Sinfonia da inclusão

Autor: Luiz Carlos Garcel - estagiário de jornalismo

A música dá o tom na vida de José Alberto Gurnhak, que vivencia ampla intimidade com a arte. Com ouvido acurado, basta ouvir uma melodia para sair tocando, desde os clássicos até o rock e heavy metal.

A ligação com a música vem desde cedo, já que sempre se destacou na arte de combinar os sons.  Aos 10 anos de idade, ganhou um teclado de brinquedo e logo começou a fazer aulas do instrumento, incentivado pela mãe, Ketry Gurnhak de Carvalho. Cinco anos depois, o jovem recebeu o diagnóstico de autismo e a música reforçou o papel de ponte para conexão com o mundo ao seu redor.

“José tem um grau leve de autismo. Nos momentos de crise, a gente consegue controlar através de terapia, medicamentos e principalmente a música que é um remédio para todos os autistas”, revela a mãe.

Ketry, inclusive, sempre gostou de música e cresceu ouvindo na vitrola da família Valsas vienenses, Strauss e Danúbio Azul. “Ter um filho que toca no piano enquanto estou fazendo um almoço ou jantar é um privilégio sem fim”, enfatiza.

Além do piano, José toca bateria, violão, guitarra, cavaquinho, violino e escaleta. Além disso, tem o chamado “ouvido absoluto”, fenômeno auditivo que se caracteriza pela habilidade de identificar ou recriar uma nota musical, mesmo sem ter um tom de referência.

A professora e coordenadora do curso de pós-graduação em Música e Cognição da Uninter, Valentina Daldegan, explica que “quando a pessoa tem ouvido absoluto, ela consegue identificar a altura (da nota) de qualquer som que ela ouve”. É diferente nas pessoas que normalmente desenvolvem o “ouvido relativo”, quando o músico precisa da referência de alguma nota para identificar outra e, ao ouvi-la, precisa encontrar primeiro um som para compará-la.

José tem 1,7 mil seguidores e 1 mil vídeos publicados no canal do Youtube “José – O Pianista”, com quase 120 mil visualizações. Na plataforma, além de apresentar performances com diversos instrumentos, o músico fala abertamente sobre o transtorno do espectro autista (TEA), incentivando a inclusão social de pessoas com TEA no mercado de trabalho.

Trata-se de um distúrbio do neurodesenvolvimento caracterizado pelo aperfeiçoamento atípico do indivíduo, como déficit de comunicação e interações sociais, padrões de comportamento e até mesmo podendo apresentar um repertório restrito de interesses e atividades.

Em 2022, José ingressou no curso de Licenciatura em Música na Uninter. Na visão do pai, Carlos, era o que faltava para ele voar. “A decisão dele em fazer a faculdade está dando certo, com o talento e mais o aprendizado, está melhorando cada vez mais”, avalia.

O talento do estudante já foi reconhecido em diversas oportunidades. Foi assim que recebeu a oportunidade de se apresentar para o reconhecido maestro e pianista brasileiro João Carlos Martins. Também foi homenageado na Noite de Gala do Autismo, evento que celebrou, com grandes personalidades da causa autista, o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. A cerimônia foi realizada pela Associação Nacional das Pessoas com Deficiência, Doenças Raras e Doenças Congênitas (ANPcD). O jovem ainda foi convidado para participar das gravações do programa Caldeirão com Mion na Tv Globo, onde tocou Franz Liszt ao piano e falou sobre autismo.

Como compositor, se inscreveu no 3º Talento Musical (TAMU). O festival é uma iniciativa do curso de Licenciatura em Música da Uninter, com apoio da Fundação Wilson Picler, e realizar o 1º Festival de Composição de Música Instrumental. As 22 melhores composições já estão na Galeria Virtual Alma para a votação dos quatro melhores compositores, que levam uma bolsa de estudos e serão relevados na grande final do dia 4 de outubro de 2024.

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Autor: Luiz Carlos Garcel - estagiário de jornalismo
Edição: Larissa Drabeski
Créditos do Fotógrafo: Arquivo pessoal


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