O MEC e a capacitação em educação inclusiva: um passo necessário em tempos de questionamento da EAD

Autor: *Bruno Luis Simão

Em um cenário em que a Educação a Distância (EAD) tem sido amplamente discutida e, por vezes, questionada, o Ministério da Educação (MEC) surpreende com uma iniciativa que reforça a eficácia dessa modalidade. No dia 15, o MEC anunciou a oferta de 1,25 milhão de vagas para um curso online voltado para a formação de professores em educação especial, na perspectiva da educação inclusiva. Essa decisão não apenas valoriza a EAD, mas também destaca a importância de capacitar educadores para atender às necessidades de alunos com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e altas habilidades.  

Desde segunda-feira (21), os professores podem se inscrever para as primeiras 250 mil vagas oferecidas por 50 instituições de ensino superior. Essa formação, com carga horária total de 120 horas, será ministrada pela Universidade Aberta do Brasil (UAB), em parceria com universidades federais, utilizando uma plataforma de Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). O curso, dividido em quatro módulos, abordará temas essenciais como direitos humanos, diversidade, currículo e práticas pedagógicas inclusivas. 

Por um lado, o ministério tem levantado questionamentos sobre a qualidade e a eficácia dessa modalidade de ensino, enfatizando a necessidade de uma formação mais robusta e presencial para os educadores. Por outro lado, ao lançar um curso de capacitação em EAD para professores, em parceria com a Universidade Aberta do Brasil (UAB) e outras instituições, o MEC demonstra que reconhece o valor dessa ferramenta no processo formativo.  

Essa dualidade é, no mínimo, perplexa. Se a EAD é considerada inadequada em certos contextos, como pode o MEC utilizá-la para oferecer uma formação tão importante e urgente? A oferta de 250 mil vagas para um curso estruturado em módulos que abordam temas fundamentais para a educação inclusiva contrasta com a crítica que a própria instituição faz ao modelo. Essa incoerência levanta sérias questões sobre a confiança que o MEC deposita na EAD como meio de formação de professores.  

Além disso, ao promover um curso online de 120 horas em um formato que, teoricamente, deveria ser mais acessível e inclusivo, o ministério parece adotar uma abordagem pragmática, ignorando suas próprias reservas sobre a qualidade do ensino a distância. Essa estratégia pode ser vista como uma tentativa de atender a demandas imediatas por formação sem resolver as questões subjacentes que afetam a percepção pública da EAD. 

O Censo Escolar 2023 revelou que 1,5 milhão de alunos da educação especial estão matriculados em classes comuns da educação básica na rede pública. Esse número alarmante ressalta a urgência de preparar os docentes para um ambiente escolar que é cada vez mais inclusivo. A capacitação proposta pelo MEC não só visa melhorar a prática pedagógica, mas também promove a formação de um olhar mais sensível e competente para as diversidades presentes nas salas de aula. 

Ao optar pela EAD para essa capacitação, o MEC demonstra que, apesar das críticas que a modalidade enfrenta, ela pode ser uma ferramenta poderosa para democratizar o acesso ao conhecimento e à formação contínua dos educadores. Portanto, a iniciativa do MEC é não apenas uma resposta às demandas atuais, mas também um passo importante na construção de um futuro educacional mais justo e igualitário. A educação EAD é, sim, válida e necessária nos dias atuais. Ela representa uma oportunidade de aprendizagem flexível e acessível, que pode atender à diversidade de profissionais e estudantes. Ao abraçar essa modalidade, estamos investindo em um modelo educacional que rompe barreiras e proporciona um caminho mais inclusivo e transformador para todos. A educação sem fronteiras, alicerçada na inclusão e na inovação, é um caminho que deve ser trilhado com coragem e determinação. 

*Bruno Luis Simão é licenciado em Pedagogia e Normal superior com habilitação em Educação Infantil, e Licenciado em Educação Física. Especialista em Psicopedagogia, Ludopedagogia, Psicomotricidade, Neuropsicopedagogia e Educação Especial e Inclusiva. É mestre em Educação e Mestrando em Artes e professor da Área de Educação, da Escola Superior de Educação No Centro Universitário Internacional Uninter 

Incorporar HTML não disponível.
Autor: *Bruno Luis Simão
Créditos do Fotógrafo: Pexels


Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *