A agenda invertida do jornalismo na migração do analógico para o digital
Autor: Ivone Souza - Estudante de JornalismoA forma de se fazer jornalismo tem mudando drasticamente nos últimos anos. Entre as diversas mudanças tecnológicas que impactam diretamente a área de comunicação, a popularização das redes sociais influenciou a forma como se produz e consome informação. Essa transformação altera a lógica de uma das teorias mais clássicas do jornalismo, a teoria do agendamento, que trata da forma como a grande mídia pauta a opinião pública.
Com o objetivo de testar o reverso desta teoria, ou seja, como as redes sociais estão pautando a grande mídia, Paulo Pessôa, estudante de Jornalismo do polo de educação a distância da Uninter em Campinas (SP), produziu uma pesquisa científica que resultou no artigo “Teoria do agendamento invertido: o relacionamento entre emissor e receptor de informação no mundo digital”. O trabalho foi apresentado no XV Enfoc (Encontro de Iniciação Científica), realizado pela Uninter em novembro, em Curitiba (PR).
Segundo a teoria do agendamento clássica, dos anos 1970, a grande mídia tem o poder de determinar os assuntos que farão parte do cotidiano dos consumidores de notícias. Porém, com a ascensão das redes sociais, isso mudou. Como Paulo constatou em sua pesquisa, a imprensa hoje busca conteúdo produzido pelo público.
“Antigamente, a teoria do agendamento tratava de que a grande mídia pautava os debates públicos, agora eu testei em cima de algumas observações de que a grande mídia está sendo pautada pelos debates públicos que ocorrem principalmente nas redes sociais”, diz.
Além disso, ele destaca que o processo de agendamento ganha força caso envolva “porta-vozes” da sociedade, ou seja, pessoas de destaque na mídia que identificam alguns assuntos como mais importantes dentre os que surgem na cobertura jornalística.
“Essas especificidades podem ser aplicadas à agenda invertida, considerando a habilidade de dirigir a atenção dos meios de comunicação aos assuntos que são tratados por um grupo de usuários do mundo virtual (nas redes sociais e na internet como um todo), seja por meios de seus ‘porta-vozes’ ou por meio de um cidadão informante comum”.
Paulo destaca em sua pesquisa que para ter um alcance maior é necessário que os meios de comunicação se adaptem ao novo mundo digital. “Esse cidadão possui preferências editoriais e vontades consumistas específicas. Portanto, as notícias produzidas para esse usuário e para o ambiente em que ele as consome, além no imediatismo que é imposto pela relativização do tempo presente no mundo virtual, sofrem alterações para melhor conquistá-lo”, argumenta ele em seu artigo.
Ao concluir a análise, Paulo comenta que ainda existem muitas variáveis que podem ser investigadas e que sofrem impacto direto da inversão da teoria do agendamento. Ele cita como exemplo, “identificar indivíduos que se tornam os porta-vozes de um determinado assunto, personificando esse mesmo tema”.
Autor: Ivone Souza - Estudante de JornalismoEdição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Arquivo pessoal Paulo Pessôa