A distribuição da riqueza faz bem à natureza

Autor: Ariadne Körber - Estagiária de Jornalismo

A Uninter se mobilizou nesta sexta-feira, 05.jun.2020, em uma maratona da sustentabilidade com 12 horas de palestras online, apresentadas ao vivo nas redes sociais do projeto, em comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente.

Uma das transmissões foi sobre o impacto ambiental da desigualdade social, apresentado pela professora Neiva Silvana Hack, do curso de Serviço Social, mediada pelo professor Cristiano Caveião, da Escola de Saúde da Uninter.

Segundo a professora, nas décadas de 1970 e 1980 havia estranheza ao se debater o assunto do cuidado com o meio ambiente, mas a evolução dos estudos nesta área mostra como a a sociedade interfere na natureza.

Neiva destaca que esse momento de pandemia e isolamento social, com o afastamento das pessoas e a diminuição na produção das indústrias, fez com que a natureza se recuperasse de forma visível. Isso deixou evidente o quanto a ação humana agride a natureza, mas que pode também proteger os recursos naturais.

Cuidados como separação e reciclagem de lixo e não jogar lixo nas ruas são comportamentos importantes para a manutenção da saúde do meio ambiente, segundo a professora, que destaca que existe a necessidade de mudanças sociais para uma melhoria real.

A desigualdade de acesso a renda e riqueza faz com que pessoas vivam de caridades, além das desigualdades de gênero e raça. Isso surge pela forma de produção e industrialização que o mundo viveu, pontua a professora, que permite a acumulação de riqueza por uma parcela da população e não alcance todos os indivíduos, com base nos dados da Síntese dos Indicadores Sociais e da Oxfam.

No Brasil, metade da riqueza do país é acumulada por apenas 5% da população, enquanto os outros 95% dividem o restante da riqueza. As pessoas mais afetadas pela má distribuição de renda são mulheres e pessoas negras, segundo os dados mencionados pela professora.

Aproximadamente 30% da população não vive em condições adequadas, com superpopulação da residência, ou sem condições de proteção às intempéries. Entre a população de baixa renda, 60% não têm acesso a um dos serviços de saneamento básico, seja coleta de lixo, escoamento de esgoto ou água tratada.

Na outra ponta, a população mais rica consome de maneira inconsciente, além de conseguirem liberações ambientais para construção em locais que deveriam ser protegidos, aponta Neiva. O consumo é visto como uma forma de afirmar sua posição na sociedade, levando pessoas a consumirem determinados produtos ou consumir exageradamente, agredindo o meio ambiente através dos rejeitos gerados.

Há pessoas de baixa renda que chegam a não ter acesso às políticas públicas, incluindo não ter moradia formal, habitando locais que não atendem suas necessidades básicas e podendo ter impactos negativos na natureza. Neiva exemplifica o caso de pessoas que moram na beira de rios ou morros, e que a falta do saneamento faz com que os rejeitos dessas famílias sejam despejados em rios e córregos, poluindo a água.

Apesar de a distribuição de renda não ser democrática, o impacto dos danos à natureza é, fazendo com que todos sofram com seus malefícios, salienta a professora. Neiva pontua que uma forma de ajudar a mudar a situação ambiental e conhecer a realidade do município em que se reside, quais as políticas públicas nesse tema, quantas famílias não têm acesso ao saneamento básico e ter consciência política e participação das reuniões de conselhos de moradia, meio ambiente e outras.

A professora ainda destaca que nossos hábitos cotidianos também podem ter um impacto positivo no meio ambiente, através do consumo consciente. Ao final, ao responder as perguntas dos ouvintes, aponta que a baixa renda ou ausência de renda dificulta a contribuição a sustentabilidade, apesar de não impedir que sejam feitas mudanças para melhor por meio da educação.

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Autor: Ariadne Körber - Estagiária de Jornalismo
Edição: Mauri König
Créditos do Fotógrafo: Sam Willis/Pexels


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