: sabonetes, pasta e escova de dentes, absorventes, fraldas, lenços umedecidos, detergentes, desinfetantes, etc ; 
  • dinheiro: a doação em materiais é ótima, mas em dinheiro além de ser possível a compra e pagamento daquilo que for necessário, é importante porque fomenta a economia local, ajudando a reerguer financeiramente pequenos comerciantes e produtores que também foram atingidos pela catástrofe, além de economizar no transporte dos materiais. Fica a dica: caso esteja indo socorrer afetos seus, compre no caminho.     

Onde doar? 

Correios, corpo de bombeiros, ONGs e movimentos sociais de alcance e experiência nacional como Cáritas, CUFA e MST, entre outros, são os mais indicados por terem experiência, passar por auditorias constantes e a responsabilidade fiscal. Ao realizar doações via pix, dê preferência para conta ou pix que sejam CNPJ. Caso doe para pessoa física, é importante conhecer a pessoa, sua idoneidade e trabalho. Se possível solicitar um recibo de doação (quando material) e guardar o comprovante do pix ou transferência realizada.    

É cobrada a nota fiscal de doação? 

Depende. Nenhuma doação de bens de consumo não-duráveis (alimentos, itens de higiene e limpeza, ração animal) e usados (roupas, calçados, utensílios) exige nota fiscal. Isso além de mentiroso, chega a ser fantasioso. Bens de consumo duráveis, principalmente novos e/ou tecnológicos – como celulares, tvs e computadores – é interessante que sejam doados com a nota fiscal, para segurança dos doadores e dos beneficiários. Bens materiais de propriedade, como casas e carros, esses sim precisam apresentar todas as documentações e transferências, obrigatoriamente. 

Transporte das doações  

No momento da logística e transporte dos produtos, fiscalizações podem ser feitas no sentido das condições do veículo (físicas, documentais etc.), limite e tipo de carga, e condições trabalhistas das pessoas que fazem esse transporte (motoristas, carregadores). Voluntários não estão submissos às normas trabalhistas, mas a organização que representam deve garantir as condições mínimas humanas para segurança e o exercício de sua atividade local ou em trânsito: equipamentos de proteção individual (EPI), uniformes, crachá de identificação, alimentação e água, além de ser interessante para ambos a assinatura de um termo de voluntariado com base na lei nº. 9.608/1998.   

No mais, é importantíssima essa rede de solidariedade que tem se formado em todo o país. Estamos salvando vidas! Todos podemos, de alguma forma, ajudar: cada um fazendo dentro da sua possibilidade e capacidade já é muito. Não divulgar informações às quais não temos certeza, também é cidadania e humanidade.  

Aos irmãos gaúchos desejo que este pesadelo acabe logo e que mantenham a força e a esperança.

* Relly Amaral Ribeiro é assistente social, mestre em Serviço Social e Política Social pela Universidade Estadual de Londrina, professora e tutora dos cursos de pós-graduação em Serviço Social da Uninter.

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Autor: Relly Amaral Ribeiro*
Créditos do Fotógrafo: Rovena Rosa/Agência Brasil


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