A conexão Brasil-Japão de Luciane Kanashiro
Autor: Matheus Pferl - Estagiário de JornalismoO Japão é muito conhecido por algumas características de seu povo, dentre elas a educação, organização e disciplina. Luciane Yanase Hirabara Kanashiro, professora e tutora do curso de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas da Uninter, traz em sua bagagem muito da cultura nipônica, que aprendeu com seus pais no Brasil e também no tempo em que viveu no Japão.
Nascida na pequena Santa Amélia, no norte do estado do Paraná, ela saiu de lá para fazer o curso de Ciências da Computação na Universidade Estadual de Maringá (UEM). Trabalhou com desenvolvimento web e começou na docência antes mesmo do mestrado.
Quando lembra da graduação, ressalta que é um curso difícil, que exige muita dedicação. Além disso, fez mestrado na área de visão computacional e computação forense, em que percebeu uma questão relacionada à escrita dos brasileiros. “Durante o estudo do meu mestrado, percebi que nós, brasileiros, complicamos muito na hora de escrever, porque costumamos cortar o 7, escrevemos o 1 com um traço em baixo e não apenas com um risco, assim como outros detalhes”, afirma Luciane.
Quando decidiu pelo mestrado, o fez em Curitiba, e em paralelo aos estudos, começou a dar aulas de novo, no colégio Erasmo Pilotto. Dava aula para funcionários e trabalhava junto com um pedagogo. Esse foi um momento em que aprendeu muito e, além de desenvolver a parte técnica, como o uso de imagens e outros recursos, passou a entender melhor os alunos, a ensinar de uma forma mais didática e de maneira mais detalhada, por causa das dicas e conversas que tinha com o pedagogo.
Outro momento de grande aprendizado foi quando trabalhou em um colégio de surdos, como professora de um curso técnico. Durante o período, fez um treinamento básico de libras, e sentiu uma grande evolução, não só na parte técnica mas na questão de relacionamento.
Experiência no Japão
Luciane explica que já sabia falar japonês, mas quando foi para o Japão teve de aprender novamente. “Morei no Japão quando era mais jovem. Eu trabalhava no chão de fábrica, fazia inspeção dos monitores de celular, vendo se tinha algum defeito ou não. Já tinha minha formação quando fui morar lá, mas na entrevista de emprego foi um pouco difícil, tinha algumas dificuldades na língua”, relata.
“Achei que sabia falar bem japonês. Na prática as coisas são diferentes, eu vi que o japonês que eu falava era muito arcaico, eu falava umas palavras que não se usam mais, então tive que aprender de novo. Para entender o inglês dos japoneses também não foi fácil, foi o que me fez não passar na entrevista de emprego”, descreve.
Foi no Japão que ela conheceu o marido, e o que era para ser uma estadia de um ano se transformou em cinco. “Fiquei por lá mais tempo do que eu imaginava. Fui para ficar um ano e fiquei cinco. Lá as coisas são bem diferentes, eu não tinha medo de sair na rua e ser assaltada, as janelas são sem grades. E também os japoneses têm muito pouco conhecimento do que é o Brasil, são bem ignorantes em relação a nós”, salienta.
No Japão, viveu na cidade de Yokkaichi, perto de Suzuka, onde ocorrem as corridas de Fórmula 1. “O Japão é tão pequeno que você sai de uma cidade e vai para outra e nem percebe”, conta Luciane. Do Japão veio para São Paulo, mas não se adaptou pela distância entre os lugares. Na capital paulista tudo é longe e o trânsito intenso também foi um fator de insatisfação. Depois disso se mudou para Curitiba.
Luciane diz que depois que virou mãe, praticar seus hobbies se tornou uma tarefa difícil. “Ultimamente não tenho muito tempo pois tenho um filho pequeno, de 4 anos, o Roger, então no meu tempo livre eu assisto os desenhos com ele. Eu gosto bastante de filmes e séries, mas agora só assisto séries infantis com meu filho”, destaca.
De fato, uma das grandes mudanças que viveu foi com o nascimento de seu filho, Roger. Foi ali que sentiu que tudo mudou. “Como podemos amar tanto? Faço de tudo por ele”, relata Luciane.
Apesar de não sobrar muito tempo, uma das coisas que ainda consegue manter é a leitura, está lendo ‘Tenha um bom dia hoje’ que é um livro de autoajuda de Sigmar Sabin, professor do curso de Administração da Uninter. No livro existem várias mensagens muito bacanas e otimistas, que contagiam (veja neste link).
Por fim, Luciane deixa uma mensagem a todos os estudantes. “Estudem muito, não desanimem, essa área de ciências da computação é difícil mesmo, mas vocês podem ir além do que vocês imaginam. Você não pode se limitar só pelo que vocês estão vendo na faculdade, tem que sair da caixinha e não se contentar só com o que está sendo ensinado ali. Depois que você sair da faculdade, as coisas serão muito diferentes, não vai haver ninguém para responder suas perguntas diretamente, então aproveitem para tirar tudo que o professor pode ensinar e mais um pouco”, conclui Luciane.
Luciane contou sua história durante a última edição do programa “Sala dos Professores”, no dia 03.set.2021, que contou com a mediação do professor Guilherme Rodrigues. Você pode conferir a gravação completa do evento na página oficial da Escola Politécnica da Uninter no Facebook.
Autor: Matheus Pferl - Estagiário de JornalismoEdição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Rulosan/Pixabay