A importância dos catadores de materiais recicláveis

Autor: *Rodrigo Berté e Andre Maciel Pelanda

Com o surgimento das vacinas contra a Covid-19 e o avanço da imunização, houve um retorno gradativo de diversas atividades a partir do segundo semestre de 2021. Uma das atividades que retornou foi a da coleta seletiva de materiais recicláveis, feita por profissionais anônimos, trabalho extenuante que causou um impacto direto no recolhimento de resíduos gerados e descartados durante e após a pandemia do Coronavírus.

Dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE), mostram que foram gerados aproximadamente 81,8 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos no ano de 2022 no Brasil. Isso significa que cada brasileiro produziu, em média, 1,043 kg de resíduos por dia. Diante deste cenário de aumento na produção anual de resíduos, fica claro que os catadores e as cooperativas de reciclagem têm um protagonismo cada vez maior na sociedade.

Estimativa do Instituto de Pesquisa e Economia Aplicada (IPEA) revela que existem no Brasil cerca de 600 mil catadores de materiais recicláveis. Os catadores realizam um eficiente trabalho de utilidade pública, fazendo a coleta e separação, recuperação e reciclagem de resíduos sólidos. São importantes no processo de controle do lixo em todo o país. Muitas vezes, o que era visto como algo inútil, acaba se tornando em uma mercadoria que pode ser reaproveitada e ofertada no mercado.

No entanto, apesar de serem agentes de grande importância para a coleta seletiva e reciclagem de resíduos, muitas vezes trabalham em locais que apresentam condições insalubres, como lixões e aterros, correndo o risco de contraírem diversas doenças, e sem os equipamentos de proteção individual necessários.

É absolutamente necessária a valorização dos trabalhadores que atuam no processo de coleta de materiais recicláveis e a implantação de políticas públicas condizentes com a importância desses profissionais na cadeia da economia sustentável, em especial programas de assistência, promoção social e de saúde. A participação dos catadores no processo de coleta seletiva, além de gerar empregos e renda, traz um benefício direto para o meio ambiente, pois reduz a quantidade de resíduos sólidos despejados nos lixões urbanos e aterros sanitários, permite o reaproveitamento de materiais gerando novos produtos, e causam menos impacto na natureza, em especial ao solo, rios e lençóis freáticos.

Ressaltamos ainda, a necessidade de uma solução para que os catadores possam de vez abandonar o serviço de tração, transporte utilizado por eles, de forma braçal, para transportar de uma a duas toneladas de materiais recolhidos. Esse método é utilizado pela maioria desses profissionais nos grandes centros e nas cidades. Está na hora de as cooperativas, movimentos e as organizações não governamentais, que atuam nesse segmento, exigirem maior efetividade da Política Nacional de Resíduos Sólidos, em vigor no país há 13 anos. Para que apresentem uma solução inovadora, que busque humanizar, dignificar, transformar vidas de catadores e de seus familiares. Valorizar esse importante agente ambiental, que faz parte do serviço público de coleta e preserva a natureza.

*Rodrigo Berté é pró-reitor de Graduação do Centro Universitário Internacional Uninter

Andre Maciel Pelanda é professor da Escola Superior de Saúde Única do Centro Universitário Internacional Uninter.

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Autor: *Rodrigo Berté e Andre Maciel Pelanda
Créditos do Fotógrafo: Foto: Gladstone Barreto


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