A magnífica floração da manacá: um espetáculo da natureza
Autor: Nicole Geraldine de Paula Marques Witt (*)Muito tem se falado da floração da cerejeira do Japão (Prunus serrulata), espécie que nos presenteia com as suas lindas flores no inverno. Mas quem anda pela região sul e sudeste, deve ter se deparado com pequenas arvoretas ou até mesmo arbustos floridos. Estamos falando da também asiática azaleia (Rhododendron simsii) e da variedade anã da espécie nativa Tibouchina mutabilis, também conhecida como manacá-da-serra ou simplesmente manacá.
Originária do Brasil, mais precisamente da Serra do Mar, na Mata Atlântica, essa espécie se destaca por sua bela floração e pelas diversas nuances de cores que exibe durante seu ciclo de vida. Enquanto a variedade selvagem é uma espécie arbórea que pode alcançar até 7-12 metros de altura, com folhas verdes e brilhantes que embelezam a paisagem o ano todo e com a floração ocorrendo na primavera e verão, a variedade anã alcança entre 2-3 metros e floresce no inverno, podendo florir já com poucos centímetros de altura (menos de 50cm). E é na época de floração que essa espécie se torna verdadeiramente deslumbrante, passando por uma incrível transformação de cores.
Durante a floração, é possível observar flores nas cores brancas, rosas e lilases, todas em uma mesma planta. O que torna esse fenômeno ainda mais fascinante é a mudança que ocorre nas cores das flores ao longo do tempo. Com a abertura do botão floral, elas são brancas, evoluindo para tons de rosa e, finalmente, exibindo um tom vibrante de lilás na senescência. Esse espetáculo cromático é de tirar o fôlego e atrai admiradores da natureza de todas as idades.
Além de sua beleza estonteante, a manacá desempenha um papel significativo no meio ambiente. Como uma espécie nativa da Mata Atlântica, ela contribui para a preservação e manutenção do ecossistema local, fornecendo abrigo e alimento para diversas espécies de animais, como pássaros e insetos. Ademais, devido as suas raízes não serem agressivas e ao tipo de crescimento, tanto a variedade nativa, quanto a anã são de interesse para a ornamentação de espaços urbanos e podem ser utilizadas em projetos de recuperação de áreas degradadas.
Contudo, apesar de toda a sua beleza e importância ecológica, a Tibouchina mutabilis enfrenta desafios. A destruição do habitat natural tem ameaçado a sobrevivência dessa espécie e de muitas outras plantas nativas. É fundamental que medidas de conservação e preservação sejam adotadas para garantir a continuidade desse espetáculo natural, para as gerações futuras.
Além disso, cabe a cada um de nós apreciar e proteger essa riqueza natural. Plantar uma espécie manacá em nosso jardim ou em espaços públicos é uma forma de contribuir para a manutenção da biodiversidade e, ao mesmo tempo, desfrutar da magnífica floração que essa árvore oferece.
Em suma, a Tibouchina mutabilis é uma verdadeira joia da natureza, um espetáculo cromático que encanta e inspira. Sua floração exuberante nos lembra da importância de se preservar o meio ambiente e a beleza que ele nos proporciona. Vamos celebrar e proteger essa espécie, para que ela continue a brindar nossos olhos e corações com seu esplendor por muitos e muitos anos.
*Nicole Geraldine de Paula Marques Witt é Bióloga e Mestra em Agronomia. Professora da Área de Geociências – Uninter
Autor: Nicole Geraldine de Paula Marques Witt (*)Créditos do Fotógrafo: Elon Alves/Ecofuturo