A importância da arquitetura sustentável na saúde e bem-estar
Autor: Kethlyn Saibert - Estagiária de JornalismoEngane-se quem acredita que arquitetura sustentável se baseia apenas em prédios bonitos, com terraço verde e iluminação com luz solar. Construções sustentáveis vão além do paisagismo e preocupação com consumo de energia e água. Esse tipo de edificação também tem o papel de auxiliar na saúde e qualidade de vida de seus usuários.
Bem-estar, saúde e conforto em edifícios sustentáveis foi tema da palestra interativa do curso de pós-graduação de Arquitetura e Design da Uninter, transmitida pelo Univirtus, no dia 27.08.20. A webinar foi mediada pela coordenadora do curso, Giselle Dziura, e contou com a presença da professora arquiteta Maíra Macedo, da Universidade Mackenzie, que é também gerente de projetos e certificações no Brasil da Green Building Council (GBC) – empresa global especializada em construções sustentáveis.
De acordo com Maíra Macedo, o planejamento sustentável não deve focar apenas na redução dos impactos ambientais, mas também deve ser economicamente viável e auxiliar na saúde e conforto dos moradores e visitantes dos edifícios. Segundo ela, as pessoas passam 90% de seus tempos dentro de ambientes construídos, “então sabe-se que eles têm impacto no bem-estar”.
As construções sustentáveis devem conter o selo LEED (Liderança em Energia e Design Ambiental), que é uma certificação criada pela empresa GBC. “Nossa organização tem a missão de acelerar a transformação da indústria da construção civil e da cultura da sociedade utilizando as práticas de mercado, desde projetar, construir e operar edificações que visam o equilíbrio entre a redução dos impactos ambientais, melhora da saúde das pessoas e também no valor econômico. São 80 GBC’s no mundo todo”, ressalta.
Entretanto, não é sempre que os projetos arquitetônicos se atentam à questão do bem-estar dos usuários. Maíra cita a síndrome dos edifícios doentes: “Há impactos negativos quando a edificação não toma cuidados com o bem-estar. Essas edificações acabam gerando fadiga, dor de cabeça, problemas respiratórios e irritabilidade. Estudos comprovam que a luminosidade ruim impacta na qualidade do sono das pessoas que ocupam esses edifícios. Então, é muito importante as edificações olharem para essas questões”, afirma.
Por outro lado, projetos que se empenham em entregar mais conforto aos habitantes proporcionam impacto positivo. “Estudos comprovam que edificações sustentáveis em ambientes escolares melhoram o aprendizado de alunos que realizam testes de matemática e português. Eles rendem melhor numa escola construída em função do conforto térmico, iluminação e acústica. Há estudos relacionados a leitos hospitalares que mostram que os pacientes se recuperam mais rapidamente quando a edificação tem esses cuidados com o conforto”, aponta Maíra.
A arquiteta ainda cita o estudo da GBC, no qual foi constatado que escritórios que se preocupam com saúde e bem-estar melhoram o desempenho dos funcionários. “Este estudo chegou a um resultado de 6% a 11% na melhora de produtividade, relacionada à qualidade interna do ar em escritórios sustentáveis”, diz.
Além disso, também há a questão da biofilia na arquitetura, que é relação do verde da natureza para com os ocupantes. “Um telhado verde, uma parede verde impacta no bem-estar e criatividade. Inclusive há escritórios certificados que contaram a GBC que incentivam os funcionários a passarem um período do trabalho num espaço fora do escritório que contenha natureza, como num parque, por exemplo. Há empresas também que criam suas próprias soluções arquitetônicas com uma parede verde, uma horta ou possibilitando que o funcionário leve uma planta para o ambiente de trabalho. Essas estratégias de sustentabilidade dentro de ambientes construídos resultam impactam positivamente na qualidade de vida dos usuários”, diz Maíra.
Outras questões foram debatidas sobre a saúde e conforto nos edifícios sustentáveis pelas professoras. Elas enfatizam que deve-se estudar as necessidades das pessoas em diferentes ambientes. Giselle argumenta que pensar no usuário final é importante: “Deve-se mostrar para o usuário por que o edifício é sustentável e ensiná-lo a usufruir da melhor maneira possível”. Maíra ainda ressalta que o objetivo do desempenho não está só na redução de impactos ambientais: “Nós, como arquitetos, temos o papel de proporcionar bem-estar e o dever de entender e educar o usuário”, conclui a arquiteta.
Para assistir o bate-papo na íntegra, estudantes da Uninter devem acessar o Univirtus, clicar no link ‘ao vivo’ e digitar o título no campo de busca: Bem-estar, saúde e conforto em edifícios sustentáveis.
Autor: Kethlyn Saibert - Estagiária de JornalismoEdição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro