Aluna de Matemática investiga conformidade de dados públicos

Autor: Rafael Lemos - assistente de comunicação acadêmica

“O controle social da aplicação dos recursos públicos é um exercício de cidadania, um direito (dever!) que precisamos aprender a fazer”. A avaliação é de Gisela Ferrato, recém-graduada no Bacharelado em Matemática na Uninter.

Ela destaca ainda a importância de ter dados públicos acessíveis para o desenvolvimento de pesquisas. Foi assim que a estudante conseguiu realizar uma análise do banco de dados públicos das contas do Estado do Paraná na sua pesquisa para o TCC, sob orientação do professor Dr. Guilherme Augusto Pianezzer.

No seu estudo, ela usou a Lei de Newcomb-Benford, que  é aplicada em diversos ramos do conhecimento e pode auxiliar auditorias e investigação de falsificações em dados econômicos, financeiros e sociais numa determinada empresa ou ente público. “A ideia do tema surgiu no primeiro estágio obrigatório (Matemática Computacional), onde confeccionei um script para análise do primeiro dígito e apliquei em dados (despesas) de um único mês de 2022. […] O objetivo era me familiarizar com as duas ferramentas, a matemática e a computacional; por isso, fiz meu próprio script. Daí, achei o assunto tão interessante, que ampliei a análise para o projeto do TCC”.

As observações de Gisela foram coletadas no banco de dados aberto do portal transparência do governo paranaense, considerando apenas os valores iguais ou maiores que R$10,00 (dez reais), totalizando 2,1 milhões de dados de despesas, referentes ao período de 2019 a 2022, chegando a R$ 200,6 bilhões de reais. Os resultados para o estudo mostraram que as despesas estão em conformidade aceitável com a Lei de Newcomb-Benford, para o primeiro dígito, demonstrando que é uma ferramenta matemática importante para identificação de desvios, podendo direcionar auditores para análises mais aprofundadas.

“É importante destacar que a presença de desvios em relação à Lei não é, obrigatoriamente, indicativo de fraudes, ainda que devam levantar algum nível de suspeita, bem como a conformidade não impede a ocorrência destas. Essa verificação não era objetivo do nosso estudo, além de demandar knowhow e análises bem mais detalhadas do que as que realizamos”, reforça Gisela.

Para o professor e orientador, Dr. Guilherme Augusto Pianezzer, a temática trazida pela estudante foi um diferencial tanto pela aplicabilidade quanto pela qualidade da pesquisa. “Primeiro é porque foi muito aplicado e um tema mais político. Algo que a gente não costuma ver dentro do curso de matemática […] tanto que a gente vai até publicar numa revista grande de contabilidade e, eu conhecendo, assim, os trabalhos que existem pelo Brasil, eu sei que o dela vai ser aceito porque é um trabalho de primeira linha”, comemora.

E isso só foi possível porque a partir deste ano, de 2024, foram implementadas ações que ajudam os professores a mapearem melhor os estudantes para direcioná-los a desenvolver o seu potencial. Um bom exemplo são os projetos de mentorias.

“A gente tem muito aluno que fez mestrado, doutorado, voltando a fazer graduação. Fazia um trabalho de primeira linha e a gente não tinha conhecimento. De repente, estava defendido lá e a gente não sabia. Então, agora esse ano mudou nesse sentido”, avalia o professor.

Ao falar sobre a experiência no curso superior, Gisela Ferrato destaca o suporte recebido pela Uninter no desenvolvimento do trabalho dela. “Na graduação como um todo, destaco os estudos de caso e portifólios que estimulam a nossa visão de aplicação prática da teoria, funcionalidade e importância da matemática no dia a dia. Há, também, a tutoria que dá suporte acadêmico durante todo o curso. E, agora, para o TCC, também acontecem as reuniões online com o orientador, uma interação valiosíssima para a boa condução do trabalho”, finaliza.

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Autor: Rafael Lemos - assistente de comunicação acadêmica
Edição: Larissa Drabeski


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