Saúde mental ainda é desafio no mercado de trabalho

Autor: Rafael Lemos - Assistente de Comunicação

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2023, 26,8% dos brasileiros foram diagnosticados com ansiedade, colocando o Brasil com a população mais ansiosa do mundo. E, segundo o relatório “Depressão e outros transtornos mentais”, também da OMS, o país é o que tem maior prevalência de depressão na América Latina, com 5,8% da população com essa condição. E o cenário é alarmante para o futuro. Conforme um estudo epidemiológico recente do Ministério da Saúde, nos próximos anos, até 15,5% da população brasileira pode sofrer da doença ao menos uma vez na vida.

 

E o ambiente corporativo não está livre desse mal. O relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) de 2017 indicou que 36,1% dos trabalhadores em todo o mundo cumprem jornadas de trabalho excessivas. Essas horas extras, especialmente para trabalhadores de escritório, resultam em períodos prolongados de postura sentada, o que a Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho considera aumentar o risco de desenvolver doenças crônicas e problemas musculoesqueléticos entre os colaboradores. Além disso, ela aponta que a fadiga e o estresse podem interferir na saúde mental, aumentando os níveis de ansiedade, depressão e distúrbios do sono.

 

E não é só isso. Os problemas relacionados à saúde mental nas organizações estão conectados à estrutura da instituição, à cultura e especificamente às excessivas cobranças em relação aos resultados, assim como o descontrole em relação às tarefas exigidas e à falta de qualidade nas relações interpessoais. A OMS afirma que a prática de submeter as pessoas a uma gestão autoritária, comunicação inadequada, ritmo de trabalho elevado e formas que caracterizam assédio moral, como a frequente humilhação por superiores ou colegas, juntamente com a demanda constante por uma produção crescente, tem causado sérios danos mentais aos indivíduos expostos a esses fatores.

 

Uma condição de extrema importância que é capaz de mudar esse quadro é o foco no desenvolvimento de gestores, para que possam conduzir as equipes de forma saudável, madura, profissional e que impulsione cada indivíduo à satisfação em relação a sua produtividade e emponderando-o aos desafios propostos. O gestor precisa desenvolver cada indivíduo de sua equipe para que ele tenha uma maior autoconsciência em relação ao seu potencial e que possa utilizá-lo cada vez mais.

 

De acordo com as pesquisadoras Fabrícia Júlia da Silva, Marina Reis Cláudio Calais e Sheyla Rosane de Almeida Santos, uma ferramenta que possibilita identificar o grau de satisfação dos empregados é a pesquisa de clima organizacional. Além disso, ela também ajuda a identificar as necessidades e as causas que levam ao adoecimento dos colaboradores. Assim, o diagnóstico do clima organizacional se mostra como uma ferramenta eficiente para que um gestor não apenas conheça a percepção de seus empregados sobre o ambiente de trabalho, mas consiga também identificar possíveis condições que afetem a saúde dos colaboradores.

 

A busca pela qualidade de vida no ambiente de trabalho é algo dinâmico que depende do envolvimento de todos. É papel da área de Recursos Humanos, juntamente com os gestores, buscar estratégias para oportunizar a saúde mental, com ações coletivas terapêuticas, flexibilidade nos horários, sistemas de qualidade para execução do trabalho, ginástica laboral e incentivar atividades físicas e culturais. Adotar estratégias de gestão de pessoas possibilita que esses agentes atuem na mobilização, orientação, direcionamento e administração dos indivíduos que compõem a organização.

 

Finalmente, os programas de prevenção que orientam as ações de atenção à saúde do trabalhador devem abranger não apenas a mitigação de riscos e a avaliação ambiental, mas também a melhoria das condições e da organização do processo de trabalho. É fundamental promover a qualidade de vida no ambiente empresarial, adotando uma abordagem biopsicossocial que assegure condições favoráveis às boas relações socioprofissionais. Isso inclui o reconhecimento do trabalho realizado e a oferta de oportunidades para o crescimento profissional.

 

Saiba mais no artigo Os desafios e a importância da manutenção da saúde mental no ambiente corporativo no atual cenário” publicado na revista Organização Sistêmica, da Uninter.

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Autor: Rafael Lemos - Assistente de Comunicação
Edição: Larissa Drabeski
Créditos do Fotógrafo: Pexels


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