A escrita feminina no século 18 e a luta pelo reconhecimento

Autor: Igor Ceccatto - Estagiário de Jornalismo

CTB232268 Portrait of Mary Wollstonecraft (1759-97) c.1793 (oil on canvas) by Keenan, John (fl.1791-1815); Private Collection; (add.info.: author of 'A Vindication of the Rights of a Woman' published 1792;); English, out of copyright

Na Inglaterra do século 18, as mulheres que queriam ser escritoras tiveram de lutar para serem reconhecidas numa sociedade patriarcal, em que atividades intelectuais eram restritas aos homens. Segundo Anadir Miranda, doutora em História pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), ao falar sobre o tema é necessário fazer uma abordagem multidisciplinar que alie conhecimentos sociológicos, históricos, literários e de gênero. A pesquisadora afirma que “a temática das mulheres é nova, se comparada à presença da população masculina na autoria e produção literária”.

Seu contato com o assunto começou ainda em na graduação na UFPR, quando em aulas do curso ela estudou o tema. “Como já tinha interesse pela área, pedi alguns direcionamentos, que me fizeram refletir acerca de minha própria existência como mulher, e levei a ideia comigo até o doutorado”, explica. Em sua tese, ela realizou uma análise das produções de autoras femininas do século 18, falando da escrita, da subjetividade e das relações sociais. “Foi uma jornada de 15 anos, em que fui refinando minhas pesquisas e conhecimentos pelo tema que se tornou minha paixão”, conta.

Mulheres também podem escrever

Pouco se sabe sobre as escritoras femininas do século 18 e sua importância, por isso o estudo continua sendo necessário. Como a professora Anadir mesmo explica, “quando ouve-se falar das conquistas das mulheres na escrita, sempre são associadas ao século XX, quando puderam começar a ter acesso às universidades e à educação formal, ou no máximo no século 19, mas não foi bem assim”.

Em sua tese, a pesquisadora tomou como base algumas escritoras da época: Mary Wollstonecraft (foto), Mary Hays e Mary Robinson, que ainda são pouco conhecidas no Brasil, mas foram essenciais na história feminina. Sobre as três escritoras, ela conta que “eram mulheres de classe média, com acesso restrito à educação, que adquiriram o aprendizado para a escrita através de homens de letras ou por estímulo da própria família e uso das bibliotecas, que eram só destinadas a seus irmãos na época”, complementa.

“Neste momento da história, em que começou o advento dessas autoras, também ocorria a convergência entre o ambiente ‘público’, que era dito ser só para os homens, e o ‘privado’, para as mulheres, o que também podia ser percebido na literatura e suas obras”, afirma.

As mulheres se envolveram com a escrita de romances, livros educativos e cartas, e acharam ali a oportunidade de adentrar ao mundo da escrita.

Anadir Miranda conversou com a professora da Uninter Deisily de Quadros, durante edição do programa Entre Letras e História, realizado na página do Facebook do curso de Linguagens e Sociedade. O bate-papo, intitulado Autoria Feminina na Inglaterra do século XVIII, está disponível na íntegra na página do Facebook.

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Autor: Igor Ceccatto - Estagiário de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Reprodução


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