Mulheres conquistam uma maior participação na Educação e no Mercado de Trabalho

Autor: Andressa Bueno Serigato Meneghelli*

A presença feminina em cadeiras de universidades e no mercado de trabalho brasileiro tem crescido de forma expressiva nos últimos anos. De acordo com o IBGE, 25,2% das mulheres ocupadas possuem ensino superior completo, em comparação a 18,5% dos homens. Além disso, uma análise do Censo da Educação Superior mais recente, de 2022, revelou que 57% dos estudantes matriculados no ensino superior no Brasil são mulheres, confirmando a tendência de avanço feminino nas universidades. No que tange ao percentual de cargos ocupados por mulheres, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) do IBGE mostra que a taxa de participação das mulheres no mercado de trabalho atingiu 53,4% em 2022. 

Esses dados evidenciam um salto significativo da participação feminina na educação e no mercado de trabalho, que refletem transformações profundas na sociedade e na dinâmica corporativa, em que o protagonismo feminino avança não apenas na busca por qualificação acadêmica como uma estratégia para superar barreiras de empregabilidade e buscar melhores remunerações para uma autonomia financeira, mas também na busca por uma mudança de valores sociais, além de cultural em prol da igualdade de gênero.  

Uma das possíveis causas do aumento no número de mulheres cursando nível superior, segundo pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), está diretamente relacionada à expansão do Ensino a Distância (EAD), uma modalidade de ensino que abre portas para o acesso à educação, especialmente para mulheres com múltiplos papéis, permitindo que elas conciliem a busca por qualificação com outras responsabilidades. Essa flexibilidade é um fator crucial, especialmente para 63% dos estudantes de EAD no Brasil que são mulheres e que vivem essa realidade de dupla jornada, são mães e chefes de família entre outras responsabilidades. Por meio dessa modalidade, elas conseguem estudar sem a necessidade de deslocamento ou horários rígidos, viabilizando assim, o alcance de seus objetivos educacionais e profissionais (Educa Insights, 2023). 

A partir do momento que as mulheres têm maior acesso à educação, ampliando suas qualificações, outras portas se abrem para a presença feminina, como a possibilidade de ocuparem cargos de liderança. Relatórios, como o da Grant Thornton, de 2023, mostram que o Brasil registrou um aumento significativo na presença de mulheres em posições de liderança nas empresas privadas, passando de 34% em 2021 para 38% em 2023. Esse avanço é ainda mais expressivo em setores tradicionalmente dominados por homens, como tecnologia e finanças. 

No contexto organizacional, a inclusão feminina resulta em uma cultura de maior resiliência e inovação. Conforme estudos do Fórum Econômico Mundial, divulgados no Relatório Global de Desigualdade de Gênero 2023, empresas que apostam em diversidade relatam melhorias em seus resultados financeiros e na capacidade de inovação, confirmando que a inclusão não é apenas uma questão social, mas também estratégica. 

Porém, apesar das conquistas, o protagonismo feminino na educação e no mercado de trabalho não está isento de grandes desafios. A dupla jornada – que combina responsabilidades profissionais e domésticas –, continua sendo um obstáculo para muitas mulheres que não possuem uma rede de apoio. Neste sentido, iniciativas como ampliação de creches públicas, licenças parentais igualitárias e práticas organizacionais voltadas à equidade de gênero são fundamentais para que a participação feminina em contextos educacionais e organizacionais seja ainda mais expressiva.

*Andressa Bueno Serigato Meneghelli, Mestra em Administração e professora da Escola Superior de Gestão Comunicação e Negócios do Centro Universitário Internacional Uninter. 

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Autor: Andressa Bueno Serigato Meneghelli*
Créditos do Fotógrafo: Pexels


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