Futuro incerto: a jornada dos caminhoneiros no Brasil

Autor: *Rafaela Aparecida de Almeida

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O transporte de aproximadamente 65% de todas as cargas movimentadas no país, é realizado pelos caminhoneiros que representam a força motriz que movimenta grande parte da economia nacional. Os caminhoneiros são  responsáveis por conectar origens e destinos em todas as regiões do Brasil, garantindo o abastecimento e a circulação de bens essenciais. No entanto, por trás dessa engrenagem fundamental, há uma série de desafios e riscos que fazem parte do cotidiano desses profissionais e que, com as mudanças tecnológicas, poderão transformar o futuro da profissão. 

Existe uma crise de escassez de caminhoneiros no Brasil, mas diante do elevado volume de cargas transportadas pelas rodovias brasileiras, por que estamos enfrentando esse problema no setor de transporte rodoviário? 

Segundo dados da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), a maioria dos caminhoneiros é composta por homens, em média entre 40 e 50 anos, com tempo de profissão entre 15 e 20 anos, muitos dos quais são autônomos ou trabalham como empregados de frota. O desinteresse dos jovens pela profissão tem se tornando um problema no país. Estima-se que o déficit de motoristas com carteira de habilitação das categorias C, D e E passa de 1,5 milhão. Dados da Fetrabens demonstram que este cenário deve piorar até 2026, quando mais de 37% dos motoristas autônomos devem se aposentar.   

Diversos fatores contribuem para essa escassez. No que se refere à infraestrutura, destacam-se a ausência de estradas adequadas, as péssimas condições de rodovias, o elevado risco de acidentes e roubos, além da precariedade dos pontos de descanso. No ponto de vista financeiro, a profissão oferece baixa rentabilidade, agravada pelo aumento nos custos de pedágios e combustíveis, elevadas taxas de juros para financiamento de veículos, despesas com treinamentos e os baixos valores dos fretes. Somam-se a estes fatores longas jornadas de trabalho, pressões por prazos curtos, ausência de férias, além de longo período de espera para carga e descarga.   

A falta de motoristas traz uma série de consequências para o setor logístico e para a economia como um todo. Com menos profissionais disponíveis, transportadoras enfrentam dificuldades para cumprir prazos, o que afeta o fluxo de mercadorias em todo o país. Isso também gera um aumento no custo dos fretes, impactando diretamente o preço dos produtos para o consumidor final.  

Para melhorar a retenção de motoristas no transporte rodoviário, o setor precisa adotar medidas como investir em capacitação, criar jornadas equilibradas, garantir segurança nas rotas, oferecer benefícios como plano de saúde e FGTS, e implementar tecnologias avançadas como telemetria. Além disso, diversificar os modais de transporte, integrando ferrovias e hidrovias, pode aliviar a pressão sobre as rodovias e melhorar a logística nacional.  

*Rafaela Aparecida de Almeida, doutora em Gestão Urbana e docente no Centro Universitário Internacional Uninter.  

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Autor: *Rafaela Aparecida de Almeida
Créditos do Fotógrafo: Pixnio


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