Mpox, vai começar tudo de novo?

Autor: *Dr. Benisio Ferreira da Silva Filho

A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou emergência sanitária global após aumento nos casos no continente africano. Pontualmente, devido à situação encontrada na República Democrática do Congo, Burundi, Quênia, Ruanda e Uganda. Lá a transmissão é comunitária e existe potencial para se espalhar, porém, já estamos em alerta e monitorando. Vale frisar que é uma situação diferente do que vivemos em 2020, afinal, se mantivermos as defesas em alerta não teremos a perda de controle. Nestes países africanos, houve um aumento do número de casos e óbitos e por isso merece atenção, por causa da variante do vírus que está relacionado ao aumento do número de casos. Essa emergência irá provocar um aumento da produção de vacinas, implementar o aumento dos serviços de diagnóstico e manutenção do monitoramento do vírus de modo que não percamos o controle da situação.   

Entendo o medo de todos quando recebem as últimas notícias sobre a Mpox, porém é importante que saibamos que há diferenças em relação ao SARS-CoV-2 que causava Covid-19. Em 2020, quando explodiram o número de casos, a situação era de um vírus com transmissão pelas vias aéreas (o que facilita a disseminação e dificulta o controle, obrigando a realizar o isolamento dos casos positivos) e um número de mortes muito alto, em um curto espaço de tempo. Além disso, percebemos rapidamente que não dava para usar como referência o bem-estar ou um suposta saúde e resistência, já que havia pessoas que supostamente iriam resistir ao Covid-19 e vieram a óbito, enquanto outras, supostamente mais fracas, resistiram à infecção. Além disso, ainda há pessoas que nunca tiveram resultados positivos em testes para Covid. Portanto, no intuito de preservar a maioria até termos meios para combater o Covid, buscaram-se meios de prevenção economicamente ruins, mas com a intenção de salvar mais vidas, já que não sabíamos quem poderia morrer e quem sobreviveria. Com o surgimento de vacinas, aos poucos fomos voltando ao novo normal. 

E agora? Vai começar tudo de novo com a Mpox? No momento, não devemos pensar assim. Ter atenção e ficar em alerta não significa que já estamos fazendo planos para voltar ao comportamento de 2020 e 2021. Primeiro, existe vacina conhecida e já testada anteriormente mostrando-se eficiente, existe conhecimento sobre grupos específicos (profissionais de saúde e imunossuprimidos) que são mais acometidos, além de estratégia para vacina pós-contato, o que não era o caso da Pandemia por SARS-CoV-2. Segundo ponto, a transmissão exige contato, não ocorre através das vias aéreas, logo, quando comparado ao SARS-CoV-2 o controle e contenção são mais objetivos, facilitando o controle de casos. Sabemos que o epicentro no momento é na África, neste caso, se o indivíduo tem viagem aos países africanos com números altos de casos de Mpox deve ser vacinado e monitorado em sua volta. O mesmo cuidado vale em relação aos viajantes que chegam ao Brasil vindos das regiões endêmicas.  

E o Brasil, como está? Conhecemos, temos casos (poucos quando comparados aos países africanos citados), de 2022 a 2023 tivemos uma diminuição do número de casos e agora, em 2024, temos quase 800 casos. Porém, o alerta foi motivado por uma variante que ainda não está no Brasil.

A variante africana pode chegar ao Brasil? Pode, mas estamos preparados e já sabemos como informar a população para prevenir a contaminação e assim conter a disseminação. O alerta da OMS é um aviso aos países e não a confirmação de que estamos novamente em 2020. Ainda bem. 

Como já dito, a transmissão exige contato. As pessoas que estão infectadas com o Mpox aqui no Brasil vão apresentar mal-estar, febre, dor de cabeça e o surgimento das “bolhinhas que parecem ser de catapora”. Essas pessoas devem ter o acompanhamento médico e sim, devem estar isoladas, protegendo assim, os demais da contaminação, pois a transmissão existe o contato muito próximo, íntimo, com essas pessoas. Essas ações ajudaram, em 2022 e 2023, a diminuir o número de casos. 

Os profissionais de saúde e os órgãos internacionais estão sempre em alerta e no momento é importante sabermos que estão todos atentos e vigilantes, lembrar a todos que estamos em 2024 e não (graças a Deus) em 2020, vivemos uma situação em que monitoramos um vírus diferente, agora é outra história.  

*Dr. Benisio Ferreira da Silva Filho, Biomédico, Mestre em Ciências da Saúde, Doutor em Biotecnologia e Doutor em Biologia Celular e Molecular. 

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Autor: *Dr. Benisio Ferreira da Silva Filho
Créditos do Fotógrafo: NIAID/Flickr


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