A medicina integrativa como prevenção e restauração da saúde

Autor: Nayara Rosolen - Jornalista

Mais da metade da população brasileira (52%) recebeu o diagnóstico de pelo menos uma doença crônica em 2019. É o que mostra a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em novembro de 2020. O levantamento realizado em 108 mil domicílios demonstra um crescimento destas doenças no Brasil, sejam elas físicas ou mentais.

A hipertensão arterial, por exemplo, atingia 21,4% da população em 2013. E 7,6% sofriam com a depressão. Seis anos depois, esses percentuais subiram para 23,9% e 10,2%, respectivamente.

Em muitos casos, a medicina convencional se mostra insuficiente para tratar as doenças. É aí que entram outras abordagens conhecidas como medicina alternativa, vibracional, energética, integrativa ou quântica, que propõem complementar os tratamentos. Neste caso, o cuidado vai para além do fator biológico, evidenciando as dimensões vital, mental, supramental e espiritual.

No modelo alopático, ou convencional, o corpo é visto como uma biomáquina e tratado com medicamentos e cirurgias para “consertar” biomecanismos adoecidos. A doença é entendida como uma resposta a ataques de agentes externos, como vírus e bactérias, traumas, ingestão de substâncias tóxicas ou herança de genes. Entende-se a consciência como um subproduto de reações neuroquímicas e elétricas ocorridas no cérebro.

Já nas medicinas alternativas, pesquisadores pioneiros apontam o ser humano como um complexo de sistemas de energia. Estes modelos se concentram mais nas causas das doenças do que no conserto de partes danificadas. São originários principalmente do Oriente e têm ganhado mais atenção de cientistas, pesquisadores e profissionais da saúde europeia e norte-americana. Isso por causa das descobertas da física quântica que encontram outras dimensões do ser humano que impactam diretamente os estados de saúde.

A psicóloga Cristina Aparecida de Souza Rocha Correa trouxe o assunto para debate no artigo A doença e a possibilidade de cura na perspectiva da medicina integrativa, publicado na Revista Brasileira de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (RBPICS), uma das nove publicações científicas da Uninter.

Por meio de revisão bibliográfica, a autora revisita a noção de multidimensionalidade do ser-humano baseada no primado da consciência e observa que esse conhecimento “pode viabilizar o acesso das pessoas a tratamentos e intervenções de recuperação e promoção da saúde até então relegados à descrença. Uma das grandes transformações que o modelo integrativo (junção da medicina convencional com práticas alternativas) provoca é a mudança completa de paradigma em relação ao que seja doença e saúde”.

Modelos médicos alternativos

Amit Goswami é citado no trabalho como um dos principais autores da atualidade sobre saúde quântica e o precursor da medicina integrativa, que trabalha corpo, mente e espírito. Para a autora, ele “sintetiza o que há de mais recente nas descobertas científicas com o que há de melhor nos conhecimentos antigos sobre o sistema de energia vital do corpo, o que permite a manifestação da consciência”.

Na cultura oriental, as pessoas contam com a medicina tradicional chinesa e com a medicina indiana Ayurveda, estando familiarizados com o corpo vital há milênios. Na chinesa, “a doença surge devido ao desequilíbrio dos padrões do fluxo de energia vital (chi) no corpo. A cura consiste em corrigir os movimentos da energia sutil pelo corpo, utilizando técnicas como a acupuntura, além de ervas especiais”, explica a autora. No caso da Ayurveda, “a doença se manifesta quando ocorrem desvios que afastam o corpo do seu nível de base individual conhecido como dosha. Os três níveis de base são vatta, pitta ou kapha. A recuperação da saúde ocorre através de ervas, massagens e técnicas de limpeza para reconduzir o corpo ao seu nível de base”.

O médico norte-americano Richard Gerber, pesquisador do campo da medicina alternativa, adotou o termo vibracional e define o ser humano como um sistema de energia multidimensional que usa diferentes formas de energia na nutrição, no processamento de informações e na manutenção da saúde em geral. O corpo utiliza vários tipos de energia, como a metabólica (na quebra, absorção e conversão dos alimentos) e a elétrica (nos impulsos elétricos do sistema nervoso e muscular).

“A medicina vibracional demonstra que, enquanto energia, tudo vibra e oscila em diferentes frequências. A psicologia e a psicossomática demonstram o poder de interferência da mente sobre o corpo. Estudos de fenômenos empíricos comprovam a sobrevivência do ser humano após a morte do corpo físico”, aponta o artigo.

A doença para além dos sintomas

Na perspectiva da física quântica, os seres humanos são essencialmente uma Consciência que se manifesta em cinco níveis corporais interrelacionados: corpo físico e sensações físicas; corpo vital e sentimentos; corpo mental e pensamentos; corpo supramental e intuição; e corpo espiritual e plenitude.

Alguns pesquisadores e teóricos, como Claire Sylva, Paul O. Pearsall, Candace Pert, Ian Stevenson e Hernani Guimarães, apresentam diversos casos que comprovam a sobrevivência da Consciência independente do cérebro. Como o caso de um paciente que, após ter o coração transplantado, assume preferência do doador que não conhecia. Ou episódios em que transplantados podem assumir lembranças e aspectos comportamentais dos doadores.

O artigo também traz a visão do brasileiro Dr Marco Marcondes, para quem, por meio da nova realidade quântica, o corpo deve sua experiência à Consciência, ou seja, o corpo não pode ficar doente sem que a Consciência saiba e permita. As doenças são vistas como expressões, ou seja, sinais e sintomas que revelam o adoecimento do corpo, mas que sempre acontecem na consciência do ser.

Por outro lado, na cultura ocidental, os sintomas se tornam protagonistas e, com a priorização do tratamento sintomático, a venda de medicamentos que aliviam os sintomas chegou a uma proporção estratosférica. A medicina convencional evita interpretar os sintomas e o sinal que o fez aflorar perde a função verdadeira.

“O corpo se esforça, tenta se comunicar, cria uma situação para avisar que algo está em desequilíbrio na consciência. Para a medicina alternativa, a fisiologia do corpo humano cria doenças para que a pessoa perceba estar com mágoas, que não o ama o suficiente, ou está com medo, tem ressentimentos, raiva, sentimentos e emoções ruins. Se o tratamento dos sintomas ocorrer apenas com a medicalização, silencia-se o sinal sem saber o que a consciência tenta revelar através dele”, considera a autora no artigo.

Dentro desta perspectiva, a doença pode surgir por três causas: “ao nível mental, por repressão mental de sentimentos, excesso de mentalização ou condicionamento; ao nível físico, por um defeito no aparato genético; ou, pode acontecer ao nível vital, quando as matrizes vitais deixam de funcionar adequadamente devido à mudança no ambiente contextual do corpo físico”.

Neste sentido, a medicina integrativa se mostra eficiente na prevenção de doenças crônicas, reversão de estados de adoecimento, ampliação das possibilidades de cuidados humanos para a recuperação, de reduzir os agravamentos.

Amit Goswami apresenta diversas práticas terapêuticas para nutrir e desenvolver todo o ser. No caso do corpo físico, são indicados boa higiene, boa nutrição, exercícios físicos, exames médicos regulares, por exemplo. Já para o corpo vital, cuidar das emoções e pensamentos negativos. Como nutrição mental, boa leitura, boa música, poesia e arte. E como exercícios, prática da concentração e mantras.

O modelo integrativo ainda propõe que o ser humano não precisa necessariamente da doença para desenvolver a inteligência supramental. “É possível, com saúde, explorar criativamente o vital-físico ou o mental-vital-físico”, destaca o artigo.

“Incontável número de pessoas deixa de se beneficiar de tratamentos pelo fato de não saberem que existem, ou por duvidarem de sua efetividade por preconceito. O objetivo do artigo é reduzir um pouco a distância que separa as pessoas de inúmeras possibilidades de intervenções terapêuticas, e trazer aos profissionais da área de saúde uma visão integrativa do ser humano relacionada às ciências, às evidências empíricas sobre a aplicabilidade e efetividade das terapias complementares e integrativas”, conclui a pesquisa da profissional.

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Autor: Nayara Rosolen - Jornalista
Edição: Larissa Drabeski
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Pexels


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