A biodiversidade é fonte de cura

Autor: Fillipe Fernandes - Estagiário de Jornalismo

O Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) levantou recentemente um dado alarmante: o Brasil queimou em apenas oito meses o equivalente à destruição dos últimos seis anos no bioma pantanal. Até o começo de setembro, foram registrados quase 15 mil pontos de incêndios na região. Os protestos de setores ligados à preservação do meio-ambiente não são à toa, destruindo a floresta, se destrói também a possibilidade de um futuro saudável para as próximas gerações.

Além disso, a destruição de biomas ameaça diretamente a nossa saúde. A maratona Ecos do Brasil, transmitida recentemente pela fan page Maratonas Para Desenvolvimento Sustentável Uninter, no Facebook, teve doze horas de palestras discutindo temáticas sociais e da área de saúde. Uma delas teve como tema Biodiversidade e Medicina Tradicional, que você pode conferir na íntegra aqui.

A professora Ivana Busato, coordenadora do curso de Gestão em Saúde Pública, recebeu os professores Vinicius Bednarczuk, coordenador dos cursos de Farmácia e Práticas Integrativas e Complementares, e Cristiano Caveião, coordenador dos cursos de Gerontologia e Auditoria em Saúde, para uma conversa que explicou porque a medicina tradicional está em alta e qual sua relação direta com a preservação do meio-ambiente.

“Na década de 1970, a OMS (Organização Mundial de Saúde) e a Organização Pan-americana de Saúde começaram a se interessar pelas práticas medicinais qualificadas, denominadas depois como medicina tradicional. Estudiosos e pesquisadores conversaram muito sobre o tema, o que fez com que surgissem algumas necessidades. A criação da própria política de plantas medicinais e fitoterápicas. Culminando na disseminação do conhecimento da biodiversidade, que impulsionou a indústria farmacêutica”, explicou Cristiano Caveião.

A medicina tradicional é simbiótica à natureza. A biodiversidade é retirada da natureza para suprir as necessidades humanas dentro da medicina. Por isso a preservação dos biomas em todo o mundo é importante. “Quando se promove degradação ambiental, se influencia a saúde humana. Essas inter-relações entre sociedade e natureza são importantes para a saúde ambiental e humana. O desmatamento causa efeitos diretos e graves sobre a saúde humana. Causa diminuição das fontes de matéria-prima para descoberta de uma nova droga, impossibilitando a cura de doenças, provoca uma perda de modelos médicos, afeta propagação de doenças humanas, ameaça a produção de alimentos e a qualidade da água que nós bebemos”, ponderou Caveião.

O professor Vinicius complementou a fala de Cristiano, incentivando os ouvintes a utilizarem a medicina tradicional brasileira. “O uso empírico, baseado em observações, no dia-a-dia, passado de geração em geração, é relacionado com a medicina tradicional. A gente vive em um país de origem indígena, com território gigantesco. E praticamos as medicinas tradicionais originárias de outros países. Por que não praticar as medicinas tradicionais que vêm da América do Sul, da América Latina ou do próprio Brasil? Elas ainda são utilizadas por esses povos”, questiona Vinicius.

Apenas em 2006 foi instituída a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS. Ou seja, a partir desse ano, o governo brasileiro entendeu a medicina tradicional como política pública de saúde, legalizando uma série de procedimentos que servem para recuperar a saúde e prevenir doenças.

Alguns destes procedimentos são:

Geoterapia – usa argilas, cristais e terra como recurso terapêutico.

Fitoterapia – usa recursos provenientes das plantas.

Floralterapia – usa flores como recurso terapêutico.

Hidroterapia – tratamento com águas termais.

Aromaterapia – óleos essenciais e plantas medicinais interagindo com o sistema límbico por meio dos cheiros.

Apiterapia – recursos provenientes das abelhas, mel, própolis, geleia real, entre outros.

Observar a medicina tradicional, seja ela chinesa, indiana, ou de qualquer outro lugar, pode ser uma forma de promover saúde para humanos e para a natureza. “Fitoterapia na parte indígena é muito forte. Os índios têm a observação da planta como um todo, o seu significado e seu efeito terapêutico muito bem elucidado. Então, acho que vale ressaltar e fortalecer dentro da medicina tradicional, pensar em termos de Brasil, valorização da medicina tradicional brasileira, que também é muito rica”, incentiva Vinicius.

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Autor: Fillipe Fernandes - Estagiário de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Corpo de Bombeiros MS


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