Automedicação: um hábito que precisa ser repensado

Autor: (*) Vinícius Bednarczuk de Oliveira

Em um país onde mais de 42 milhões de residências consomem medicamentos sem receita, a automedicação tornou-se uma prática comum e preocupante. Antigripais e multivitamínicos estão entre os principais remédios usados indiscriminadamente, muitas vezes sem a devida orientação médica. Agora, com sintomas que podem ser característicos de inúmeras doenças, ficou ainda mais fácil para as pessoas se automedicarem, agravando os riscos à saúde. 

A dificuldade de acesso a serviços de saúde e consultas médicas é um dos principais fatores que leva ao aumento da automedicação. No entanto, é preciso entender que sintomas como febre, dor de cabeça e mal-estar podem ser indicativos de condições variadas, desde uma simples gripe até doenças mais graves. A automedicação não só mascara esses sintomas, dificultando o diagnóstico correto, mas também pode levar a complicações sérias. 

Os riscos da automedicação são muitos e variados. O uso indiscriminado de antigripais, por exemplo, pode causar reações adversas como sonolência, aumento da pressão arterial e problemas gástricos. Já os multivitamínicos, quando ingeridos em excesso, podem levar à hipervitaminose, uma condição que pode levar a diversos distúrbios. Além disso, o uso frequente e sem orientação de antibióticos contribui para o desenvolvimento de bactérias resistentes, um problema crescente e preocupante na saúde pública. 

A automedicação também sobrecarrega o sistema de saúde. Pacientes que se automedicam muitas vezes acabam buscando atendimento médico somente quando os sintomas se agravam, tornando o tratamento mais complexo e oneroso. Profissionais de saúde enfrentam o desafio adicional de tratar efeitos colaterais e complicações decorrentes do uso inadequado de medicamentos. 

Diante desse cenário, é urgente promover a conscientização sobre os perigos da automedicação. Educação em saúde deve ser uma prioridade, destacando a importância de buscar orientação médica ao menor sinal de doença. Para aqueles que têm dificuldade em acessar médicos, o farmacêutico é um profissional de saúde de fácil acesso e pode fornecer orientação adequada sobre o uso correto de medicamentos. 

A automedicação, muitas vezes vista como uma solução rápida e prática, pode se transformar em um inimigo silencioso e perigoso. É hora de repensar esse hábito e adotar uma postura mais consciente e responsável em relação ao uso de medicamentos. Somente assim poderemos garantir uma saúde pública mais segura e eficiente para todos. 

(*) Vinícius Bednarczuk de Oliveira é farmacêutico, doutor em Ciências Farmacêuticas e coordenador do curso de Farmácia do Centro Universitário Internacional Uninter.

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Autor: (*) Vinícius Bednarczuk de Oliveira


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